Friday, March 29, 2013

SONHO DE AVENTURA (III) DE JERUSALÉM A PARIS, MACAU E LISBOA




DE JERUSALÉM A PARIS, MACAU E LISBOA

Conteúdo


11- Bibliografia  51

1- Escolha de Paris


A instâncias do Professor Luiggi Cirilo, partiu para Paris e matriculou-se na École Pratique des Hautes Études, da qual se tornoui titular, na área de “Origens do Cristianismo”, cujo responsável era, então, o Professor Pierre Geoltrain. Por lá permaneceu, arranjando emprego numa empresa de limpeza, num Centro Social em Javel e na Paróquia de Ville Neuve-le Roi, até 1977.
Durante esses anos vivia preferencialmente em casa de seu irmão Joaquim e de Maria Cerdeira, sua esposa aos quais muito ficou a dever pela companhia e ajuda, visto terem sido eles que ficaram responsáveis economicamente por ele perante as autoridades francesas.

Casamentocom De meu Irmão Joaquim com os Pais (Venmdada 1967, Pinhel)

Frequentou, concomitantemente, o Instituto Bíblico de Paris, onde conheceu o Professor Henri Caselles (que, praticamente, passava o seu tempo na biblioteca desse instituto ao qual tinha doado a sua própria colecção bíblica), P. Jean Delorme e o P. Grelot. Frequentou, também, os colóquios e seminários de Semiótica, dirigidos pelos assistentes do célebre linguista e teórico, Julien Greimas que partiu da linguística moderna, fundada pelo suíço Ferdinand de Saussure e que foi continuada pelo linguista dinamarquês  Louis Hjelmslev.


Na busca do saber semiótico, além de Partis deslocou-se a várias cidades francesas como Annecy, Albi, Toulouse, onde conheceu várias pessoas que se dedicavam ao mesmo estudo, entre os quais o mestre Algirdas Julien Greimas, e seus seguidores mais próximos, Joseph Courtės  e Jean Claude Coquet, pertencentes à Escola de Paris, assim como  Jean Delorme, Louis Panier, Jean Caloud,  Jean-Claude, Mary Claude, que, depois de terem frequentado o grupo de Greimas, fundaram escola de Lyon e, ainda, Daniel Patte que é um representante da escola americana.
Annecy junto a um dos seus canais (1974)
Perto das residências do filósofo Jean-Jacques Rousseau
 e do Professor Jean Delorme 

2- Em Lourdes e Paris com os seus pais

2.1- De passagem, em Lourdes


Após umas férias passadas em Portugal, junto da família, decidiu levar consigo os seus a Loures, Paris e Versailles.
A primeira localidade a ser visitada foi Lourdes, cidade localizada no sudoeste da França, nos Pirinéus, pertencente à Diocese de Tarbes. Como não podia deixar de ser Visitaram o Santuário, dedicado a Nossa Senhora que, em 1858, apareceu 18 vezes à vidente Bernardete Soubirous, contando, então, 14 anos de idade.

As aparições foram repartidas em quatro meses, a saber:
  1. Em Fevereiro, nos dias 11, 14,18, 19, 20, 21, 23, 24, 25, 27 e 28;
  2. Em Março, nos dias 01, 02, 03, 04 e 25
  3. Em Abril, no dia 07;
  4. Em Julho, no dia 16, data em que se celebrava (e celebra) a festa de Nossa Senhora do Carmo.
Em Lourdes com com os meus Pais
2.2- Em Paris

O trajecto que foi feito entre Lourdes e Paris constituiu um dia de sonho para o seu pai. Eram frequentes as suas exclamações perante aqueles campos verdejantes!
- Que riqueza, meu Deus! Olhai só para estes campos tão bem tratados e tão verdinhos! E as pastagens? Santo Deus, nada disto se vê lá, nas nossas terras. Aqui é que as nossas vacas se dariam bem!
Mal ele sabia que a França é mais bafejada pela chuva do que Portugal. Em compensação, Portugal tem melhor sol e melhores praias... para quem pode gozá-las, evidentemente.
Meus pais em frente ao Sacré Coeur, em  Montmartre (1977)
Ofereceu-lhes também uma viagem turística ao centro de Paris no bateau-mouche (barco mosca), assim chamado porque esse meio de transporte fluvial tem uns faróis parecidos aos olhos da mosca para iluminar, num ângulo alargado, os edifícios que ficam ao longo do rio Sena.
No Bateau-mouche esperando a partida


E como o palácio e jardins de Versailles constituem lugares aprazíveis e históricos, levou-os, aí, também, incluindo nessa mesma visita os seus arrabaldes.
Em Versailles e arredores

3- De novo em Macau



Nesse ano (1977) regressou a Macau, onde, até 1980, leccionou francês e religião católica, vindo ainda a exercer, tanto as funções de Director do Curso Nocturno no Liceu Infante D. Henrique, como as de Director do duplo órgão oficial da Diocese de Macau, Bissemanário “O Clarim” desde 12 de Fevereiro de 1978 até 21 de Dezembro de 1980 e “O Boletim Eclesiástico”, a partir de 1 de Janeiro de 1980, que, no intuito de o tornar aberto a toda a Comunidade passou, com o placet (consentimento) da Autoridade competente, a chamar-se “Boletim Eclesial”.

3.1- Visitado por duas das minhas irmãs



Durante esta estadia, em Macau, teive a visita de duas das suas irmãs, a Maria José e a Maria Natália, ficando esta última em Macau durante alguns anos onde fez o curso de analista clínica e exerceu essa profissão.
Com minhas irmãs, Maria José e Maria Natália, (1979)


É de notar que, enquanto esteve em Macau, durante dois longos períodos, só recebeu três visitas uma do seu ex-colega Leopoldo Pinheiro que regressou a Macau numa missão de soberania, como Furriel e duas de sua irmã Maria José, em 1977 e em 1979, desta vez com outra irmã, a Maria Natália.


