SONHO DE AVENTURA - (I) CRUZANDO MARES CANAIS E OCEANOS
1- De Lameiras a Lisboa
1.1- Sonho de aventura
O sonho da ida para o Brasil, nos anos 50 ainda era grande, em Portugal.
Não faltando à rega, também um rapazito, de treze anos de idade, teve, um dia, esse sonho, donde poder ser chamado "o Sonhador Beirão.
Filho legítimo e o primeiro de um jornaleiro, analfabeto, mas homem honesto, honrado e cumpridor da sua palavra e de sua esposa, doméstica e, também, assalariada, sendo uma das poucas, senão a única mulher da sua aldeia beirã que que, nessa altura, fez a instrução primária (4ª classe).
Filho legítimo e o primeiro de um jornaleiro, analfabeto, mas homem honesto, honrado e cumpridor da sua palavra e de sua esposa, doméstica e, também, assalariada, sendo uma das poucas, senão a única mulher da sua aldeia beirã que que, nessa altura, fez a instrução primária (4ª classe).
Seu pai nasceu às doze horas da noite do dia 15 de Abril de 1917, na Quinta da Pega, anexa da freguesia de Santa Maria do Castelo, sendo filho legítimo de Germano Matias, jornaleiro e natural de Vendada, concelho de Pinhel e de Maria Ferreira, jornaleira e natural de São Pedro do Jarmelo, concelho e bispado da Guardada, sendo neto paterno de Paulino Matias e de Rosa dos Santos e neto materno de Thomaz Alves e de Maria Ferreira. Teve por padrinhos João Baptista e Isabel Pereira que, segundo o documento utilizado, não assinaram porque não sabiam assinar[1].
De seu pai e avós não não existe fotografia alguma da sua juventude, mas da sua mãe, pelo contrário, existe uma dos seus tempos de b ela e robusta moça. Nasceu ela às vinte e três horas e trinta minutos do dia quinze de Abril de 1917, na freguesia de Lameiras, concelho de Pinhel, filha legítima de José Coelho de cinquenta e um anos de idade, proprietário e natural de Lameiras e de Maria Palmira de quarenta anos de idade, doméstica e natural da mesma freguesia, sendo neta paterna de Joaquim Coelho e de Maria Brites e neta materna de José Diogo e de Polquéria (sic) Morgada. Testemunharam o registo do seu nascimento Valentim António, Manuel Oliveira Cardoso que declararam “não quererem ser padrinhos”.
Dela, possuo foi encontrada, por acaso uma fotografia, tirada por volta do ano 1935, com a qual estava, também, um seu irmão de nome José Coelho[2]. Essa fotografia marcava, precisamente, o ano em que este José partira para o Brasil.
Como essa fotografia estava danificada da parte em que se encontrava esse seu irmão, houve o cuidado de reproduzir tão somente a pparte em que figurava a mãe do nosso Senhoador Beirão que, assim se apresenta[3], servindo de abertura a este "Sonho de Avenhtura".
Uma vez casados[4], em
Lameiras, concelho de Pinhel, a 18 de Fevereiro de 1939, ambos viveram um para
o outro e para os seus onze filhos, dois dos quais Deus levou para Si, na idade
de três meses e oito dias respectivamente, se a memória não me engana.
Foi, também, sonho de seus pais que o nosso "Sonhador Beirão", como o filho mais velho, fosse para o Brasil a ver se ganhava fortuna, ou, já que mais não fosse, para que me libertasse da servidão da lavoura e pedreira que, nessa altura, eram as únicas fontes de rendimento para a maior parte das famílias do agreste torrão da Beira Alta. Nessa região, os filhos e filhas ajudavam os pais nos afazeres do campo ou da casa e começavam a “ganhar o dia” ou a “jeira”, a partir dos 11/12 anos de idade, são antes, como acontecia, por vezes.
Quisera Deus que esse "Sonhador" nascesse às vinte horas e trinta minutos do dia um de Abril de 1940, tendo sido testemunhas do seuu registo de nascimento António José Farinha Beirão, José Saraiva Beirão, ambos casados, proprietários e domiciliados em Lameiras os quais declararam não querer ser padrinhos[5].
Na verdade, era costume nessas aldeias serem convidados para padrinhos do baptizado pessoas diferentes àquelas que serviam de testemunha no momento do registo civil.
Ora, para que uma pessoa pudesse ir para o Brasil, era necessário ter uma “carta de chamada” de familiares ou conhecidos que lhe quisesse dar a mão ou necessitasse de auxiliares ou criados para o amanho das suas fazendas ou para os serviços nas lojas comerciais.
Aconteceu, porém que, por volta de 1951/1952, um “brasileiro” lá da aldeia voltou de férias e embora fosse filho de um dos casais mais abastados desse meio, tinha sentido a sedução do Brasil, onde juntou fortuna. Trata-se do Sr. José Farinha Beirão, irmão do Sr. Horácio Farinha Beirão, filhos legítimos do "Senhor Beirão" como era tratado pels habitantes de Lameiras. Pareceu esta vinda uma ocasião propícia e ab ençoada para que os pais do "sonhador" entrassem em contacto com ele, a fim de lhe pedirem que o levasse cosigo como seu empregado. O Senhor, José Beirão, não quis levá-lo de seguida, mas prometeu enviar-lhe uma carta de chamada e assegurar-lhe um emprego junto de si.
Foi, também, sonho de seus pais que o nosso "Sonhador Beirão", como o filho mais velho, fosse para o Brasil a ver se ganhava fortuna, ou, já que mais não fosse, para que me libertasse da servidão da lavoura e pedreira que, nessa altura, eram as únicas fontes de rendimento para a maior parte das famílias do agreste torrão da Beira Alta. Nessa região, os filhos e filhas ajudavam os pais nos afazeres do campo ou da casa e começavam a “ganhar o dia” ou a “jeira”, a partir dos 11/12 anos de idade, são antes, como acontecia, por vezes.
Quisera Deus que esse "Sonhador" nascesse às vinte horas e trinta minutos do dia um de Abril de 1940, tendo sido testemunhas do seuu registo de nascimento António José Farinha Beirão, José Saraiva Beirão, ambos casados, proprietários e domiciliados em Lameiras os quais declararam não querer ser padrinhos[5].
Na verdade, era costume nessas aldeias serem convidados para padrinhos do baptizado pessoas diferentes àquelas que serviam de testemunha no momento do registo civil.
Ora, para que uma pessoa pudesse ir para o Brasil, era necessário ter uma “carta de chamada” de familiares ou conhecidos que lhe quisesse dar a mão ou necessitasse de auxiliares ou criados para o amanho das suas fazendas ou para os serviços nas lojas comerciais.
Aconteceu, porém que, por volta de 1951/1952, um “brasileiro” lá da aldeia voltou de férias e embora fosse filho de um dos casais mais abastados desse meio, tinha sentido a sedução do Brasil, onde juntou fortuna. Trata-se do Sr. José Farinha Beirão, irmão do Sr. Horácio Farinha Beirão, filhos legítimos do "Senhor Beirão" como era tratado pels habitantes de Lameiras. Pareceu esta vinda uma ocasião propícia e ab ençoada para que os pais do "sonhador" entrassem em contacto com ele, a fim de lhe pedirem que o levasse cosigo como seu empregado. O Senhor, José Beirão, não quis levá-lo de seguida, mas prometeu enviar-lhe uma carta de chamada e assegurar-lhe um emprego junto de si.
- "Até poder fazer mais", dizia ele aos seus pais, "será meu empregado numa padaria, como moço de recados”.
Com tais perspectivas, lá continuouou o moço a trabalhar tanto na terra (cava, sementeiras,
rega e colheitas), como na pedreira, quer como distribuidor de
ferramentas, quer como “ajudante de cozinheiro” e de recolhedor de lenha e água para a
confecção das refeições dos pedreiros e de seus auxiliares. Era, debaixo desse trabalho altamente martirizante, quer pela chuva
intensa, geada ou neve brancas do rigoroso Inverno, quer pelo sol cintilante e abrasador
do escaldante Verão que o nosso "Sonhador", com a idade apenas de 12 anos, se lembrava
continuamente daquela promessa, balbuciando de mansinho frases como esta: - “Até quando, este martírio? Quando chegará a abençoada carta?”
Mas a carta tardava em chegar.- Talvez, dizia ele para os seus botões, o Sr. José se tenha esquecido, ou
ande muito atarefado… Ou, quem sabe? Nunca mais se lembrou do assunto, ou não
esteve para se maçar comigo”.Fosse o que fosse, o certo é que, acabou por desistir desse sonho e virou
os seus olhares para outros destinos.
1.2- De Lameiras a Lisboa.
O caso deu-se da seguinte forma: um missionário, vindo do Extremo
Oriente, regressou de férias à Metrópole, trazendo a incumbência de escolher um
bom grupo de miúdos que quisessem ir estudar para o Seminário de São José,
prometendo-lhes mundos e fundos, ou, já que mais não fosse, o encontro de uma
cultura misteriosa e costumes diferentes.
Perante tais promessas sentiu-se, evidentemente, cativado! E essa sua reacção, na verdade, não seria de admirar nem de difícil compreensão! Era mais uma faceta do seu sonho: abalar para longe… embrenhar-se na aventura do desconhecido! Partir … ir, … em busca de melhor sorte, estivesse ela onde estivesse! Estava ela entre os chineses? Aí iria ele, mesmo que muito lhe custasse largar pais e irmãos que o adoravam e que ele tanto considerava. Efectivamente, num belo dia – dez de Junho de 1953 – lá deixou Lameiras (concelho de Pinhel, distrito da Guarda) em direcção a Freixedas para apanhar a camioneta que o levaria à Guarda. Daqui seguiria, de comboio, para Lisboa, indo descer na Estação de Santa Apolónia. Seria nesta cidade que embarcaria, dias mais tarde, para Macau, então província ultramarina de Portugal, que se encontrava na costa sul da China.
Perante tais promessas sentiu-se, evidentemente, cativado! E essa sua reacção, na verdade, não seria de admirar nem de difícil compreensão! Era mais uma faceta do seu sonho: abalar para longe… embrenhar-se na aventura do desconhecido! Partir … ir, … em busca de melhor sorte, estivesse ela onde estivesse! Estava ela entre os chineses? Aí iria ele, mesmo que muito lhe custasse largar pais e irmãos que o adoravam e que ele tanto considerava. Efectivamente, num belo dia – dez de Junho de 1953 – lá deixou Lameiras (concelho de Pinhel, distrito da Guarda) em direcção a Freixedas para apanhar a camioneta que o levaria à Guarda. Daqui seguiria, de comboio, para Lisboa, indo descer na Estação de Santa Apolónia. Seria nesta cidade que embarcaria, dias mais tarde, para Macau, então província ultramarina de Portugal, que se encontrava na costa sul da China.
Típica cena aldeã da
Beira Alta, nos anos 50-53
No sentidos dos ponteiros do relógio: Maria José
Matias, Lídia Matias com o seu irmão Messias ao colo; primo Manuel Mendo Coelho,
tendo ao colo a sua irmã Benvinda, Tia Hermínia Mendo, a fiar com a roca e o
fuso; Cândida Saraiva Coelho; Maria Josefina (Rata),
Maria Mendo Coelho; Sr. Albino, pedreiro; Joaquim Coelho e, finalmente,
o Mestre pedreiro, Sr. António Pereira.
Acompanhado por seus pais, tomou o caminho da “Quinta do Rato”, em direcção a Freixedas, emboras tal caminho fosse pedregoso e cheio de silva. Mas,
caso curioso! A determinada altura, ouviram o choro de uma cachopa que
parecia vir ao encontro dos três!
- "É a Lídia", disse a mãe!
- "Mas como poderá ser, se nós a deixámos em casa" contestou o pai! De facto, daí a pouco, verificaram que era mesmo ela! A explicação era simples: trazia nas mãos o espelho redondo do "Sonhador" (um espelho de bolso que lhe tinha sido oferecido pela sua madrinha Teresa "Tralhas". Ao verificar que o tinha deixado em casa, essa irma meteu-se por um atalho e adiantou-se mais do que os pais e o irmão. Só que, não os tendo apanhando, voltou atrás, pelo caminho, dando-se, então, o reencontro!