Em 1978 participou no jantar que o Seminário ofereceu em honra do Pe José Barcelos Mendes que estava a preparar-se para deixar Macau e regressar à sua terra Natal, Cinco Ribeiras, onde nascera a 28 de Fevereiro de 1926.
 Despedida do P. José Barcelos Mendes 

No sentido dos ponteiros do relógio: Doutor Augusto Massa, José Barcelos Mendes Cónego Basaloco, Matias, Cónego Alberto Garcia e Lancelote Rodrigues (Refeitório do Colégio de São José, anexo ao Seminário do mesmo nome)

O Padre Mendes tinha embarcado para o Seminário de S. José, da Diocese de Macau, ainda muito novo – com apenas 12 anos de idade. Também ele tinha chegado a Macau muito novo, sendo, aí, ordenado sacerdote em 19 de Março de 1950 e exercido o múnos de professor do Seminário, vindo a ter como aluno de Português o nosso próprio Sonhador. Foi igualmente Director de “O Clarim[1].

 Ora, em 1978, cansado de tanto trabalho, solicitou a exoneração do cargo de Director desse Bissemanário Católico e aposentou-se para regressar ao Açores, onde continuou a vida de jornalista como colaborador, primeiro, e como director do Jornal ”União”. Faleceu no dia 22 de Fevereiro de 2006[2].

 3.2- Como professor do Liceu,

Como professor do Liceu, conheceu e contactou directamente com o, então, Governador de Macau, Melo Egídio, com o qual chegou a jogar voleibol no Ginásio do Liceu e futebol no Campo da Caixa Escolar. Duas equipas – a de Professores e a de Membros do Governo de Macau – se digladiaram, pelo menos duas vezes, e sempre com uma assistência selecta e bem desejosa de presenciar, tanto esses dois desportos, como as pernas dos seus intervenientes que não eram de jogadores de qualquer clube habitual, mas de jogadores pertencentes a dois meios muito categorizados na Sociedade Macaense. E confesso, que o Governador Melo Egídio era um dos melhores elementos da equipa do Governo. É pena que ninguém tivesse conservado fotografias desses encontros!

  3.3- Como Jornalista


Como jornalista, e como Director de “O Clarim” escreveu vários artigos, tanto sobre a vida quotidiana de Macau, como sobre as Grutas do Qumran e outros assuntos variados. Umas das muitas intervenções nesse campo foram, por exemplo, várias reportagens desportivas e turísticas, sendo duas de grande dimensão, uma vez que se destinaram a Portugal, a Pequim e a Cantão.



Em Reportagem do XXV Grande Prémio automobilístico de Macau em 1978, na qualidade de Director de “O Clarim”, encontrando-se ao seu lado direito os enviados do Record e do Jornal Desportivo.
Circuito da Guia[3]

 3.4-- Enviado especial a Portugal


Durante o tempo que exerceu as funções de Director desses dois órgãos de publicidade foi enviado como jornalista, representante da Diocese de Macau, a Portugal (Julho de 1978) e a Pequim (1980), tendo feitas várias reportagens a esse respeito. Escreveu igualmente vários artigos nesses dois órgãos, especialmente de carácter bíblico e jornalístico
Visita ao Porto e passeio no Douro

Ao visitarem a Cidade do Porto foi-lhes oferecido um passeio no rio Douro e uma visita a uma das caves do seu famoso vinho, presenteando-os com um abrilhantador beberete no Palácio da a Bolsa.
Em Lisboa, por sua vez, foi-lhes oferecida pela Câmara Municipal uma recepção, não menos galante, no Palácio de Montes Claros no Monsanto.

Recepção da Câmara de Lisboa


Esta última cerimónia veio a ser concluída num restaurante sito no Bairro Alto alfacinha que, de “Barrete Verde”, passou a ser conhecido por “Adega Machado”, desde que em 1937 Armando Machado, violista, e sua esposa, Maria de Lourdes, fadista, aí começaram a cantar o fado, vindo aumentar daí em diante a sua celebridade.
Na Casa de Fados “Adega Machado”
Assinaturas dos Jornalistas na Casa Machado em Lisboa

A Pequim foi como convidado da Associação de Construtores de Macau que havia organizado uma visita de negócios essa cidade multimilenária.
Teve, então, a oportunidade que, aliás, lhe havia sido negada um ano antes, de ver com os seus próprios olhos algumas das maravilhas e desvendar alguns mistérios da capital do Celeste Império, do qual tanto ouvira falar durante os 13 anos que já tinha de Macau (de 1953-1966).

4- Visita à China

4.1- Palácio Imperial



O palácio Imperial (ou (紫禁城 que transliterado dará pinyin: zǐ jìn chéng e se traduz por  "Cidade Proibida”) era a residência do Imperador e do seu pessoal doméstico, que, depois se tornou o centro cerimonial e político do governo chinês. Data dos anos 1406 a 1420, cobre uma área de 720.0002 e consta de 980 edifícios sobreviventes que possuem, no seu conjunto, 8.707 secções de salas. Hoje tornou-se uma atracção turística.

Um dos edifícios da Cidade Proibida

Edifício central com a foto de Mao[4]

Com os  dois guias chineses

Praça Tien Namen

4.2- A gruta do Homo pekinensis

Uma das atracções  dessa visita a Pequin foi  gruta do Homo pekinensis (Homo erectus pekinensis) onde entrou o "Sonhador, clandestinamente, saltando as grades protectoras.