Ao chegarem às Freixedas, juntou-se-lhe um outro rapaz, chamado Leopoldo Pinheiro, de Malta (Pinhel) que também tinha dado o nome para Macau. Já ali estava, com seus pais, à espera. Havia mais um outro rapaz, chamado Vasco, natural de Freixedas que deveria ir igualmente, mas que, arrependendo-se a tempo, por lá ficou. Ainda alguém dos presentes foi a casa dele, mas disseram-lhe que não queria partir e até já tinha saído para a lavoura! - “ Bom …, cada um é que sabe”, disse, a mãe do "sonhador".
Acompanhados pelos pais deste último tomram, pois, o autocarro e dirigiram-se à Guarda. Uma vez ali chegados, levaram-nos os dois ao comboio e, entre lágrimas, de parte a parte, lá experimentaram, pela primeira vez, o que era e como andava essa misteriosa máquina de que tanto se falava nos livros da Instrução Primária. Tinham ambos ainda bem presente aquela lição que mencionava a frase “pouca terra…pouca terra…”.
1.3- Em Lisboa
Ao chegarem à Estação de Santa Apolónia, estavam à su espera, o Sr. Padre Artur de Sá Machado, procurador da Diocese de Macau e a sua irmã Dª Júlia de Sá Machado, em cuja residência, sita na rua Augusto Gil nº 7, 3º esquerdo, permaneceram até ao dia do embarque para Macau. Antes do embarque deveríam tomar as vacinas, pois viviam-se tempos em que as vacinas contra a cólera e a febre-amarela, pelo menos, se tornavam, não só úteis como obrigatórias antes de se embarcar para África e Ásia. Para isso necessitavam de algum tempo de intermédio e de adaptação. O Apartamento, onde morava a Dª Júlia ficava no edifício que tinha o número 7 (3º Esquerdo), sito na Rua Augusto Gil, a segunda paralela à Avenida de Roma.
- "É a Lídia", disse a mãe!
- "Mas como poderá ser, se nós a deixámos em casa" contestou o pai! De facto, daí a pouco, verificaram que era mesmo ela! A explicação era simples: trazia nas mãos o espelho redondo do "Sonhador" (um espelho de bolso que lhe tinha sido oferecido pela sua madrinha Teresa "Tralhas". Ao verificar que o tinha deixado em casa, essa irma meteu-se por um atalho e adiantou-se mais do que os pais e o irmão. Só que, não os tendo apanhando, voltou atrás, pelo caminho, dando-se, então, o reencontro!
Ao chegarem às Freixedas, juntou-se-lhe um outro rapaz, chamado Leopoldo Pinheiro, de Malta (Pinhel) que também tinha dado o nome para Macau. Já ali estava, com seus pais, à espera. Havia mais um outro rapaz, chamado Vasco, natural de Freixedas que deveria ir igualmente, mas que, arrependendo-se a tempo, por lá ficou. Ainda alguém dos presentes foi a casa dele, mas disseram-lhe que não queria partir e até já tinha saído para a lavoura! - “ Bom …, cada um é que sabe”, disse, a mãe do "sonhador".
Acompanhados pelos pais deste último tomram, pois, o autocarro e dirigiram-se à Guarda. Uma vez ali chegados, levaram-nos os dois ao comboio e, entre lágrimas, de parte a parte, lá experimentaram, pela primeira vez, o que era e como andava essa misteriosa máquina de que tanto se falava nos livros da Instrução Primária. Tinham ambos ainda bem presente aquela lição que mencionava a frase “pouca terra…pouca terra…”.
1.3- Em Lisboa
Ao chegarem à Estação de Santa Apolónia, estavam à su espera, o Sr. Padre Artur de Sá Machado, procurador da Diocese de Macau e a sua irmã Dª Júlia de Sá Machado, em cuja residência, sita na rua Augusto Gil nº 7, 3º esquerdo, permaneceram até ao dia do embarque para Macau. Antes do embarque deveríam tomar as vacinas, pois viviam-se tempos em que as vacinas contra a cólera e a febre-amarela, pelo menos, se tornavam, não só úteis como obrigatórias antes de se embarcar para África e Ásia. Para isso necessitavam de algum tempo de intermédio e de adaptação. O Apartamento, onde morava a Dª Júlia ficava no edifício que tinha o número 7 (3º Esquerdo), sito na Rua Augusto Gil, a segunda paralela à Avenida de Roma.
Rua Augusto Gil
O edifício com o número 7 é o cor-de-rosa, do lado esquerdo, que sobressai
melhor na fotografia que sucede.
Prédio nº 7 e
apartamento 3º Esquerdo
Nessa altura, o nosso "Sonhador" não conhecia nem o nome, nem a origem da personagem que imortalizou essa rua. Mal ele imaginava que esse nome pertencia ao grande poeta beirão, Augusto César Ferreira Gil, que nasceu, a 31 de Julho de 1873, em Lordelo do Ouro, distrito da Guarda! Era, pois, quase seu conterrâneo! Depois de se formar em advocacia em Coimbra e exercer, inicialmente, a sua profissão em Lisboa, chegando a desempenhar o cargo de director-geral da das Belas-Artes, voltou às suas origens, onde veio a falecer a 26 de Fevereiro de 1929. Quanto à sua poesia, denotam-se nela influências, não só de Parnasianismo e do Simbolismo, mas também de Guerra Junqueiro, João de Deus e António Nobre, pelo que pode ser colocado no patamar dos neo-romancistas nacionalistas. Ficou, no entanto, muito conhecido sobretudo, pelo célebre poema que dá pelo nome de Balada de Neve em cuja memória, aqui o deixamos, ilustrado pela sua imagem de poeta e pensador:
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Augusto Gil[6]
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…
E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?! …
Porque padecem assim?! …
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?! …
Porque padecem assim?! …
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.
Embarcaram para Macau, no dia 24 de Julho de 1953 (uma sexta-feira), no Paquete “Índia”, da Companhia Nacional de Navegação, cuja "Careira do Oriente" tinha sido inaugurada apenas um ano antes (isto é, em 1952, com a visita do Ministro do Ultramar, Almirante Sarmento Rodrigues)[7]. A sua rota tinha por objectivo alcançar Macau (a cidade do Santo Nome de Deus) e Timor, e, de facto, com eles embarcaram muitos soldados, na maioria moçambicanos, com destino a essas duas províncias ultramarinas portuguesas.
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.
Poucos dias depois juntaram-se a esses dois beirões outros dois originários da Beira Baixa (de São
Vicente) e seis de Trás-os-Montes (de Freixo de Espada à Cinta, Mazouco,
Pereiro, Peredo e Miranda do Douro.
Nas ruas de Lisboa, na Feira Popular, no Monsanto e no antigo pinhal junto ao aeroporto, pareciam dez perdigotos fora do ninho! No Campo Pequeno, chamavam-lhes “campónios” ou “provincianos”. Mas, em todo o caso, não chegavam a fazer malandrices semelhantes às de alguns garotos nativos dessa zona! Alguns destes, eram piores do que os ciganos que passavam pelas terras da Província, para o quais tudo parecia pertencer-lhes! Arrebanhavam ou destruíam tudo o que lhes aparecia pela frente!
O tempo que permaneceram em Lisboa foi uma maravilha! Foram bem tratados…passeavam muito pela cidade, principalmente na zona que rodeava o aeroporto da Portela! Entretanto, foram várias vezes, à Rua da Junqueira, ou algo parecido com o Instituto de Medicina Tropical, onde, não só os examinaram relativamente à sua condição física e psicológica, como também os aconselharam sobre os efeitos das vacinas e sobre os cuidados a ter mesmo depois de vacinados. Intercaladamente, foram-lhes aplicando as vacinas contra a cólera, a febre-amarela e não sei que outras mais. Causaram-lhes alguns pequenos incómodos, mas, nem por isso, os impediram de continuarem a divertir-se nos dias que iam decorrendo.
Foram, também, várias vezes à Feira Popular, ao Mercado do Chile, normalmente acompanhados pela Dona Júlia de Sá Machado ou pelo seu marido, Sr. João. Curiosamente, na Praça do Chile, viram, pela primeira vez, bancadas de peixe, de carne e de moluscos e crustáceos, como caranguejos, santolas e lagostas, bichinhos que esse rapazes das aldeias serranas nunca tinham visto na sua vida. Mas de tudo o que viram, nada os espantou tanto como o polvo, pelo menos foi o que os noso "Sonhador" nos confidenciou! Os eus tentáculos nodosos e compridos causaram-lhe, disse, uma impressão nunca sentida, antes!
Nas ruas de Lisboa, na Feira Popular, no Monsanto e no antigo pinhal junto ao aeroporto, pareciam dez perdigotos fora do ninho! No Campo Pequeno, chamavam-lhes “campónios” ou “provincianos”. Mas, em todo o caso, não chegavam a fazer malandrices semelhantes às de alguns garotos nativos dessa zona! Alguns destes, eram piores do que os ciganos que passavam pelas terras da Província, para o quais tudo parecia pertencer-lhes! Arrebanhavam ou destruíam tudo o que lhes aparecia pela frente!
O tempo que permaneceram em Lisboa foi uma maravilha! Foram bem tratados…passeavam muito pela cidade, principalmente na zona que rodeava o aeroporto da Portela! Entretanto, foram várias vezes, à Rua da Junqueira, ou algo parecido com o Instituto de Medicina Tropical, onde, não só os examinaram relativamente à sua condição física e psicológica, como também os aconselharam sobre os efeitos das vacinas e sobre os cuidados a ter mesmo depois de vacinados. Intercaladamente, foram-lhes aplicando as vacinas contra a cólera, a febre-amarela e não sei que outras mais. Causaram-lhes alguns pequenos incómodos, mas, nem por isso, os impediram de continuarem a divertir-se nos dias que iam decorrendo.
Foram, também, várias vezes à Feira Popular, ao Mercado do Chile, normalmente acompanhados pela Dona Júlia de Sá Machado ou pelo seu marido, Sr. João. Curiosamente, na Praça do Chile, viram, pela primeira vez, bancadas de peixe, de carne e de moluscos e crustáceos, como caranguejos, santolas e lagostas, bichinhos que esse rapazes das aldeias serranas nunca tinham visto na sua vida. Mas de tudo o que viram, nada os espantou tanto como o polvo, pelo menos foi o que os noso "Sonhador" nos confidenciou! Os eus tentáculos nodosos e compridos causaram-lhe, disse, uma impressão nunca sentida, antes!
Embarcaram para Macau, no dia 24 de Julho de 1953 (uma sexta-feira), no Paquete “Índia”, da Companhia Nacional de Navegação, cuja "Careira do Oriente" tinha sido inaugurada apenas um ano antes (isto é, em 1952, com a visita do Ministro do Ultramar, Almirante Sarmento Rodrigues)[7]. A sua rota tinha por objectivo alcançar Macau (a cidade do Santo Nome de Deus) e Timor, e, de facto, com eles embarcaram muitos soldados, na maioria moçambicanos, com destino a essas duas províncias ultramarinas portuguesas.
Paquete Índia[8]
De Lisboa sulcaram parte do Oceano Atlântico até ao Estreito de Gibraltar, para passarem às tranquilas águas do Mediterrâneo, seguindo até Porto Saide, onde começa o Canal dito de Suez que mede 163 quilómetros e permite encurtar a viagem a embarcações que queiram navegar da Europa à Ásia, sem terem necessidade de contornar a África pelo Cabo da Boa Esperança.
2.1- De Lisboa ao Canal de Suez[9]
O Canal de Suez situa-se entre o Egipto e a península do Sinai e vai do Mar Mediterrâneo até ao Mar Vermelho, dito em hebraico Yam Suf ou Hayam Haadóm, Tenha-se presente que nos 450.000 km2 deste mar existe uma inúmera variedade de peixes e 200 espécies de corais, pelo menos.Tem sido um mistério, pelo menos até hoje, o nome deste mar. - “Vermelho, porquê”? Eis a pergunta que muitas fazem e à qual nunca foi dada uma resposta satisfatória. Ana Leonor, psicóloga, mergulhadora e fotógrafa, tendo inclusive mergulhado nesse mar (http://www.oeco.com.br/ana-leonor-oliveira/19946-no-azul-do-mar-vermelho) dá conta de algumas propostas para o nome que se atribui a esse mar. Se para uns essa cor é devida ao rubro do pôr-do-sol, às algas vermelhas (Trichodesmium erythraeuundrais) que nele abundam; para outros, ao contrário, será devido aos seus corais vermelhos ou às areias que são arrastadas pelas tempestades vindas do deserto, ou ainda à cor dos mercadores do sul de Israel que os hebreus apelidavam de Endomitas (de Edom) e que na língua hebraica significa vermelho.
Mapa da Europa
Foi construído pela companhia Suez de Ferdinand de Lesseps,
entre 1859 e 1869, ficando a ser propriedade dos Ingleses e Franceses até 26 de
Julho de 1956, data em que Nasser nacionalizou, tanto a dita companhia, como
esse mesmo canal. Contra esta decisão de Nasser levantaram-se a França, a Inglaterra e
Israel e organizaram, em 29 de Outubro de 1956, uma operação militar, chamada
“Operação Relâmpago” que ficou sendo conhecida como a “Crise do Canal de Suez”.
No entanto, essas diligências tiveram consequências nulas porque as Nações
Unidas legitimaram as pretensões egípcias em desfavor da liga
franco-israelo-britânica.
A ideia da abertura de um canal que fosse desde a localidade de Suez até ao Mar Vermelho já existira muito antes do século XIX. Existiram, de facto, tentativas de abrir um canal de Oeste em direcção ao Leste através do Wadi Tumilat, com o objectivo de unir o rio Nilo ao Mar Vermelho de modo a facilitar o comércio com o Reino de Punt[10]. Mais tarde, “de acordo com História do historiador grego Heródoto, o canal foi re-escavado por volta do ano 600 a.C. por Neko II, embora este não tenha completado o seu projecto. Veio a ser completado, 500 anos depois, pelo rei Dário I, o conquistador da Pérsia e do Egipto”[11].
Uma vez chegados a Porto-Saide introduziu-se o Paquete Índia no Canal, depois de manobras curiosas, causadas pelo desnível das águas contidas por comportas, coisa que para muitos dos passageiros se tornou numa espécie de mistério. A determinada altura, foi avistada, a boiar nas águas desse canal, um asno, facto que causou admiração e estranheza, ao mesmo tempo. Mas lá ficou para trás!
A ideia da abertura de um canal que fosse desde a localidade de Suez até ao Mar Vermelho já existira muito antes do século XIX. Existiram, de facto, tentativas de abrir um canal de Oeste em direcção ao Leste através do Wadi Tumilat, com o objectivo de unir o rio Nilo ao Mar Vermelho de modo a facilitar o comércio com o Reino de Punt[10]. Mais tarde, “de acordo com História do historiador grego Heródoto, o canal foi re-escavado por volta do ano 600 a.C. por Neko II, embora este não tenha completado o seu projecto. Veio a ser completado, 500 anos depois, pelo rei Dário I, o conquistador da Pérsia e do Egipto”[11].
Uma vez chegados a Porto-Saide introduziu-se o Paquete Índia no Canal, depois de manobras curiosas, causadas pelo desnível das águas contidas por comportas, coisa que para muitos dos passageiros se tornou numa espécie de mistério. A determinada altura, foi avistada, a boiar nas águas desse canal, um asno, facto que causou admiração e estranheza, ao mesmo tempo. Mas lá ficou para trás!
Do Porto Saide ao Golfo
do Suez[12]
2.2- Navegando através do Mar arábico e Oceano Índico[13]
Desceram, pois de Lisboa em direcção ao Sul, entrando no Estreito de
Gibraltar, e, de seguida, no Mar Mediterrâneo (ou “Mare Nostrum”), deixando
Ceuta à sua direita. Um pouco depois ladeavam Málaga, à esquerda e,
mais à frente Algiers, Malta, Villeta, Creta e Alexandria, aportando, de
seguida, no porto de Suez, onde permaneceram algum tempo, dando tempo para que alguns
passageiros pudessem descer e ir até ao Sinai.
Do Golfo do Suez a
Colombo (Sri Lanka), à Malásia, Hong Kong [14]
No extremo do Mar Vermelho ficou Áden, dando entrada no Golfo do mesmo
nome, irmanando-se com o Mar Arábico. Atravessado este, deram entrada no
Oceano Índico, indo aportar a Goa. Áden era constituída por duas pequenas
cidades: a antiga cidade portuária de Crater, mas hoje chamada Pequena Cidade e
Madinatg ash-Sha’b, o centro governamental, e Khormaksar e Sheikh Othman, que fica nos subúrbios.
Áden e o Golfo de Áden
Ao sulcarem as águas profundas e
negras do Oceano Índico, foram surpreendidos por uma forte tempestade que
durou cerca de três dias, deixando quase todos os passageiros com marcas, pelo
menos psicológicas. As ondas eram de tal sorte gigantescas e ameaçadoras que o navio parecia
uma casca de noz, subindo e descendo convulsivamente, espantando e atemorizando
toda a gente! Parece mesmo que o barco virou de rota, ou seja, de frente para trás! Medo, enjoo e dificuldade em se
alimentarem, tal era o reboliço no refeitório, foram as principais
consequências. A água entrou nos camarotes, inundou malas e
armários, prejudicando roupas e tapetes, sendo necessário lavá-las e
deixá-las secar, após a passagem da borrasca. Serviu-lhes de consolo os oito dias que estivera em Goa depois de aí terem chegado. Aqui tiveram a sorte de serem levados a visitar alguns lugares,
por uma família goesa que tinha certos relacionamentos com Macau. Visitram o
castelo e foram à praia, onde utilizaram carapaças de tartarugas como bóias. Foram, também, ao quartel, onde se encontraram com um militar de Freixedas, chamado Capelo.
Amável e prestável, como não poderia deixar de ser, mostrou-lhes as dependências do aquartelamento e foi, aí que ele lhes explicou a utilidade das cisternas. Afinal, serviam para o armazenamento da água das chuvas que, depois, de filtrada, era consumida pelos militares. Na viagem até Goa, foram protagonistas de quatro episódios, dignos de serem narrados.
2.2.1- A Trottinette[15]
No Paquete Índia, o nosso "Sonhador" conheceu um casal, ele do Fundão e ela de Macau. Tinham dois filhos, um rapaz, dois anos mais novo do que o "Sonhador" e uma menina ainda mais novita. Dos nomes dos filhos e do casal é que o narrador já não consegue lembrar-se, embora tenha consultado longamente os arquivos da sua memória! Já lá vão muitos anos, nada mais nada menos do que 60, uma vez que estou a escrever a 27 de Março de 2013! Nesse tgempo nem os miúdos, nem o narrador tinham gravadores e muito menos máquinas fotográficas!
Ora, aconteceu um dia que o filho desse casal emprestou a sua trottinette ao "Sonhador Beirão". Esse engenho era feito em madeira, constituindo uma “maquineta” que ele nunca tinha visto na sua aldeia e sobre a qual nunca tinha andado. Ao princípio, tudo muito bem, mas daí a poucos minutos, parte a maquineta, indo de encontro a um "salva vidas", contra o qual fez um grande galo na testa! Perante o sucedido, um ficou triste por ficar sem a trottinette e o outro magoado, amedrontado e confuso com o que deveria dizer aos pais do que ficou sem a trotinette. Ambos foram ter com o pai. Mas eis que ele, imperturbável e um pouco sorridente só teve estas palavras: - "Calma, rapazes, ainda não acabou o mundo"!
Amável e prestável, como não poderia deixar de ser, mostrou-lhes as dependências do aquartelamento e foi, aí que ele lhes explicou a utilidade das cisternas. Afinal, serviam para o armazenamento da água das chuvas que, depois, de filtrada, era consumida pelos militares. Na viagem até Goa, foram protagonistas de quatro episódios, dignos de serem narrados.
2.2.1- A Trottinette[15]
No Paquete Índia, o nosso "Sonhador" conheceu um casal, ele do Fundão e ela de Macau. Tinham dois filhos, um rapaz, dois anos mais novo do que o "Sonhador" e uma menina ainda mais novita. Dos nomes dos filhos e do casal é que o narrador já não consegue lembrar-se, embora tenha consultado longamente os arquivos da sua memória! Já lá vão muitos anos, nada mais nada menos do que 60, uma vez que estou a escrever a 27 de Março de 2013! Nesse tgempo nem os miúdos, nem o narrador tinham gravadores e muito menos máquinas fotográficas!
Ora, aconteceu um dia que o filho desse casal emprestou a sua trottinette ao "Sonhador Beirão". Esse engenho era feito em madeira, constituindo uma “maquineta” que ele nunca tinha visto na sua aldeia e sobre a qual nunca tinha andado. Ao princípio, tudo muito bem, mas daí a poucos minutos, parte a maquineta, indo de encontro a um "salva vidas", contra o qual fez um grande galo na testa! Perante o sucedido, um ficou triste por ficar sem a trottinette e o outro magoado, amedrontado e confuso com o que deveria dizer aos pais do que ficou sem a trotinette. Ambos foram ter com o pai. Mas eis que ele, imperturbável e um pouco sorridente só teve estas palavras: - "Calma, rapazes, ainda não acabou o mundo"!
Trottinettes de madeira
O Senhor era
funcionário público em Macau e estava casado com uma bela senhora macaense,
muito elegante, para não dizer magra, o que seria normal dizer nesse tempo! Estavam, pois de regresso a Macau, depois
de terem gozado a sua Licença Grciosa, na Metrópole, durante seis meses, a que
todo o funcionário publico tinha direito depois de cinco anos de serviço. Ali
nos encontrámos e, daí em diante, trataram-me como
filho.
2.2.2- A T-Shirt
Tinha o "Sonhador" uma T-Shirt cor-de-rosa esbatida, que lhe tinha sido oferecida pela Da. Maria Beirão, juntamente com um pijama, quando lhe foi apresentar as suas despedidas, um dia antes de deixar a Terra-Natal. Enquanto corria a brincar com os seus colegas, no convés do Navio, desfiou-se-lhe um fio, ficando a T-Shirt defeituosa, para não dizer "rota". Bem ele quis encontrar fio igual para a coser, mas não houve maneira de o encontrar. Encontreou, sim, a ponta de um cabo dos mastros, do qual puxou um fio que era bem tesinho, mas nada que se parecesse com os fios da sua T-Shirt. Ainda assim, pensando que poderia servir, levou-o consigo para o camarote. Faltava-lh, no entanto, uma agulha. E a quem é que ele foi pedi-la? À senhora macaense.
- “Para que queres, tu a agulha, miúdo?”, perguntou-me ela. Encavacado balbuciou
- “Para cozer uma camisola”.
- “E com que linha?” Continuou ela.
Quando ele lhe mostrou o fio tirada da acorda, ela não se conteve sem que desse uma gargalhada, acrescentando:
- Vai buscar essa bendita camisola que eu farei o resto”.
E, pronto, a amizade que já tinha com essa família mais cresceu e mais se consolidou.
2.2.3- Explicações de matemática
Desde o Canal de Suez até Goa tiveram explicações de matemática, de geografia e de história, dadas gratuitamente por um moço, chamado Serrão que, segundo lhes constou, era filho do Capitão dos Portos de Goa. Acompanhava ele sua Mãe e uma irmã mais velha. Eis como as coisas se deram: Um dia, sem o conhecerm de lado nenhum, aproximou-se de alguns do grupo que ia para o seminário de Macau entre os quais estava o Sonhador e disse-lhes:
- “Com que então, vocês vão estudar paro o Seminário de Macau. Essa cidade fica muito distante e, talvez não saibam onde fica. Poderei dar-vos umas explicações de geografia, história e matemática … que dizem?” Qualquer um pertencente ao grupo tínha mais do que tempo livrre. Aceitaram a proposta, mas nunca lhes passara pela cabeça a maçada que tal lhes havia de acarretar.Daí em diante, levava-os, todos os dias, para o camarote e obrigava-os a ouvi-lo. Mas, quando a distracção os assaltava pespegava-lhes com um sonoro carolo no toutiço ou um puxão de orelhas bem retorcidinho! Às vezes, até os fazia ver as estrelas!