Na Gruta do Homo Pekinensis
Assim é chamada esta gruta porque foi nela, segundo consta, que foi descoberto, numa escavações realizadas nesse local entre os anos 1923-1927, o primeiro crânio do Homo erectus de Pequim.
Essas escavações tiveram lugar na região de Zhoukoudian,  situada a 50 km a sudoeste da capital chinesa. Convém precisar que nessa gruta nao foi encontrado propriamente um crânio completo, mas sim:
  1. Um único dente grande, com base no qual se atribuiu o nome de Sinanthropus ao homem ao qual tinha pertencido;
  2. Mais tarde, descobriram-se várias tampas de crânio e vários ossos da mandíbula;
  3. Dai conclur-se que o “homem de Pequim" era muito semelhante aos humanos de hoje, sendo reclassificado como o Sinanthropos pekinensis ou Homo erectus pekinensis [5]; 
  4. A partir desses elementos, reconstituiu-se, através de uma montagem,cujo exemplar, aqui, se representa:
Sinanthropos pekinensis[6]
chegando-se a produzir uma réplica do suposto crânio, ficando com o aspecto seguinte.
Crânio do Homem de Pequim
Esta réplica  foi apresentada no Museu Paleozoológico da China[7].
Nas ditas escavações que foram supervisionadas pelos três arqueólogos chineses Yang Zhongjian, Pei Wenzhong, e Jia Lanpo e  terminaram em 1937 devido à guerra japonesa, foram encontradas, ao todo, 200 fósseis humanos (incluindo 6 tampas de crânio quase completas) de mais de 40 amostras individuais. Após a guerra as escavações foram retomadas e foram encontradas, em 1966, partes de um outro crânio. Tão importantes pareceram estas descobertas, que a UNESCO, em 1987, classificou, a Gruta de Zhoukoudian , como Património Mundial, vindo esta classificação a motivar a continuação de novas escavações que reiniciaram em Junho de 2009[8].

egundo dados publicados pela Revista Nature as primeiras descobertas tiveram lugar entre 1919-1920, sendo o seu responsável um arqueólogo e geólogo sueco, denominado Johan Gunnar Andersson que ali se encontrava com alguns colegas. Supôs-se, então, que os primeiros achados poderiam ter mais de 200 mil anos, mas, mais tarde, veio a saber-se que possivelmente poderiam ser ainda muito mais velhos, cerca de 750 mil anos. Esta conclusão ficou a dever-se a três cientistas chineses e a um norte-americano que chegaram a essa conclusão, depois de terem analisado os sucessivos fósseis  que foram encontrados naquela mesma região[9].

 4.3- A Grande Muralha da China

A Grande Muralha da China foi começada no ano 221 a.C e terminada no século XV, durante a Dinastia Ming. Os seus muros[10] têm a largura média de sete metros na base e de seis metros no topo, erguendo-se a uma altura média de sete metros e meio. Os últimos estudos arqueológicos chineses, anunciaram, em Abril de 2009, que a extensão total da muralha é de 8.850 km[11].
De visita à Grande Muralha da China

4.4- Exército do Imperador Qin

O exército imperial (em estátuas de tamanho natural e construídas em terracota) e também conhecido por Guerreiros de Xian ou Exército do imperador Qin foi enterrado num túmulo gigante, junto ao Mausoléu de Qin Shihuang, primeiro imperador, cerca dos anos. 209-210 (a.C.).
Exército de terracota do imperador Qin[12]
A descoberta deste grandioso exército,  constituído por mais de  oito mil figuras de guerreiros e cavalos em terracota, e, em que cada exemplar tem as medidas de um homem  e animal normais, foi levada a cabo  em 1974, próximo da localidade de Xian. Como podemos imaginar, tal descoberta causou enorme admiração, não só na China, como também em todo o mundo, vindo, portanto a ser classificada essa aldeia, de Património Mundial, pela UNESCO.
Para uma melhor compreensão da importância deste achado arqueológico e da grandiosidade das figuras, achei por bem utilizar estas duas imagens que fui buscar à wikipedia, assinalando o seu respectivo site.
Vista geral da escavação[13]
De passagem pela cidade de Cantão, aproveitámos a ocasião para falar com o Bispo Católico, Dom Domingos Tam que, há bem pouco tempo, tinha sido libertado de um cativeiro de vários anos. Ficámos a saber que todos os donativos que quiséssemos enviar para a sua Igreja teriam de ser enviados em nome da Catedral e sob o lema da amizade do Povo Chinês.

 Detalhes de cavalos em terracota

5-     Visita às Filipinas



Também as Filipinas foram alvo de uma organizada visita, na qual tomaram parte professores do Liceu Infante Dom Henrique de Macau. Nesse país, constituído por um número sem fim de ilhas, houve a oportunidade de apreciar a simplicidade do povo, sobretudo da gente que habitava nas pequenas aldeias do interior, recantos verdadeiramente pitorescos paradisíacos, como aquele do qual se avista o Monte Apo,  que se situa perto de Davao, possui três cumes e atinge a altitude de 2.954 metros no ponto mais alto.  

 Debaixo do calor abrasador as águas refrescantes das cascatas pareciam uma bênção, sobretudo quando os visitantes se sentiam protegidos pelo guia filipino que se mostrou sempre amável e conversador. Dessa viagem, além de vários alunos do Liceu de Macau encontravam-se alguns professores, entre os quais Celeste Santo, Maria Tabita Almeida, Manuela, e uma outra que tinha um nome esquisito parecido a “Neftalina”.

 Foi uma bela ocasião de se poder presenciar  a particularidade da fé católica dos habitantes de Manila, através de actos a tender bastante para o fanatismo, como aquele de se auto-flagelarem e se deixarem flagelar e crucificar, no período da Paixão de Cristo. Dentro do autocarro, ficámos atónitos ao ver numa avenida uma procissão onde um indivíduo era flagelado e se auto-flagelava, sangrando abundantemente! 