2.2.4- A Caixa de bolachas
Durante a tempestade que sofreram no Oceano Índico, também eles, os pequenos, sofreram os seus efeitos. Não lhes apetecia comer, tal era a má disposição em que todos se encontravam. Ir ao refeitório era uma tortura. Primeiramente, porque não se aguentavam bem de pé. Andavam como embriagados. Em segundo, porque não conseguiam engolir a comida devido ao asco que sentiam dela.
Então, a mãe des Sr. Serrão, a bendita senhora que sorria sempre que os encontrava nas
brincadeiras, disse ao seu filho para dizer ao "Sonhador" que fosse ter com ela ao seu
camarote.
- "Ao seu camarote", perguntei ele, muito admirado e desconfiado?
- "Sim", retorquiu ele, adiantando: "e vai, já".
Obedecendo como se fosse à Dª Marquinhas, a sua Professora da Primária ou à sua Mãe lá se encaminhou ele para o seu camarote. Quando chegou, bateu à porta docemente e, a medo, ouvindo, lá de dentro uma voz de camoando, quase militar:
- “Entre, por favor!”
Ao entrar, fiou arrasado com o que presenciou. A Senhora, de aspecto calmo e belo, não se parecia nada com aquelas senhoras que amam manifestar grandezas. Na sua simplicidade disse-lhe muito simplesmente: - - "Querido, deves ter sentido, como eu, os efeitos deste mar medonho! E, certamente, pouco ou nada tens comido. Toma lá esta fatia de bolo; come-a e leva contigo esta caixa de bolachas para ires comendo, aos poucos"!
Escusado será dizer o quanto o maravilhou esta simpática senhora, bem como a sua atitude, apesar de nada saber desse miúdo, além do quanto ele gostava de correr e brincar!
Daqui desceram para Sul, indo aportar a Ceilão. Deixando este porto, rumaram para o mar que fica entre Kuala Lumpur (na Malásia e Medan) e Pekambam (na Indonésia) e foram aportar naturalmente a Singapura.
- "Ao seu camarote", perguntei ele, muito admirado e desconfiado?
- "Sim", retorquiu ele, adiantando: "e vai, já".
Obedecendo como se fosse à Dª Marquinhas, a sua Professora da Primária ou à sua Mãe lá se encaminhou ele para o seu camarote. Quando chegou, bateu à porta docemente e, a medo, ouvindo, lá de dentro uma voz de camoando, quase militar:
- “Entre, por favor!”
Ao entrar, fiou arrasado com o que presenciou. A Senhora, de aspecto calmo e belo, não se parecia nada com aquelas senhoras que amam manifestar grandezas. Na sua simplicidade disse-lhe muito simplesmente: - - "Querido, deves ter sentido, como eu, os efeitos deste mar medonho! E, certamente, pouco ou nada tens comido. Toma lá esta fatia de bolo; come-a e leva contigo esta caixa de bolachas para ires comendo, aos poucos"!
Escusado será dizer o quanto o maravilhou esta simpática senhora, bem como a sua atitude, apesar de nada saber desse miúdo, além do quanto ele gostava de correr e brincar!
Daqui desceram para Sul, indo aportar a Ceilão. Deixando este porto, rumaram para o mar que fica entre Kuala Lumpur (na Malásia e Medan) e Pekambam (na Indonésia) e foram aportar naturalmente a Singapura.
Colombo capital do
Ceilão (hoje Sri Lanka)[16]
De Ceilão continuaram em direcção à Malásia e, depois de atravessarem o
Grande Estreito de Singapura, deixando ao lado direito a Indonésia, seguiram
para Singapura propriamente dita em cujo porto foram recebidos pelo Sr. Padre
Manuel Teixeira, o Missionário principal dessas paragens.
Singapura[17]
Daqui remontaram em direcção ao Norte, e sulcando, já, o Mar do Sul da China, ladearam Ho Chi Minh (Vietname), a Ilha Hainan Dao e Macau, indo, finalmente, fundear no Porto de Hong-Kong que se situava em Tuen Mun, nos Novos Territórios.
Qual a razão de ultrapassarmos Macau e ir fundear no Porto de Hong-Kong, se os passageiros do paquete Índia se destinavam, na sua maioria, à Província Portuguesa de Macau? Muito simplesmente, porque este último porto não possuía a profundidade requerida para barcos da sua tonelagem.
Mapa do território de
Hong-Kong[18]
Característica movimentação no porto de Hong-Kong[19]
As primeiras impressões foram de pasmo, ao olhar para aquele tráfego
marítimo, constituído por barcos de formas que nunca tínham visto! Em vez de
remos usavam um varapau que servia tanto para dirigir como para fazer progredir
e aportar os barcos; estes tinham formas nunca por eles vistas com tejadilho
feito de tecidos ou madeiras! As lanchas que transferiam os passageiros dos
Transatlânticos para terra eram de qualidade de nada comparada com a dos
modernos hydrofoils!
Característica movimentação no porto de Hong-Kong[19]
Aqui, subiram para uma lancha chinesa que os levou ao cais Hong-Kong/Macau,
estando à sua espera o reitor do Seminário, Padre Juvenal Alberto Garcia, acompanhado pelos padres José Barcelos Mendes e Arquimínio Rodrigues da
Costa, hoje Bispo emérito da Diocese de Macau e a residir na sua terra natal (freguesia de São Mateus, no concelho de Madalena, na Ilha do Pico, Açores).
3- Em Macau – Fixação e ambientação
De Hong-Kong seguiram, então, para Macau num barco da companhia Fat-Shan, onde chegaram quatro horas depois desse mesmo dia, oito de Agosto do ano 1953.
Depois de chegarem e se fixarem em Macau, começou a sua ambientação.
Tudo lhes parecia estranho! Além de três seminaristas metropolitanos, António
Andrade (ao centro)[22],
Arrepia (à direita) e Ilídio Marta (à esquerda) só havia rapaziada chinesa, de
cabelo negro, mas rapado, de olhos quase fechados, porém azeitonados e de nariz
bem achatado! Já não se fala da cor da pele que se parecia à de quem
sofre de icterícia!
Os
três Seminaristas metropolitanos aquando da minha chegada a Macau
No dia seguinte à sua chegada, foi-lhes tirada, uma fotografia, estando ainda vestidos com as roupa usuais nortenhas e ainda de cabelinho à camponesa.
O
grupo dos 10, em Macau (China), em Agosto de 1953
Sim, porque,
dias depois, mandaram-lhes rapar o cabelo à escovinha, enfiar o corpo numa
batina preta e cobrir a cabeça com um barrete, chamado tricórnio, ficando todos
com a aparência de “padrezinhos” de meia tigela!
Desde então, por lá ficou o nosso "Sonhador" até fins de Abril de 1966, ano em que
regressou pela primeira vez, a Portugal para, após umas férias de alguns
meses, se dirigir a Roma, onde permaneceu cinco anos para começar e concluir as
licenciaturas de teologia, entre 1966-1968 e de Sagrada Escritura, entre 1968-1970.
4- - Geografia de Macau
Planta geral do território de Macau em 1870-1901[23]
4- - Geografia de Macau
Planta geral do território de Macau em 1870-1901[23]
Da Colónia macaense dessa altura, desenhada a 29/9/1901 por Azeredo
Coutinho, faziam parte as ilhas da Taipa, Ilha de D. João, Ilha de Ko-Ho ou
Coloane e a Ilha de Tai-Wong-Cam ou da Montanha. Segundo esta carta geográfica, o território da Colónia Portuguesa de
Macau englobava, portanto, em 1901, mais duas parcelas ou ilhas, sendo elas: a Ilha de D.
João e a Ilha de Tai-Wong-Cam ou da Montanha. Este mapa será melhor
compreendido através de uma sua cópia já impressa em tipografia no qual se
destacam, pela cor laranja, Macau, a Ilha Verde, a Ilha da Taipa e a Ilha de
Coloane.
Território de Macau, formado por três parcelas: Cidade de Macau,
ligada ao Continente Chinês, Ilhas da Taipa e de Coloane[24]
Território de Macau, formado por três parcelas: Cidade de Macau,
ligada ao Continente Chinês, Ilhas da Taipa e de Coloane[24]
Em 1953, a área total de Macau era praticamente a mesmo dos inícios do século XX, isto é, 11,6 km², sendo repartidos da seguinte forma:
-
Península de Macau com a a
inclusão da Ilha Verde: 3,4 Km2;
- Taipa: 2,3 Km2;
- Coloane: 5,9 Km2.
Actualmente, devido aos aterros que já foram feitos, a sua área aumentou
consideravelmente. A actual Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) que
se encontra, actualmente, integrada na República Popular da China, desde 20 de Dezembro de 1999, tem uma
área de 28,6 km² e é constituída pela Península de Macau, ligada à China
Continental por um istmo (com 9,3 km²); pela Ilha de Taipa (6,5 km²);
pela Ilha de Coloane (com 7,6 km²) e pela Zona do Aterro do COTAI (com
5.2 km²). Esta última Zona é formada pelo istmo que foi formado entre
Coloane (CO-) e Taipa (-TAI).
Para além disso, Macau encontra-se interligado à Ilha da Taipa por meio de três pontes: a Ponte Nobre de Carvalho, construída entre Junho de Junho 1970 e Outubro de 1974 durante o governo de José Manuel de Sousa e Nobre de Carvalho (1966 a 1974), medindo cerca de 2 570 metros; a Ponte da Amizade, começada em Junho de 1990 e inaugurada em Março de 1994, com 4,7 km de comprimento, incluindo 800 metros de viaduto conector; a Ponte Sai Van, com 4.500m de comprimento, sendo inaugurada em 19 Dezembro2004.
A ligação entre Taipa e Coloane foi e é assegurada por meio do istmo COTAI. Toda a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) é servida, ainda, por um aeroporto e uma universidade e possui, presentemente a seguinte configuração:
Para além disso, Macau encontra-se interligado à Ilha da Taipa por meio de três pontes: a Ponte Nobre de Carvalho, construída entre Junho de Junho 1970 e Outubro de 1974 durante o governo de José Manuel de Sousa e Nobre de Carvalho (1966 a 1974), medindo cerca de 2 570 metros; a Ponte da Amizade, começada em Junho de 1990 e inaugurada em Março de 1994, com 4,7 km de comprimento, incluindo 800 metros de viaduto conector; a Ponte Sai Van, com 4.500m de comprimento, sendo inaugurada em 19 Dezembro2004.
A ligação entre Taipa e Coloane foi e é assegurada por meio do istmo COTAI. Toda a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) é servida, ainda, por um aeroporto e uma universidade e possui, presentemente a seguinte configuração:
A Ilha da Taipa foi, entre 1927-1933 um Centro de Aviação Naval,
ou seja, uma Hidrobase para apoio às forças navais portuguesas que combatiam a
pirataria nos mares da China. Desactivada em 1933 e, de novo reactivada em 1937,
por ocasião das guerras civis chinesas, foi transferida para o Porto Exterior
de Macau em 1940. A sua desactivação definitiva teria lugar em 1942.
Ponte-Cais de Taipa[25]
Sob o ponto de vista religioso a Ilha de
Taipa constitui uma Freguesia, sendo servida pela Igreja de Nossa
Senhora do
Carmo, também conhecida por Igreja de Nossa Senhora do
Monte Carmelo que foi construída e consagrada, em 1885, pelo então Bispo da Diocese,
D. Manuel Bernardo de Sousa Eanes.
Igreja Nossa Senhora do Carmo em Taipa[26]
A Ilha de Coloane, a maior do território nos anos 50-80, cobre uma área de
7,6 km² e corresponde-lhe administrativamente, a Freguesia de São
Francisco Xavier, cuja Igreja, construída e sagrada pelo Bisco Dom José da
Costa Nunes em 1928, se apresenta ainda actualmente como, aqui se representa[27]:
Esta Ilha possui duas praias famosas, chamadas Cheoc Van e Hac
Sa e, a partir dos anos 60 e uma Casa de Férias que foi construída pelo Dr. Pedro José Lobo e que, mais tarde, foi
transformada numa requintada Pousada.
Nesta Ilha encontra-se o famoso Templo de Tam Kung (Tam Kung Miu), que foi construído em 1862 e se situa num dos extremos da avenida marginal e ao lado esquerdo da Igreja de São Francisco Xavier. No altar principal eleva-se uma imagem de Tam Kong, objecto de grande veneração, especialmente pelos pescadores. Possui um enorme osso de baleia com 120 centímetros de cumprimento que foi esculpido em forma de barco-dragão e se tornou numa atracção dos visitantes, incluindo, como não poderia deixar de ser, um local de visita constante dos seminaristas beirões quando se desolcavam grupminha própria pessoa e meus colegas quando íamos às praias de Coloane e de Hac-Sa, nos anos 50-70.
Nesta Ilha encontra-se o famoso Templo de Tam Kung (Tam Kung Miu), que foi construído em 1862 e se situa num dos extremos da avenida marginal e ao lado esquerdo da Igreja de São Francisco Xavier. No altar principal eleva-se uma imagem de Tam Kong, objecto de grande veneração, especialmente pelos pescadores. Possui um enorme osso de baleia com 120 centímetros de cumprimento que foi esculpido em forma de barco-dragão e se tornou numa atracção dos visitantes, incluindo, como não poderia deixar de ser, um local de visita constante dos seminaristas beirões quando se desolcavam grupminha própria pessoa e meus colegas quando íamos às praias de Coloane e de Hac-Sa, nos anos 50-70.
Um outro templo é aquele que é
dedicado à Deusa Flor (Kam-Fá), sendo conhecido, entre a população
portuguesa, por Templo da Flor Dourada ou Templo dos Três Sábios. Foi construído,
a poucos metros da antiga ponte-cais da ilha, por volta do ano 1865, no quarto
ano do reinado do Imperador Tung-Chi.
Templo Kam-Fá (Flor
Dourada)[28]
Praia de Há-Sá areia
Preta)
Moderna Pousada da Ilha
de coloane[29]
Vista aérea de Coloane[30]
4.4- Ilha Verde
Existia também uma pequeníssima Ilha, ligada à península de Macau,
chamada “Ilha Verde”, cuja história inicial é descrita e ilustrada por um
apreciado blogista, do qual transcrevo um parágrafo que vem a propósito:
“Antes da chegada dos portugueses a Macau esta
pequena ilha era agreste e feita de um aglomerado de rochas. Sendo refúgio de
chineses era conhecida como a ilha dos Diabos” (…) Em 1603 ou 1604, a Companhia
de Jesus, pelos padres Alexandre Valignano, Visitador dos Jesuítas e Valentim
de Carvalho S.J. reitor do Colégio de S. Paulo, tomou posse da pequena ilha que
se situava no meio de um dos ramos do rio Xi (Oeste) entre as margens da
península de Haojing (nome que Macau tinha nos registos chineses) e da ilha da
Lapa. Era uma ilha inóspita a que, por troça, se deu o nome de Ilha Verde. Mas
a verdade é que em poucos anos tal aglomerado rochoso, tornou-se num verdejante
e agradável recanto para dias estivais, como relata a professora Ana Maria
Amaro”[31].
Ilha Verde ou “Ilha dos Diabos”[32]
A casa, construída nesta Ilha pelos Jesuítas serviu, doravante, aos
Seminaristas de Macau como estância de férias, e de recolhimento nas
quintas-feiras que era o seu dia livre semanal.
4.5- Evolução de Macau
Se, no século XIX a cidade de Macau apresentava já um aspecto bastante
atraente, como se vê pela fotografia que lhes apresento:
Aspecto da cidade de Macau
no século XIX[34]
Foto antiga, reproduzida em postal, da série “MACAU POST CARD” (10 postais intituladas “十九世纪 (1)/Macau do Século XIX / The
19th Century of Macau) (2),
publicadas por Kong Iat Cheong e Ho Weng Hong, com o título “Penha Hill, Macao”.
no ano de 1953, isto é, no século seguinte, essa
cidade parecia mais atraente e encontrava-se já modernizada. A Ermida da Penha
tinha um aspecto diferente, embora a configuração da Praia Grande fosse
idêntica como se poderá verificar por uma nova fotografia:
Macau em 1953, ano da
minha chegada[35]
Como as circunstâncias territoriais da Colónia foram mudando e se foram
perdendo algumas possessões, coma ilha de D. João e a Ilha da Montanha,
sentiu-se sempre a necessidade de alargar os seus limites em direcção ao mar e
rio. Assim, em 1975, a parte constituída pela cidade e arrabaldes já
apresentava a seguinte configuração:
Planta de Macau em 1975[36]
5- Dirigentes dos destinos de Macau
Governava, então, o Território, o Contra-Almirante Joaquim Marques
Esparteiro que, tendo nascido em Mouriscas, Abrantes, em 28 de Janeiro de 1895
e passado por Macau, já entre 1921-1924 como comandante da Canhoneira Pátria,
desempenhou as funções de seu governador até 28 de Fevereiro de 1956. Foi
casado com Dª Amélia Alves Bastos Botelho da Costa, filha de Visconde de Giraúl
e veio a falecer em 1976.
Almirante Joaquim
Marques Esparteiro
Concomitantemente, encontrava-se a dirigir os destinos da Diocese, D. João de Deus Ramalho que,
tendo substituído Dom José da Costa Nunes (1920-1941), iniciou o seu múnos
pastoral em 1942, para o findar em 1954, sendo sucedido por D. Policarpo da
Costa Vaz que exerceu esse mesmo cargo desde 1954 a 1960.
Dom João de Deus Ramalho[37]
O território de Macau era, então, constituído por três parcelas: a
Península do mesmo nome que se encontrava ligada ao Continente Chinês através
de uma passagem, dita, “Portas do Cerco”, tendo um pequeno istmo chamado “Ilha
Verde”; a Ilha de Taipa, acrescida de um ilhéu e, finalmente, a Ilha de Coloane
que possuía as melhores praias, cujos nomes já foram indicados. Nesse tempo e alguns anos depois, a Península de Macau (cidade)
tinha também os sus locais que serviam de praia, uma vez que as suas águas não estavam poluídas como viria
a acontecer alguns anos depois.
6- O "Sonhador" em em Macau
Começou muito cedo a sua tropa. Não foi preciso esperar até aos 19-20
anos para experimentar a disciplina militar. No seminário tudo se parecia à disciplina dos soldados que os seminaristas por lá conheceram, senão mais estrita e alinhada ainda.
O levantar pela manhã: em vez do som estridente do clarinete ou corneta,
ouvía-se o bater-de-palmas do Prefeito que passava pelo meio de dormitório,
terminando por dizer:
- Benedicamus Domino (Bendigamos ao Senhor)!
Ao que todos respondíamos, em coro:
- Deo Gratias (Graças a Deus)!
- Benedicamus Domino (Bendigamos ao Senhor)!
Ao que todos respondíamos, em coro:
- Deo Gratias (Graças a Deus)!
De seguida, cada um arrumava a sua cama; lavava os dentes e a cara; vestia-se para ir para a dupla forma que eram duas filas bem aprumadas,
começando dos mais baixos até aos mais altos. Uma vez todos bem alinhados e em
silêncio, dirigíam-se para a Sala das Orações da manhã, onde rezavam e
meditavam.
Terminada esta primeira função espiritual dirigiam-se à Igreja, para assistir à missa, terminada a qual se seguia o pequeno-almoço num grande
refeitório onde havia 4 mesas compridas de mármore ou marmorite, suficientes
para mais de 100 alunos.
Após o pequeno-almoço passavam uns 15 minutos no recreio, após os quais se dirigiam à Sala de Estudo, para prepararem as lições das primeiras aulas da manhã.
Vinha, a seguir, o almoço que normalmente era constituído por
arroz, ou batatas, ou massa, mais peixe do que carne, pão e água. Após esta
refeição gozavam de uma meia hora de intervalo que servia para se dedicarem
ao desporto – futebol, basquetebol e outros divertimentos.
Terminado este intervalo, voltavam para a Sala de Estudo, onde
permaneciam por algum tempo, indo, de seguida, novamente para as aulas que, normalmente,
terminavam por volta das quatro ou cinco horas da tarde.
Seguia-se, então, o maior intervalo que chegava para a prática de variados desportos que eram praticados por todos, escolhendo cada um aqeles de que mais gostavam. Os desportos preferidos pelo Sonhador eram o futebol, o basquetebol e o voleibol, embora também
praticasse, por vezes, badminton, ping-png e hóquei em campo, mas com estiques feitos pelos próprios alunos, a partir de galhos de árvores.
Ao fim deste recreio, sempre muito animado e desejado, íam para os
balneários tomar o seu duche que era sempre de água fria. Só nos últimos
anos, aí pelos anos 60, é que foram colocados, nos dois corredores laterais das cabinas dos chuveiros,
alguns esquentadores dos quais se serviam aqueles que fossem mais friorentos.
Mas, quem se servisse deles, deveria encher uma bacia e levá-la consigo para o seu
próprio gabinete de duche.
Depois do banho tomado, dirigiam-se todos à secção dos guarda-roupas para se prepararem devidamente, após o que alinhavams e seguíam para a Sala das Orações, onde, mais uma vez, assistiam a uma leitura ou uma prática espiritual, que consistia, frequentemente, em avisos ou conselhos, proveridos pelo Prefeito ou pelo Director espiritual.
Depois do banho tomado, dirigiam-se todos à secção dos guarda-roupas para se prepararem devidamente, após o que alinhavams e seguíam para a Sala das Orações, onde, mais uma vez, assistiam a uma leitura ou uma prática espiritual, que consistia, frequentemente, em avisos ou conselhos, proveridos pelo Prefeito ou pelo Director espiritual.
Terminada esta função, era para a Sala de Estudo que todos se dirigiam, novamente, a
fim de se dedicarm ao estudo, sendo este período o mais longo, dedicado à
preparação das várias disciplinas.
Vinha, então o jantar. A comida não variava muito, mas, à noite, havia o
costume de um aluno fazer uma leitura. Para esse efeito subia a um púlpito que
havia no meio do refeitório (antigamente havia dois que serviam para disputas
filosóficas ou tgeológicas entre dois intervenientes) e lia o capítulo de um livro que era
escolhido pelo padre Prefeito. Quando o jantar estava prestes a terminar, o
Prefeito interrompia a leitura e dizia:
- “Martirológio Romano…”, significando com essa intervenção que o leitor
deveria passar à leitura de alguns parágrafos do Martirológio (livro que
narrava a vida dos santos e mártires católicos). Esta segunda leitura constava, normalmente,
de um trecho correspondente ao santo que se celebrava nesse dia.
Saindo, então, do refeitório, recrevam-se no pátio por alguns minutos,
findos os quais se dirigiam à Sala de Orações, para aí fazerem a reza da
noite. O seu dia estava prestes a terminar.
Em forma … sempre em forma … regressavam ao dormitório para nele passarem as restantes horas do dia e as primeiras cinco horas do dia seguinte que, embora fosse um novo dia, seria igual ao dia anterior, pelo menos quanto à sua programação!
Em forma … sempre em forma … regressavam ao dormitório para nele passarem as restantes horas do dia e as primeiras cinco horas do dia seguinte que, embora fosse um novo dia, seria igual ao dia anterior, pelo menos quanto à sua programação!