Auto-flagelação em Manila (Filipinas)

Também testemunhou o matrimónio católico do seu amigo Gaspar, militar nas Oficinas Navais de Macau, ficando para a posteridade uma fotografia onde o casal se encontra com o irmão da noiva. 

Padrinho de Casamento do amigo Gaspar

6- Bispos de Macau de 1973 a 2012

6.1- D. Arquimínio Rodrigues da Costa 1973-1988

Dom Arquimínio é natural da freguesia de São Matgeus, concelho de Madalena, ILha do Pico (Açores). Nasceu a 8 de Julho de 1924 e foi, também de muito jovem, para o Seminário de São José de Macau, Província Portuguesa no Extremo Oriente.

Foi nomeado Governador do Bispado, por duas vezes: uma em 1963 e a outra em 1965 devido às ausências do então bispo titular, Dom Paulo José Tavares durante o Concílio Vaticano II. Posteriormente, entre 1968-1973 ensinou as disciplinas de Filosofia e Latim no Seminário de Aberdeen, em Hong Kong  sendo inclusivamente ali nomeado prefeito de Estudos do Curso Filosófico.

A 14 de Junho de 1973 foi eleito pel Cabido da Sé Catedral de Macau para exercer o cargo de Vigário dessa mesma Dioceses. E no dia 20 de Janeiro de 1976 foi nomeado Bispo de Macau pelo papa Paulo VI, vindo a ser sagrado na Sé Catedral de Macau, no dia 25 de Março desse mesmo ano.
No ano de 1987 indigitou para seu bispo auxiliar Dom Domingos Lam Ka-tseung, ficando como seu co-adjutor com promessa de ser seu sucessor, o que aconteceu no dia 6 de Outubro de 1988, ano em que Dom Arquimínio resignou, passando a ser Bispo-emérito dessa mesma Diocese. Foi, pois, o último Bispo  de etnia portuguesa da diocese de Macau.  
D. Arquimínio Bispo Emérito de Macau[14]

6.2- D. Domingos Lam Ka-tseung 1988-2003)

Nasceu em Hong Kong, no dia 9 de Abril de 1928, indo residir em Macau quando ainda era criança entrando e no Instituto Salesiano e Seminário Diocesano de São José, onde fez os seus estudos, em ordem ao sacerdócio. Foi ordenado sacerdote, em 27 de Dezembro de 1953;
Indigitado para Bispo Coadjutor de Dom Arquimínio, em 26 de Maio de 1987, foi sagrado Bispo Coadjutor em 08 de Setembro de 1987, tendo por Consagrante principal D. Arquimínio Rodrigues da Costa e por Co-Consgrantes, Dom James Chan Soon Cheong e John Baptisst Cardinal Wu Cheng-chung.
A 06 de Outubro de 1988, sucedeu, como Bispo de Macau, a Dom Arquimínio que pediu ao Papa a sua resignação.
Dom Domingos Lam desempenhou um papel muito importante entre os católicos macaenses, preparando-os para a transferência da soberania de Macau para a República Popular da China que teve lugar, como já se disse, a 0 de Dezembro de 1999, no dealbar da passagem do século XIX para o século XX e da entrada no II Milénio d. C.
Dom Domingos Lam Ka Tseung foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1990) e com a Grã-Cruz em 1996, pelo Presidente da República Dr. Mário Soares. Em18 de Dezembro de 1999, foram-lhe impostas as insígnias de Grande-Oficial da Ordem de Cristo, pelo Presidente da República Portuguesa, Dr. Jorge Sampaio, numa cerimónia solene que se realizou no Leal Senado de Macau. 

Imposição das insígnias de Grande-Oficial da Ordem de Cristo,
 pelo Presidente da República Portuguesa, Dr. Jorge Sampaio[15]


Com 75 anos de idade, resignou no dia 30 de Junho de 2003, sendo sucedido imediatamente por  Dom José Lai Hung-Seng que se mantém no cargo até aos dias de hoje. 
Dom Domingos Lam viria a falecer no dia 27 de Julho de 2009, tendo 81 anos de idade e 59 de sacerdócio.

6.3- D. José Lai Hung-seng (2003-)

Nascido na Ilha de Taipa, a 14 de Janeiro de 1946, recebeu o baptismo, em 07 de Outubro de 1950, das mãos do então pároco da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, o Cónego António Ngan.
Três anos, precisamente no dia 19 de Julho, foi confirmado por Dom João de Deus Ramalho, vindo a entrar no Seminário de São José no dia 05 de Setembro de 1958, onde fez, não somente o curso secundário, mas também o curso de Filosofia.
Em Junho de 1967, devido aos distúrbios da Guarda Vermelha e da Revolução Cultural Chinesa começada em 1966 de que falámos no artigo precedente, José Lai foi enviado para o Seminário Diocesano de Leiria (Portugal) para fazer o Curso de Teologia, findo o qual (em Junho de 1971) partiu para Grotta Ferrata (Roma), onde permaneceu seis meses de modo a participar nas actividades e experiências da “Vida Espiritual do Movimento dos Focolares”, tendo aí contactado com o actual Arcebispo de Braga, Dom Jorge Ortiga, também embebido da espiritualidade desse mesmo movimento, como eu tive oportunidade de o constatar, por termos sido colegas no Colégio Português de Roma[16].
 
Dom José Lai
A 23 de Janeiro de 2001 é indigitado para Bispo Coadjutor de Dom Domingos Lam, sendo Ordenado Bispo Coadjutor em 02 de Junho desse mesmo ano.
Em 30 de Janeiro de 2003, sucede a Dom Domingos Lam, passando a dirigir os destinos da diocese de Macau como Bispo residencial, cargo que mantém ainda nos dias de hoje[17].
Foi seu Bispo Consagrante Principal: Dom Domingos Lam Ka Tseung e seus Bispos Co-Consagrantes: Dom Arquimínio Rodrigues da Costa e John Cardinal Tong Hon[18].

7- Governadores e Encarregados do Governo de Macau de 1974-1999

7.1- José Eduardo Martinho Garcia Leandro (1974-1979)

 

Cumpriu cinco comissões de serviço no ex-ultramar, sendo duas em Angola onde desempenhou as funções de Comandante de Pelotão e Comandante de Bateria, uma na Guiné como Comandante de Companhia e uma em Timor como Chefe de Gabinete do Governador de Timor.
Em 13.11.74 assumiu as funções de Governador de Macau, cargo que desempenhou até 1.2.79. Na altura, sendo Major, foi graduado em Coronel, desempenhando também as funções de Comandante-Chefe das Forças Armadas de Macau.

 

Nascido em Luanda, Angola em 1940, e depois de várias funções, entre as quais duas como Comandante de Pelotãoi e de Bateria na Guiné e em Timor e uma como Chefe de Gabinete do Governador de Timor, assumiu, em 13 de Novembro de 1974, as de Governador de Macau, posto que manteve até 1 de Fevereiro de 1979. Foi, entretanto, graduado em Coronel,  desempenhando, simultaneamente, as funções de Comandante-Chefe das Forças Armadas de Macau[19].

7.2- Nuno Viriato Tavares de Melo Egídio (1979-1981)



Nascido em Tomar, a 18 de Fevereiro de 1922, Melo Egídio começou a sua carreira militar na Arma de Infantaria, em 1940. Esteve na guerra em África: em Angola comandou um batalhão em Nambuangongo e no sector de Malange. 
 Em Moçambique desempenhou o primeiro cargo civil, como Governador do distrito de Niassa, tendo sido comandante da zona operacional de Tete, do Comando Territorial do Sul e do Comando Operacional de Lourenço Marques. Governou Macau entre 1979 – 1981. Teve a honra de ser o primeiro Governador de Macau a visitar a República da China, em 1980, um ano após o reatamento das relações diplomáticas entre esse país e o nosso[20]. Faleceu em Lisboaa a 07 de Dezembro de 2011, sendo enterrado, no Cemitério do Alto de São João.

Nuno Viriato Melo Egídio[21]

7.3- Vasco Fernando Leotte Almeida e Costa (1981-1986)

Nasceu em São Sebastião da Pedreira, Lisboa a 26 de Julho de 1932 e faleceu em 25 de Julho de 2010. Depois de ter sido oficial naval e político, desempenhando vários cargos públicos, tais como o de Ministro da Administração Interna entre os anos 1975-1976, o de Primeiro-ministro interino em 1976 e o de  governador de Macau entre 1981-1986. Faleceu  às 16h de domingo, 25 de Julho de 2010, no Hospital da CUF, em Lisboa.

Almeida e Costa (à esquerda) e Stanley Hó (à direita), durante a assinatura do contracto de exploração dos jogos de fortuna e azar, em Macau
Foto A Capital (Arquivo GESCO)[22]

7.4- Joaquim Pinto Machado (1986-1987)

Joaquim Germano Pinto Machado Correia da Silva nasceu em 15 de Junho de 1930, na freguesia de Miragaia. Várias foram as funções que exerceu na vida académica e política, tais como: 

  • Fundador e Catedrático de Medicina no Porto (FMUP);
  • Director do Curso de Medicina da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho;
  • Deputado à Assembleia Nacional pelo partido (único) Acção Nacional Popular;
  • Secretário de Estado do Ensino Superior, em 1984 e 1985, num governo constituído pelo PS e pelo PSD (Bloco Central) e chefiado por Mário Soares;
  • Mandatário da candidatura presidencial de Mário Soares;
  • Nomeado Governador de Macau em 1985, cargo que exerceu entre 15 de Junho de 1986 a 08 de Julho de 1987, tendo sido o seu 1º governador não militar;
  •  Integrou a Comissão de Apoio a Cavaco Silva na campanha às eleições presidenciais de 2005, no período do Bloco Central, formado pelo PS e PSD e liderado por Mário Soares[23].
  • Faleceu em 14 de Março de 2011, no Hospital de São João do Porto, sua cidade natal.

7.5- Carlos Melancia (1987-1987)

Carlos Montez Melancia nasceu em 1927 e também ele exerceu várias funções, tais como:
  • Em 1976, dedicou-se activamente à política, surgindo ligado ao Partido Socialista e, particularmente, a Mário Soares.
  • Em Julho de 1976, assumiu funções como Secretário de Estado da Indústria Pesada do I Governo Constitucional, cargo que desempenhou até 25 de Março de 1977.
  • Secretário de Estado da Coordenação Económica, do mesmo Governo, tendo estado nessas funções de Março até Dezembro de 1977;
  • Ministro da Indústria e Tecnologia durante seis meses (30 de Janeiro a 28 de Julho de 1978);
  • Ministro do Mar, no IX Governo Constitucional, entre Junho de 1983 e Fevereiro de 1985;
  • Ministro do Equipamento Social, desde 15 de Fevereiro até Agosto de 1985;
  • Gestor em 1987;
  • Empossado por Mário Soares como Governador de Macau, em 1987;
  • Em 27 de Setembro desse mesmo ano, solicitou a exoneração do seu cargo de Governador de Macau.
  • Em Outubro de 2002, depois de ter sido investigado o crime que lhe era imputado de corrupção durante a sua governação em Macau, o Supremo Tribunal de Justiça indeferiu os dois recursos interpostos, considerando encerrado o processo[24].
Os ex-governadores Carlos Melancia e Garcia Leandro,
 de visita a Macau em11 Abr 2011 [25]

7.6- Murteira Nabo (1988-1991)

Francisco Luís Murteira Nabo exerceu as funções de Encarregado do Governo de Macau após CArtlos Melancia ter sido exonorado. Depois, entre Janeiro de 1988 e Maio de 1991, exerceu diversas funções no Governo de Macau, das quais se destacam as de Secretário-Adjunto para a Educação, Saúde e Assuntos Sociais, Secretário-Adjunto para os Assuntos Económicos [26].
Foi-lhe conferido o título de Doutor "Honoris Causa", pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Macau, em 2009, participando igualmente nessa distinção o antigo Presidente dos Estados Unidos da América, George Herbert Walker Bush.