Ah! já me ia esquecendo de dizer que todas essas funções, exceptuando as
brincadeiras e desportos nos recreios, eram realizadas com a maior perfeição
possível e sempre em silêncio! Faltar ao silêncio era passível de castigo que podia
ir desde o ficar de joelhos, voltado para a parede, ou de pé, em frente de toda a
comunidade, até aos castigos mais pesados, impostos pelo Padre Prefeito. Estas punições eram as mais benignas! Frequentemente, os alunos s+o se apercebiam de outros castigos quando sentiam a mão castigadora em cima
da cabeça ou quando lhes pediam a mão para a colocarem debaixo da
palmatória! Estes não eram os piores, pois poderia acontecer serem
chamados ao gabinete do Reitor para uma tremenda reprimenda e ameaça de
expulsão do Seminário.
Mas, nem tudo era assim, tão severo! Nos domingos, feriados e nas
quintas-feiras, as coisas mudavam de figura. No refeitório poddia-se falar, mas
nunca em altos berros, nem com gargalhadas estridentes e demasiado sonoras! As
refeições eram melhoradas e até, havia o direito a um copito de vinho! Muita
sorte era a dos seminaristas portugueses que tinham, ao lado, colegas e amigos chineses
porque, não gostando estes do vinho tinto, quem ganhava eram aqueles que os ladeavam, pois em vez de um, bebiam dois! Nesses dias falava-se à vontade! Era uma festa pegada! Pudera! O vinho também alegrava e alegra os seminaristas!
Por outro lado, as quintas-feiras eram dias livres, sendo reservados a
passeios às Ilhas, percorrendo-as os seminaristas de farnel às costas. Era
muito comum, passarem alguns desses dias de visita às Colinas da Penha e da Guia e, sobretudo à Casa da Ilha Verde. Estes passeios e dias de distensão constituíam um divertimento ímpar,
pois, além de atravessarem as ruas da cidade, tornavam-nos um alvo admirado de
alguns "olhares furtivos e sensuais".
A propósito desses olhares que, eram desconhecíamos, foram, um dia,
encontrar nos muros da colina da Penha umas frases que inquietaram um grupo de seminaristas que se viram
obrigados a dar explicações aos seus superiores.
- "Porque é que frases como aquelas que vocês viram e leram foram escritas
naqueles muros? Que significa aquele sinal “igual” (=) entre dois nomes: um pertencendo
a um seminarista e outro pertencendo a uma menina?" Eis a pergunta intrigante que foi dirigida pelo Reitor, aso, se afirmavam inocentes!
No meio desta confusão e perante os olhares reitorais interrogadores, bem quiseram eles dar
uma explicação plausível, mas não havia maneira de chegarem a perceber, eles próprios, porque
razão apareceu aquele sinal “igual” e muito menos a quem pertenciam os nomes
daquelas meninas! O mais enigmático, porém, foi saber o modo como é que essas
meninas descobriram os seus nomes oara servirem de "iguladade"! Notem que nesse tempo e nesse Seminário, os Seminaristas não tinham contacto com gente de fora! Não era como agora, nos tempos modernos, em que os seminaristas até são capazes de ir aos bailes e discotecas!
Finalmente o enigma foi descoberto. Todos os anos, na festa de São José, o padroeiro do Seminário, havia uma cerimónia ou academia, constituída por discursos, orquestra,
canto coral e uma peça teatral, na qual participava um grande número de alunos.
Era, pois, normal que se organizasse um programa e que nele constassem os nomes
de todos os intervenientes. Era também normal que esses programas fossem
distribuídos a todas as pessoas convidadas e a todos os que quisessem assistir,
entre os quais estavam seus filhos e ... filhas. Aliás o Salão de Actos não podia
conter o enorme número dos que desejavam assistir. Tanto assim era que
algumas peças teatrais tiveram de ser repetidas para que pudessem ser satisfeitas essas
pretensões. Um exemplo curioso foi quando foi representada a peça chamada “Filho
do Emir” que foi levada a palco duas vezes depois da Festa própria.
Argumento da peça "O filho de um Emir": Nos tempos em que os Mouros governavam os
reinos da Península Ibérica, o filho de um Emir (um nobre comandante mouro que se supunha descendente de Maomé) estabeleceu uma forte amizade com a filha de um Duque cristão. Essa amizade, porém, não era bem aceite nem pelo Emir Mouro, nem pelo Duque Cristão. A dado momento estala uma guerra entre cristãos e mouros,
cabendo a vitória aos primeiros. Valeu a amizade entre os descendentes de um
lado e doutro para que os vencedores não destruíssem por completo a família do
Emir vencido. No entanto, a separação dos dois enamorados estava traçada e
iminente!
No meio do retinir das lanças e espadas, eis que entram os vencidos acorrentados e os dois enamorados no meio de toda essa confusão! Os vencidos são levados para longe e os vencedores preparam-se para cantar vitória. Mas eis que, se ouve, já um pouco distante, a voz do filho do Emir a entoar um cântico romântico que dizia:
Tu és minha
alegria,
Meu céu azul de
anil,
Em tua companhia
A vida é eterno Abril.
Longe de ti, amigo
A vida é noite escura.
Bem estou só contigo
Tu és minha ventura!
A resposta não se fez esperar. A princesa cristã continuou, num tom também ele melancólico e triste, cantantando, por sua vez:
Longe de ti, amigo
A vida é noite escura.
Bem estou só contigo
Tu és minha ventura!
Intercalando-se com estas duas quadras, ouvia-se, ao longe, e cada vez mais longe, um coro de vozes argentinas, simulando grupos de peregrinos, a caminho de São Tiago de Compostela.
É claro, que no Seminário, não existia nenhuma menina para desempenhar esse
papel. Por isso, em vez dela, adaptou-se o texto de modo a que o seu papel
fosse desempenhado por um seminarista.
Uma outra peça, de muito êxito, foi o “Avarento”, representado em 1957, e
cujo argumento era o seguinte: um senhor muito rico, mas também muito avarento não dava nada a ninguém
do seu pesado saco, a não ser umas moeditas de pouco valor. Batia à sua porta frequentemente um mendigo
a quem dava umas míseras moedas. Mais tarde, o rico caiu em desgraça, tornando-se ele
próprio mendigo. Chegou também ele à triste situação de ir mendigar. Mas, por azar ou sorte, foi bater à porta daquele que antes mendigara e agora se apresentava mais ou menos "rico". De facto o antigo pedinte, além de se ter tornado abastado, tinha
guardado todas as moedas que tinha recebido do antigo Rico.
Moral da história. Este último só veio a receber as moedas que tinha dado ao antigo pedinte. Este pedinte foi representado, precisamente, pelo nosso "Sonhador".
Uma outra peça na qual tomou parte em foi a chamada “Astronautas do Amor”, que vinha a terminar com um poema da autoria do Pe.
Manuel Teixeira. No termo da representação, e esperando o autor pela
declamação do seu poema, ficou de todo embasbacado e maravilhado quando, em vez
da declamação, ouve um canto melódico e apropriado ao evento e poema! O actor principal havia musicado o poema e, em vez de o declamar como fora ensaiado pelo autor, cantou-o com admiração de todos os presentes! Decorriam os anos 1960/62!
Ora, estas representações, aliadas aos discursos e programas relativas às Festas celebradas no Seminário proporcionavam aos assistentes conhecer não só os nomes, como também a fisionomia e a voz daqueles que
representavam e/ou discrusavam no palco. Desta forma e, sem os alunos dafrem conta, passavam a ser conhecidos e
objecto de escolha, não direi de muitas, mas de algumas meninas às quais,
aliás, assistia o direito, também, de sonhar!
6.2- Estudo e deporto
Ali fez o curso Preparatório e Filosófico, tendo por
professor de Filosofia e de História de Filosofia o Doutor Júlio Augusto Massa,
nascido em Freixo-de-espada à Cinta, de Química o Prof. Hagah Tong e de Física
um Militar cujo nome não recordo.
Grupo de Filosofia e
Teologia com o Doutro Júlio Augusto Massa
No curso teológico, além de outros professores, teve um que muito o marcou e admirou devido à sua
biblioteca e contínuo estudo, tendo sido esse que lhe incutiu o amor ao estudo da Sagrada Escritura na qual veio, mais tarde a formar-se. Chmava-se ele Urbano Devéscovi. Era italiano e pertencia à Ordem dos Franciscanos. Faleceu a 17 de Fevereiro de 1964, em Hong Kong.
P. Urbano
Devéscovi
Ali estudou música gregoriana e clássica, tendo como professor o Maestro, Pe Áureo da Costa Nunes de cujo coro fez parte integrante, desempenhando inclusive, a função de solista;
Ali foi premiado pelos bons rfesultados obtidos, sendo, inclusivamente, cumprimentado pelo próprio Governador de Macau,
António Adriano Faria dos Santos[38] sob
o olhar atento e admirador do bispo da Diocese, Dom Paulo José Tavares que
dirigiu os destinos da Diocese, entre os anos 1961-1973;
Grupo de Professores
No que diz
respeito ao desporto, ali praticoi hóquei em campo, basquetebol e andebol,
voleibol, ping-pong ou ténis de mesa, badminton e “futebolde sete”, embora também o praticasse o "futebol de onze", fazendo parte , como “Ponta Direita”, da
equipa que bateu a do Liceu, no seu próprio reduto.
A sua equipa defrontou também a Equipa militar do então Comandante Militar da Companhia da Ilha de Coloane, mais tarde Presidente da República Portuguesa, Sr. General António dos Santos Ramalho Eanes[39] que lhes deu a honra de almoçar algumas vezes com eles na casa de Coloane do Seminário, sendo acompanhado por sua Exma. esposa, Dra. Maria Manuela Duarte Neto Portugal Eanes e seu filho, Manuel Ramalho Eanes[40], em 1962-63, se a memória não me falha.
Equipa de Basquetebol
dos menores que ganhou 35-10 à equipa dos maiores em 1957
Desta equipa faziam parte 1ª linha da direita para a
esquerda: Manuel Augusto Roca (Freixo de Espada à Cinta), Leopoldo Pinheiro
(Malta, Pinhel) António Lei, Paulo Hó (Macau) e Manuel Cardoso (Açores);
2ª linha: Norberto Cardoso (Açores), Francisco Ng, Lucas
Yp (Macau) e José Matias (Lameiras)
Leopoldo Pinheiro e eu
próprio em 1958, em Coloane
José Matias com o seu amigo Leopoldo Pinheiro, em Coloane (1958)
José Matias com o seu amigo Leopoldo Pinheiro, em Coloane (1958)
Equipas de Hóquei em campo:
com equipamento branco os “Maiores”
e com equipamento escuro os “Menores” que foram os vencedores (1964/65?)
Ali se divertiu como praticante de várias outras modalidades desportivas, como, por exemplo, remo, natação, atletismo e montanhismo, sendo a Ilha de Coloane a sua preferida, na qual pôde fazer algumas visitas à Grafaria de Kao-Hó.
Ali gozou belas férias, sobretudo na última ilha, onde o Seminário pôde construir uma casa, com a benemerência do Dr. Pedro José Lobo[43] que, tendo sido aluno do mesmo Seminário, se tornou, naturalmente, um dos seus grandes patrocinadores.
Na
casa de férias, em Coloane
D. Policarpo da Costa vaz, Pe. Anacleto Pereira Dia,
Pedro José Lobo, Pe Juvenal Alberto Garcia (reitor), Roque Chói (secretário de Pedro
Lobo e Pe. Marques. Dia de visita
do Sr Pedr em que sorteou,uma série de relógios de
pulso. entre os alunos presentes,
José Matias e o colega, Manuel Teixeira, nessa mesma casa
Desempenhou
cargos, sub-directo do coro, o de professor de Catecismo e o de sub-prefeito da comunidade dos “Menores” e “Maiores”, tomando,
também conta dos assuntos do economato durante o tempo de férias em Coloane,
não desdenhando de proceder à limpeza da casa comunitária:
Também adoeceu e teve de ser hospitalizado, durante seis meses, no Hospital Conde de São Januário devido a uma pleurisia quase em estado terminal e da qual conseguiu libertar-se, graças aos valiosos cuidados do Doutor Nogueira, da Irmã franciscana Wolfrain e das incansáveis enfermeiras Regina Batalha, Preciosa Pedrosa e outras mais , ficando grato e reconhecido a quantos por ele velaram e se interessaram. Foi seu companheiro de doença, nesses meses de reclusão hospitalar, José Maria Bártolo. Visitas que eram muito apreciadas, ficaram a dever-se sobretudo ao, então Reitpor, Dr. Arquimínio e ao seu professore de Teologia Dogmática, Paulo Ktretshe, jesuíta francês.
Concluiu os seus estudos teológicos no próprio Hospital, onde esdtudava sob a orientação desse último professor, vindo a receber Ordem de Presbítero no dia 24 de Abril de 1966, após o que veio a ser nomeado Membro da Missão do Padroado Português do Oriente, a 1 de Setembro desse mesmo ano.
Ordenação presbiteral
6.3- Curiosidades de Macau
Algumas das muitas coisas que o marcaram, no que respeita às pessoas
chinesas, foram: a maneira de vestir, os transportes utilizados e a forma como
se apresentavam em público.
6.3.1- Maneira de Vestir
Quanto à maneira de vestir, pareciam muito estranhas. Os homens usavam uma espécie de calças largas, sem cinto, mas que atavam à cintura com o tecido que
sobrava do resto. SE não usavam calças, usavam cabaias com gola a meio-pescoço.
E a cabeça era protegida por um chapéu de folhas de banana ou de bambu, enequanto os pés eram enfiado em alpercatas ou chinelos, em vez de
sapatos.
Rua onde se vêem
triciclos, bicicletas e o proverbial chapéu chinês[45]
As mulheres, por seu lado, pareciam umas aleijadinhas, pois quase não tinham pés nos quais se firmasse, uma vez que eles se encontravam enfiados em apertadas formas com o objectivo de não crescerem livremente. O andar delas era muito delicado, pois podiam vir a cair em qualquer momento! Dava-se a esses calçado o nome de “sapatos de Lótus” e eram exigidos pela beleza da Antiga China. Os Europeus, no entanto, chamavam-lhes “pés de cabrita”.
As mulheres, por seu lado, pareciam umas aleijadinhas, pois quase não tinham pés nos quais se firmasse, uma vez que eles se encontravam enfiados em apertadas formas com o objectivo de não crescerem livremente. O andar delas era muito delicado, pois podiam vir a cair em qualquer momento! Dava-se a esses calçado o nome de “sapatos de Lótus” e eram exigidos pela beleza da Antiga China. Os Europeus, no entanto, chamavam-lhes “pés de cabrita”.
Sapatos ou pés de Lótus[46]
Deformação dos pés[47]
Os transportes terrestres mais comuns, na época em que chegou a Macau
eram os triciclos, as bicicletas e as jerinchás. Convém, porém, não confundir triciclos com riquexós (também ditos riquechós ou jerinchás), como muitas vezes acontece.
Triciclo, em chinês mandarim
Sám Lôn Ché – 三輪車 , vem de sàm (três) + lun (ou lôn)
(roda) + ché (veículo) e significa, portanto, um veículo de três
rodas para transporte de duas pessoas. Este veículo foi introduzido em
Macau só no ano de 1951.
Jerinchá, por seu lado, deriva do mandarim 人力車 rén li che e foi anglicizado por “rickshaw”,
vindo a dar, em português o termo riquexó ou riquechó e é um veículo ou uma
espécie de carroça de duas rodas e dois varões pelos quais puxa um indivíduo
(normalmente um homem). Em cantonês dizia-se jyut-ping[48]
Riquexós ou jerinchás[49] dos
anos 20 ainda em uso nos anos 50-60
Riquexós ou jerinchás[50] em
1952
Palácio do Governo nos
anos 50
No que concerne os transportes marítimos ou fluviais existiam as Sampans,
assim chamadas, em Cantonês, (Sam-Pan =três pranchas), porque eram feitas de uma
prancha a servir de lastro e duas laterais.
Porto
Interior[51] em 1927
Outro aspecto[53] em
1965
Sampan festiva japonesa[54]
Existiam ainda, na altura, as célebres “cadeirinhas senhoriais” muito
utilizadas na China imperial e em Macau como esta que, aqui, se vê:
Cadeirinha chinesa de
transporte [55]
6.3.3- Apresentação nas ruas
Os pescadores quando saiam para terra, tinham um andar desengonçado, e as
pernas apresentavam-se arqueadas, devido à forma como remavam nas sampans; a
sua maneira de se apresentarem era estranha, por terem pouco contacto com os
habitantes da cidade ou das vilas. Com efeito, tanto em Macau, como em Hong
Kong, havia duas espécies de cidades: as terrestres e as marítimas, visto haver
gente que nascia, vivia e morria nos barcos que, pelo seu elevado número,
formavam autênticas povoações. Recorde-se, por exemplo, o Porto Exterior de Macau, o de Hong Kong e o de Aberdeen.
Os outros cidadãos chineses, olhavam para os europeus, com desdém e
desconfiança, e apelidavam-nos de Mo-kwai-Lô, termo depreciativo que significa
“diabo branco” ou “fantasma”.
Quando as pessoas se encontravam, em vez de uma fórmula como a nossa “Bom
dia. Como está? Diziam: “Chou-San. Nei sek cho fân?”, querendo com isso dizer se
já tinham comido, visto que, em tempos idos e devido à pobreza, nem sempre havia
a possibilidade de proceder a uma ou mais refeições e mesmo quando eram
possíveis, elas eram muito frugais: arroz branco, hortaliça e um pouco de peixe ou um
pedacito de ovo negro ou seco.
Por outro lado, os louvores dirigidos às pessoas eram sempre recebidos
com respeito e com a manifestação de uma recusa. Uma senhora ou menina, ao
receber o elogio de que era bonita ou inteligente, retorquia sempre com uma
resposta evasiva ou negativa, demonstrando, dessa maneira, que, acima de tudo,
estava a virtude da humildade.
Uma maneira usual de duas pessoas se cumprimentarem com deferência,
era meter as mãos nas mangas das largas cabaias[56] e
fazerem uma profunda vénia diante uma da outra.
Senhora vestida com uma
bela e nobre cabaia[57]
6.3.4- Maneira de comer e ementa
Nas ruas, nas praças, acocorados ou sentados no chão, com as pernas
cruzadas, os chineses habitualmente comiam de uma tigela, onde o arroz, a
hortaliça e um pouco de peixe ou carne se encontravam misturados. Às vezes,
principalmente se comessem em grupo, essas "iguarias" estavam em pratos separados
dos quais se serviam individualmente, retirando com os Fachis[58]
pequenas porções que colocavam directamente na boca ou em cima do arroz para
depois encostarem a tigela aos lábios e empurrarem a comida para dentro da boca
com a ajuda dos ditos Fachis (ou pauzinhos).
A ementa do dia-a-dia era muito frugal, como já dissemos, sendo o arroz a
base de todas as refeições, no Sul, enquanto que no Norte já se comia, também,
pão.
Quanto à variedade, porém, muito tinham que se lhes dissesse!. Era frequente
ouvir-se a expressão: “comem tudo o que mexe”. E, na verdade, esta frase tem
muito de verdade, uma vez que, eles comiam animais, aves, répteis, insectos o
que aos europeus causava asco e horror. Mas era assim mesmo. Comer cães, gatos, tatus,
formigas, cobras, camaleões etc, era muito usual e chique. Não era para admirar, pois, assim como havia ruas com casas especializadas em prostituição, assim também existiam ruas cujos restaurantes eram especializados em cozinhados de animais esquisitos e, por sinal, tinham muitos
frequentadores!
6.4- Actividades chinesas
Além das actividades idênticas às europeias, como os têxteis, a construção civil, a pesca e a secagem do
peixe, um actividade tipicamente chinesa era a confecção de panchões que pouco tem a ver com a nossa indústria de pirotecnia. Após essa operação eram expostos ao sol para
secarem, utilizando-se todos os espaços livres que preenchessem as condições
mínimas de segurança. Esta actividade de confecção de panchões, muito presente ainda hoje, para
serem rebentados em ocasiões festivas, nomeadamente no ano novo chinês, era uma
das atracções dos estrangeiros nas décadas de 50-80.
Secagem de panchões[59].
Era também muito comum secar ovos que enterravam numa massa, feita com
areia e uma solução alcalina, como se podia presenciar, algumas vezes em Coloane,
embora não se chegasse a perceber em que consistia verdadeiramente essa massa. O
certo é que, depois de um longo tempo, os ovos ficavam salgados e a sua gema
adquiria uma cor negra como se pode constatar a partir da foto seguinte.
Se a branca apresentava o mesmo sabor que a branca dos ovos normais, a
gema era mais pegajosa e de sabor salgado, sendo um bom acompanhante do frugal
arroz branco.
Relacionados com os ovos negros existem hábitos alimentares que, para nós
ocidentais, pareciam mais do que estranhos… bárbaros, diríamos, então. Comia-se
nas ruas, e as refeições (normalmente uma malga de arroz, ou uma malga de sopa
e um chá) eram preparadas em cozinhas ambulantes: fogareiro num lado;comida e
malgas do outro suspensas num bambu, transportado de um lado para o
outro.
Nesta categoria entram os “ovos de mil anos”, assim chamados por
demorarem muito tempo a transformar-se. Estes ovos, segundo Sérgio Lüdtke[60],
ensinado pelo seu amigo James, são “envoltos numa solução alcalina, normalmente
de madeira queimada e cobertos ainda por uma mistura de barro e palha de
arroz”. Este processo desconhecia-o eu que estou escrevendo, e nunca dele tinha ouvido falar.
Relativamente aos alimentos, como já se disse, comiam praticamente de tudo o que mexesse. Cães, gatos, tatus, cobras, etc. Consta haver, inclusive, um prato requintado, em Dongyans, cidade chinesa, no Leste da China, onde um dos petiscos populares muito apreciados era constituído por “ovos fervidos e cozidos em urina de meninos virgens, em especial com idade inferior a 10 anos”[61]. Este costume, porém, nunca eu o presenciei, embora tenha vivido mais de dezasseis anos repartidos por Macau e Hong Kong.
Relativamente aos alimentos, como já se disse, comiam praticamente de tudo o que mexesse. Cães, gatos, tatus, cobras, etc. Consta haver, inclusive, um prato requintado, em Dongyans, cidade chinesa, no Leste da China, onde um dos petiscos populares muito apreciados era constituído por “ovos fervidos e cozidos em urina de meninos virgens, em especial com idade inferior a 10 anos”[61]. Este costume, porém, nunca eu o presenciei, embora tenha vivido mais de dezasseis anos repartidos por Macau e Hong Kong.
Referências
[1] Faleceu a 29 de Agosto de 2001, na Freguesia de São
Miguel da Guarda, concelho da Guarda e foi enterrado na Freguesia de Lameiras,
concelho de Pinhel. Dados tirados do Registo de Baptismo, Nº 48, da Igreja
Paroquial da freguesia e cidade de Pinhel, diocese da Guarda, sendo assinado
pelo Parocho Pe José Augusto Dinis.
[2] Deste tio nunca mais alguém teve notícias. Analfabeto,
também, nunca pôde escrever para mandar notícias e não houve nenhuma boa alma
que o fizesse por ele.
[3] Faleceu em 31 de Agosto de 1988 na Freguesia da Sé,
Concelho da Guarda e foi enterrada na Freguesia Lameiras, Concelho de Pinhel.
Dados tirados do Registo de Nascimento, Nº 250.
[4] Meu pai tinha, então, vinte e nove anos, enquanto a
minha mãe tinha vinte e três.
[5] Dados tirados do Registo de Nascimento, Nº 220, da
Conservatória do Registo Civil de Pinhel, feito aos sete de Maio de mil
novecentos e quarenta, sendo assinado por José Caitano de Campos Veiga.