Murteira Nabo ao receber o Doutoramento Honoris Causa
pela Universidade de Macau (Taipa)[27]
7.7- Vasco Joaquim Rocha Vieira (1991- 1999)
Nasceu em Lagoa, a 9 de Novembro de 1913. Depois de ascender ao generalato, foi Chefe do Estado-Maior do Exército e Ministro da República no Açores entre 1986 e 1991.
Em 23 de Abril de 1991 tornou-se o último Governador de Macau, mas já com o nome de “Governador de Macau sob a administração portuguesa”, pois que exerceu esse cargo até 19 de Dezembro de 1999, data em que a soberania desse Território foi transferida para a República Popular da China.

8- Despedida de Macau



Ninguém se despede de um lugar sem ficar marcado por recordações, especialmente por aquelas que se tornaram emblemáticas na vida de uma localidade exótica como o foi e é, ainda hoje, Macau. Portanto, deixar Macau há locais pertencentes a esse Território que marcam qualquer um que aí tenha residido, como o foram, por exemplo: a Gruta de Camões, e o Cemitério da Taipa. O mais difícil foi escolher aquelas fotografias que se parecem as mais emblemáticas.


São elas, por exemplo: as Ruínas de São Paulo, o Templo de Há-Ma, o Templo Pak Tai da Taipa, a Entrada do Cemitério da Taipa e o seu Monge da caridade, como sendo os mais perfeitos símbolos das Religiões Católica e Budista; a Estátua do Coronel Mesquita e  a Ponte da Amizade, como melhores representantes de duas civilizações em contraste e, finalmente, a Gruta de Camões, como o símbolo da poesia que é considerado  o mais acabado elo de união entre os nossos dois mundos e as nossas duas civilizações, tão díspares elas se apresentavam nos tempos em ali viveu o nosso "Sonhador Beirão". 
Ruínas de São Paulo[28]
  
Igreja do Seminário de São José
Templo Ha-Má
Templo Pak Tai na Taipa
Estátua do Coronel Mesquita
Entrada do Cemitério da Taipa

O Monge da caridade

  Na Gruta de Camões
Como o tempo da sua despedida estava prestes a chegar, foi até à Taipa e Coloane e ao regressar a Macau, lançou o seu último olhar a essa cidade de mistério e de sonho,
 Olhando para o seu passado em Macau
e, entre uma ténue neblina, despediu-se  dessa insondável  e sempre mistificada China que  já “tão longe lh' ía  ficando”!
Adeus à China

9- Em Lisboa

9.1- Professor na Universidade Católica Portuguesa  

Convidado, em 1980, a leccionar na Universidade Católica Portuguesa, foi fazer um ano de aggiornamento  a Paris e, em 1981, fixou-se em Lisboa, aí permanecendo até 1987, como professor de Estudos Bíblicos, chegando a desempenhar o cargo de Coordenador do Departamento de Teologia Bíblica dessa Universidade no ano lectivo de 1985/1986.
Universidade Católica Portuguesa (Lisboa)[29]
Aqui leccionou, Hebraico, História do Povo Bíblico e Exegese aos Evangelhos Sinópticos, a São Paulo e a São João.Sob a direcção desta mesma Universidade, leccionou também no  Instituto Superior de Teologia (Faculdade) de Braga, e na Faculdade de Teologia do Funchal como consta dos arquivos da mesma Universidade.

Foi, igualmente, convidado pelo Dr Dimas Almeida, então, Reitor do Seminário Evangélico de Teologia da Igreja Presbiteriana de Lisboa e investigador no Centro de Estudos de Ciências das Religiões da Universidade Lusófona, para leccionar  hebraico bíblico, nesse Seminário que se encontrava instalado na Avenida do Brasil, 92, 2º DTO, 1700 Lisboa. Foi nessa Rua que deu o primeiro ano (1985-1986), passando para a Rua Tomás da Anunciação no Bairro Santo Condestável, em 1986-1987. 

9.2- Em Lyon e Éculy



Nos anos lectivos 1987-1988 e 1988-1989 foi residir no Seminário “Sainte Irénée”, em Francheville, Lyon (França), dedicando o seu tempo, não só ao serviço social dos imigrantes portugueses de Eculy, mas também ao estudo da semiótica e à investigação bíblica na Faculdade Católica da cidade de Lyon, onde pôde aproveitar da sua boa biblioteca a que tinha livre acesso, inclusive fora das horas do expediente normal.
Situation géographique du Grand Lyon (avec Francheville et Eculy)[30]



Francheville encontra-se situada no Departamento do Rhône e região do Rhône-Alpes, a sudoeste de Lyon. O seu nome adveio-lhe do latim “Franca Villa”, em tempos idos, constituía o cruzamento das vias romanas que se dirigiam a Lyon (Lugdunum) que era a capital do mundo galo-romano para onde se dirigiam os mercadores do tempo imperial.
O seu velho Castelo foi construído, em 1193, sobre uma dura rocha, sobranceira ao vale do Yzeron, pelo arcebispo Renaud De Forez, com o objectivo de defender e proteger o seu território contra as invasões inimigas. Com o correr dos tempos, o seu estado de conservação começou a degradar-se e, no tempo do Cardeal Richelieu, entre os anos 1624 e 1642, foi, por mandado deste, deitar abaixo por pensar que de já não serviria para nada, sob o ponto de vista estratégico e defensivos.

Durante o tempo da Revolução Francesa, La Commune de Francheville passou a chamar-se, provisoriamente, Franche-Commune[31].

Les ruines du vieux Château de Francheville (Vue depuis le pont sur l’Yzeron[32]
Quanto ao Seminário, denominado de “Saint Irénée” podemos dizer tratar-se de uma fundação diocesana de cariz universitário, que constituía o principal núcleo da faculdade teológica de Lyon, possuindo, por isso, belas instalações, com uma riquíssima Biblioteca teológica, bíblica e filosófica.

Era ali que se podiam passar horas, a fio, a investigar. Os livros que mais sedutores eram, tanto os grandes dicionários bíblicos, principalmente o célebre Dictionnaire de la Bible[33] do grande teólogo, biblista e Apologista francês, Fulcran Grégoire Vigouroux que foi o primeiro secretário da Pontifícia Comissão Bíblica entre os anos 1903-1912, como também as grandes Bíblias Poliglotas, nomeadamente:  
  
  1. Poliglota Complutense (ou de Alcalá de Henares) que foi financiada pelo Cardeal Francisco Jiménes de Cisneros (1436-1517) e que inclui, não somente  as primeiras edições do Novo Testamento em grego, mas também a Septuaginta e o Targum de Onkelos, constituindo, portanto, uma obra completa,  constituída por seis volumes cuja publicação foi feita em hebreu, grego e latim entre 1514-1520.
Poliglota de Alcalá de Heñares[34]
  1. A Poliglota de Anvers (também dita, Poliglota de Árias Montano) que é constituída por oito volumes em hebreu, latim e grego e que foi publicada entre Julho de 1568, e Maio 1572, nas oficinas de Christophe Plantin en Anvers, dela sendo tirados 1.213 exemplares.
  2. A Poliglota de Paris que, sendo constituída por nove volumes com textos hebreu, samaritano, caldeu, grego, siríaco, latim e árabe, foi publicada entre os anos 1628 a 1655.
  3. A Poliglota de Londres (dita, também, de Brian Walton ) que foi publicada em seis volumes, entre os anos 1654-1657). Contém os textos grego e latino da vulgata; o texto Siríaco com a interpretação latina; o texto persa com a interpretação latina; o texto Árabe com a interpretação latina e o texto etíope com a interpretação latina. Todo este lavor pode ser avaliado e admirado através da fotocopia que dela dela foi feita nesse Seminário de St. Irénée.
Bíblia Poliglota de Walton ou de Londres

Foi nesta biblioteca e nestes grossos volumes que o “Sonhador” pôde aprofundar o gosto pela investigação bíblica e foi, ali e com o estudo dessas grandes obras, que nasceu o tema da sua tese de doutoramento. Sim, foi ali que “tropeçou” em Manuel de Sá, um biblista jesuíta português que, depois de ter nascido em Vila do Conde (Portugal), percorreu várias universidades europeias como estudante e professor, no século XVI, escrevendo, consequentemente, obras inquietantes de teor moral e bíblico, mexendo com as mentalidades religiosas e políticas, adormecidas, não só do seu tempo, mas, inclusive, de dois ou três séculos depois da sua morte
Nos fins-de-semana, deslocava-se a Eculy, uma Comuna pertencente ao Departamento do Rhône e situada a oeste de Lyon. Nessa Comuna pôde inteirar-se da existência do  Institute Paul Bocuse, da escola, dita École de Manegement de Lyon e ainda de l’École Centrale de Lyon.


A partir de alguns ossos e de algumas armas e moedas encontradas numa fossa, na subida de Balmont, pertencentes aos finais do século II d.C., alguns historiadores e arqueólogos pensa que, pelo menos uma porção do território de Éculy, terá constituído parte do campo, sobre o qual se defrontou no ano 197 d.C, o exército de Albino com o de Septímio Severo.


Durante o período romano, Lyon tornou-se a capital da colónia romana chamada Lugdunum como já foi dito e, em toda a zona, foram construídas pontes e caminhos. Restam, ainda, ruínas em Éculy, de um caminho que atravessava esta vila, para ir até Roanne e de um outro que passava por Vaise e se dirigia a Mâcon os quais foram abertos no tempo do imperador romano, Marco Vipsânio Agripa (ca. 63 a.C. — 12 a.C.).  



Foram também construídos aquedutos para levarem água para a Colónia Romana, os quais passavam, igualmente, por Éculy, como os aquedutos do Mont d’Or e o de “La Brevenne.

Efectivamente, este território, antigamente coberto por uma densa floresta, conserva marcas de uma antiguidade pré-histórica. Em 1860, ao ser aberto o Chemin des Tilleuls, foi descoberto um silo cheio de cinzas e ossos calcinados de corpos humanos, e ainda pedras polidas, cacos de louça e uma pedra côncava em forma de bacia, sílex, etc. o que demonstra a existência e habitação de seres humanos já na pré-história de Éculy[35].
Para além da Igreja Paroquial[36], é digna de Menção, a Igreja Saint Blaise[37], (que foi construída em 1846, sobre os alicerces de uma anterior igreja  do mesmo nome cuja construção datava do ano 1623, que também tinha sido reedificada sobre outra precedente e destruída por um incêndio em 1269. Na Igreja actual encontram-se, não só uma inscrição funerária cristã do século IV (debaixo do pórtico) e um baixo-relevo que representa a crucifixão de Cristo, pertencente ao ano 1500, mas também fontes baptismais do século XVII[38].
Igreja paroquial de Éculy[39]