[6] https://www.google.com/search?q=Augusto+Gil&hl=pt-BR&client=firefox-a&hs=ZEK&rls=org.mozilla:pt-PT:official&channel=np&prmd=imvnso&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=COOTUKSzGoyShge7lIGwCw&ved=0CDcQsAQ&biw=762&bih=681 [7] Oriundo de Freixo de Espada à Cinta, onde nasceu a 15 de Junho de 1899.
[8]
https://www.google.com/search?q=Augusto+Gil&hl=pt-BR&client=firefox-a&hs=ZEK&rls=org.mozilla:pt-PT:official&channel=np&prmd=imvnso&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=COOTUKSzGoyShge7lIGwCw&ved=0CDcQsAQ&biw=762&bih=681#hl=pt-BR&client=firefox-a&hs=xZz&rls=org.mozilla:pt-PT%3Aofficial&channel=np&tbm=isch&sa=1&q=Paquete+%C3%8Dndia&oq=Paquete+%C3%8Dndia&gs_l=img.12...129828.129828.0.131667.1.1.0.0.0.0.76.76.1.1.0...0.0...1c.2.NenCbYRYCw4&pbx=1&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.&fp=d0d5bb7e606cd4c&bpcl=37189454&biw=762&bih=681
[9] http://www.worldatlas.com/webimage/countrys/eu.htm
[10] “Punt” era o nome que os
antigos egípcios davam a uma região da Africa Oriental que talvez fosse a
região que hoje corresponde à Somália, a parte da Etiópia, ou mesmo a Omã..
[11] [online] Consult. 26-02-08] Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Canal_de_Suez.
[13] Para localizar a nossa rota será útil confrontar o
Mapa geral que se encontra no site: http://www.coladaweb.com/files/mapa-mundi2.jpg
[15] https://www.google.com/search?q=Trotinette&ie=utf-8&oe=utf-8&aq=t&rls=org.mozilla:pt-PT:official&client=firefox-a&source=hp&channel=np#hl=pt-BR&client=firefox-a&hs=7Fi&rls=org.mozilla:pt-PT%3Aofficial&channel=np&sclient=psy-ab&q=Trotinette+em+madeira&oq=Trotinette+em+madeira&gs_l=serp.12...35473.37756.1.39646.11.11.0.0.0.0.186.966.9j2.11.0...0.0...1c.1.CyKkmJBDnq4&psj=1&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.&fp=b85db3058f58f401&bpcl=38625945&biw=1064&bih=709
[16]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ceylan-map.png
[17] http://www.google.com/imgres?num=10&hl=pt-BR&client=firefox-a&rls=org.mozilla:pt-PT:official&channel=np&biw=762&bih=681&tbm=isch&tbnid=j5vbCRAMbQwokM:&imgrefurl=http://pt.wikipedia.org/wiki/Singapura&docid=M0IFhvh_UciecM&imgurl=http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e3/Singapore-CIA_WFB_Map.png/220px-Singapore-CIA_WFB_Map.png&w=220&h=235&ei=luSTUJbOJIenhAepk4CYCQ&zoom=1&iact=rc&dur=561&sig=104467402285254441982&sqi=2&page=1&tbnh=145&tbnw=136&start=0&ndsp=12&ved=1t:429,r:0,s:0,i:132&tx=60&ty=88[18] http://www.google.com/imgres?num=10&hl=pt-BR&client=firefox-a&rls=org.mozilla:pt-PT:official&channel=np&biw=762&bih=681&tbm=isch&tbnid=Relaizu8B-UiOM:&imgrefurl=http://travel.state.gov/travel/cis_pa_tw/cis/cis_1136.html&docid=MUWEmAWadq_H6M&imgurl=http://travel.state.gov/_res/images/countries/maps/large/hong_kong.gif&w=329&h=353&ei=zOWTULHUIci3hAfYh4DIBg&zoom=1&iact=hc&vpx=262&vpy=210&dur=5051&hovh=233&hovw=217&tx=133&ty=156&sig=104467402285254441982&sqi=2&page=1&tbnh=146&tbnw=136&start=0&ndsp=14&ved=1t:429,r:8,s:0,i:90 [19] http://www.xs4all.nl/~wichm/hongkongE3.html[20] www.xs4all.nl/~wichm/hongkongE3.html[21] http://www.google.com/imgres?num=10&hl=pt-BR&client=firefox-a&rls=org.mozilla:pt-PT:official&channel=np&biw=762&bih=681&tbm=isch&tbnid=veLPAiqsBWVcKM:&imgrefurl=http://www.enchantedlearning.com/asia/china/&docid=OStE5GLOU65NrM&imgurl=http://www.enchantedlearning.com/asia/china/map.GIF&w=560&h=444&ei=NOWTUNHhBISZhQejooGoBw&zoom=1&iact=hc&vpx=279&vpy=198&dur=588&hovh=150&hovw=189&tx=116&ty=105&sig=104467402285254441982&sqi=2&page=1&tbnh=150&tbnw=189&start=0&ndsp=10&ved=1t:429,r:1,s:0,i:135[22] Constou-me que António Andrade ao regressar à
Metrópole fez o curso de advocacia ficando a exercer em Lisboa. Dos outros dois
nunca mais ouvi falar.[23] http://macauantigo.wordpress.com/ [24]https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgScE1Gu9vHr2I0g0MBwmfaQAMk93XHVJkl4cLkcfH53zMVLUFiDsFoCr8RQSYXrnH6bjp2qIYUU8qbeFEcsaZRabdnjx1QH4ZW9Ewgf5492ohShJlQez_0x9KRuOZwY1cBf3LNX7it8MlA/s1600-h/mapa1955.jpg
[34] http://nenotavaiconta.wordpress.com/[35]
http://cronicasmacaenses.files.wordpress.com/2012/06/macau-50-60-slide34.jpg [36] http://nenotavaiconta.wordpress.com/category/transportes/ [37] http://macauantigo.blogspot.pt/2009/05/governador-albano-rodrigues-de-oliveira.html
[38] Este governador exerceu funções desde 17 de Abril de
1962 até ser substituído, em 25 de Novembro de 1966, por José Manuel de Sousa e
Faro Nobre de Carvalho. Este, por sua vez, foi substituído em 19 de
Novembro 1974
por José Eduardo
Martinho Garcia Leandro, seguido a 28 de
Novembro 1979
por Nuno Viriato Tavares de Melo Egídio
[39] “Nomeado general de quatro estrelas em 24 de Maio de
1978, passou à reserva, por sua iniciativa, em Março de 1986. Em 2000, recusou,
por razões ético-políticas, a promoção a Marechal. (….) Em 2008 é noticiado que
o General Ramalho Eanes não aceita receber os retroactivos de cerca de um
milhão de euros. Para ler as notícias é consultar as referências externas 1 a
5” (cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Ramalho_Eanes).
Ficou ligado a Macau por duas razões: a primeira por ter sido capitão da
Companhia militar em Coloane, e a segunda por ter estado em Beijung (Pequim)
com o Director do Conselho Consultor do Partido Comunista Central Chines, Deng
Xiaoping, no ano de 1985 no intuito de chegarem a um consenso sobre a questão
de Macau. Desta vez visitou, em Maio, visitou também Macau.
“Em 15 de Novembro de 2006,
Eanes apresentou na Universidade de Navarra,
Espanha, a sua tese de doutoramento” 8CF. http://es.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Ramalho_Eanes).
[40] Miguel Ramalho Enes, é o
segundo e mais novo filho.
[41] https://www.google.com/search?q=Augusto+Gil&hl=pt-BR&client=firefox-a&hs=ZEK&rls=org.mozilla:pt-PT:official&channel=np&prmd=imvnso&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=COOTUKSzGoyShge7lIGwCw&ved=0CDcQsAQ&biw=762&bih=681#hl=pt-BR&client=firefox-a&rls=org.mozilla:pt-PT%3Aofficial&channel=np&tbm=isch&sa=1&q=Ramalho+Eanes&oq=Ramalho+Eanes&gs_l=img.12..0j0i24.1123757.1126993.3.1129052.13.11.0.1.1.1.473.1741.2j8j4-1.11.0...0.0...1c.1.Iqn5aBcibi4&pbx=1&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.&fp=d0d5bb7e606cd4c&bpcl=37189454&biw=762&bih=681
[42]Se a patente era diferente, não sei porque não conheço
as patentes militares, mas esta foi a fisionomia e imagem que eu sempre guardei
na minha memória que julgo não me atraiçoar muito.
[43] Nascido em 12
de Janeiro de 189, em Manatuto, Timor-leste, estudou no Seminário de São José
de Macau e tornou-se um prestigiado empresário, funcionário público, político,
filantropo e, inclusive, músico macaense. Pedro José Lobo teve enorme
importância durante a II Guerra Mundial e na resolução do problema do Incidente
das Portas do Serco, em 1952. Foi Presidente do
Leal Senado entre os anos 1959-1964.
[44] Chamou-se,
primeiro, Hospital militar, depois, em 1919 passou a chamar-se Hospital Geral
do Governo, readquirindo o seu antigo nome Hospital Conde de São Januário, em
1937, sendo então governador, Tamagnini Barbosa.
Nos
anos 50 o antigo edifício é demolido e, em seu lugar surgiu a primeira fase dos
futuros blocos, tendo sido inaugurado em 1955, por Marques Esparteiro. Os
restantes blocos foram inaugurados em 1958. (http://macauantigo.blogspot.pt/2009/04/hospital-militar-conde-s-januario.html).
Modernamente existe um novo Hospital com o
mesmo nome que foi inaugurado em 1989 (http://deltabridges.com/directory/macau-reviews/hospital-conde-s-janu%C3%A1rio-macau
)
[45] http://macauantigo.wordpress.com/
[50] http://www.google.com/imgres?hl=pt-BR&client=firefox-a&rls=org.mozilla:pt-PT:official&channel=np&biw=974&bih=681&tbm=isch&tbnid=TEuVCuu-A1QwqM:&imgrefurl=http://macauantigo.blogspot.com/2009/05/macao-1952.html&docid=QIrhSa10wHfNwM&imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmTNWLEiLTPREq6wM3XMXigy1zHPYHpImdR_hwo5oEY13EtZ2nlujDlzJ5st3LXa7VgoVOPw2Kf6-Ta7VwEQh4uqesqAC-AN_6eouzDLIGE0WAVeAlVBV4TzMGpgIPX6Mp8OjrZqjmkPM/s400/FilmeMacao50.jpg&w=400&h=239&ei=GfaTUMavH5GJhQe2woGACQ&zoom=1&iact=hc&vpx=106&vpy=286&dur=163&hovh=173&hovw=291&tx=120&ty=106&sig=104467402285254441982&page=3&tbnh=134&tbnw=222&start=32&ndsp=18&ved=1t:429,r:26,s:20,i:209
[53]
http://rpdluz.tripod.com/imagelib/sitebuilder/misc/show_image.html?linkedwidth=actual&linkpath=http://rpdluz.tripod.com/sitebuildercontent/sitebuilderpictures/ma.1965.05.jpg&target=tlx_new
[56] A Cabaia era uma veste de
largas mangas, aberta ao lado.
[57] Palavra vinda do chinês 筷 (fa) + 子 (chi). https://www.google.com/search?q=a%20Hospital%20Conde%20de%20S.%20Janu%C3%A1rio%20em%20Macau&ie=utf-8&oe=utf-8&aq=t&rls=org.mozilla:pt-PT:official&client=firefox-a&source=hp&channel=np#hl=pt-BR&client=firefox-a&rls=org.mozilla:pt-PT%3Aofficial&channel=np&sclient=psy-ab&q=cabaia&oq=Cabaia&gs_l=serp.1.0.0j0i10j0i30l3j0i5i10i30j0i5i30j0i5i10i30j0i5i30.1501839.1503104.2.1504704.6.6.0.0.0.0.206.660.4j1j1.6.0...0.0...1c.1.Sc3MCvguwVY&psj=1&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.&fp=3b3cd9248238d1b6&bpcl=38093640&biw=562&bih=681