 Église Sainte-Blaise

Fonte: 

9.3- Em Madrid

Desde 21 de Dezembro de 1989 até ao dia 27 de Junho de 1991, constituiu residência em Madrid onde lhe foi atribuida a direcção da Capelania e do Centro de Acolhimento dos Portugueses, residentes nessa cidade e onde onde desenvolveu um trabalho bastante agradável e proveitoso.
Esse Centro, chamado “Centro de Acolhimento da Paróquia Portuguesa de Madrid”, funcionava num grande Salão que pertencia à  Paróquia de San Lorenzo (28012 Madrid; Tel. (0034) 914 683 374), sito na Calle Salitre, número 33.
Nesse Centro, além de prestar serviço de solidariedade a portugueses, brasileiros, cabo-verdianos e outros, que se encontravam a residir ou de passagem por Madrid, realizavam-se e celebravam-se várias festas que eram animadas por coros, teatros, reuniões, cursos de Línguas (Portuguesa e Francesa), Trabalhos Manuais, Catequese, Preparação do Crisma, ensaios de Música, etc. Além destas actividades organizavam-se, igualmente, passeios na cidade de Madrid e excursões a outras localidades, como, por exemplo: a Aranguez, Chinchon, Vale dos Caídos, etc. Destas actividade, daremos, aqui, algumas recordações.

Coro do Centro Acolhimento.

Maria das Dores, exímia executante do Fado

Preparando as castanhas

Grupos de Cabo-verdianas

 Convívios no Centro

Representações de peças teatrais

Visita a Aranguez

Em Chinchon

No Vale dos Caídos

Também se participva, quando necessário, em Manifestações contra os abusos e os maus-tratos que eram infligidos aos imigrantes, sem se fazer distinção alguma entre etnias, credos, raças ou cores.

Manifestando nas avenidas de Madrid



Todo o trabalho que nesses dois anos foram desenvolvidos em Madrid, houve sempre o prestimoso auxílio de um grupo maravilhoso que era constituído maioritariamente por colegas, irmãs religiosas, amigas e amigos que residiam na Casa das Irmãs Portuguesas em Campamento.

Este bairro fica nos arrabaldes de Madrid e é delimitado pelos Bairros de Aluche, Las Águilas e Cuatro Ventos a Sueste, encontrando-se separados do mesmo pelo Passeo de Extremadura (A-5). Ao Oeste confina com o Término Municipal de Alcorcón e a Norte com o Término Municipal de Pozuelo de Alarcón e com o Distrito de Moncloa-Aravaca. É servido pelo Metro “Campamento”. Desse grupo, os mais envolvidos eram os padres Marcelino, da Diocese de Portalegre e o padre António Cabral, pertencente a um Seminário Religioso de Gouveia.

Grupo de Campamento

10- Em Lisboa e Loures

10.1- Professor do Ensino Básico e Secundário

De 1992 até 2007, voltou, mais uma vez à capital lusitana, passando, então, por várias escolas do Ensino Básico e Secundário para leccionar, daí em diante, Português, Francês e Desenvolvimento Pessoal e Social no Instituto de Ciências Educativas; na Serra da Amoreira; no Externato de Odivelas, então, concelho de Loures; na Escola Maria Veleda em Santo António dos Cavaleiros e na Escola 2.3 do Catujal.

Como as licenciaturas em Teologia e em Ciências Bíblicas não lhe davam acesso ao ensino nas Escolas Oficiais a outras disciplinas, matriculou-se na Universidade Aberta, onde, em exercício,  alcançou:

  • A Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Portugueses e Franceses (Universidade Aberta, Lisboa, 21.III.1996, Lisboa);
  • O Curso de Qualificação em Ciências da Educação (Universidade Aberta 8.11.1996);
  • A Profissionalização no 8º Grupo B – Grupo 21 – Português e Francês, (Universidade Aberta, Lisboa de 1997;
  • O Mestrado em Relações Interculturais – subjugado ao tema: Manuel De Sá – Paradigma De Interculturalidade (Universidade Aberta, Lisboa, 06 IV 2000), tendo por orientadora a Professora Doutora Maria Natália Pereira Ramos. Para o Júri da apresentação de provas, foram nomeados, por Despacho Reitoral de 17 de Fevereiro de 2000, os Senhores Professores: Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade, professora catedrática da Universidade Aberta (Presidente), Doutor Joaquim Carreira Martinho das Neves, professor catedrático da Universidade Católica Portuguesa (Arguente), e a Doutora Maria Natália Pereira Ramos, professora Auxiliar da Universidade Aberta (Orientadora).Esse acto foi secretariado pela Dr.ª Isabel Maria dos Santos Gelásio Florentim e foi-me atribuída, por unanimidade, a classificação de “Muito Bom”.
Na Acta cuja cópia me foi entregue, depois de autenticada com o selo branco da Universidade Aberta, constava o seguinte: “Tendo em conta o carácter inovador da temática escolhida, a metodologia seguida e adaptada ao objecto de estudo, a investigação realizada, a qual é bastante aprofundada e fruto de múltiplas e variadas fontes científicas, nomeadamente de ordem histórico, cultural, literária, exegética, a sua importância e pertinência para a perspectiva da interculturalidade e a adequação das respostas do candidato às questões que lhe foram formuladas, o Júri encorajou o candidato a publicar este trabalho após a reformulação de alguns pontos que virão valorizar o mesmo”.
Terminada a sessão o Júri e alguns amigos foram convidados para ir almoçar ao restaurante que se encontra no Jardim da Praça Príncipe Real, onde, por sugestão da Professora Doutora Mª Beatriz Rocha-Trindade, nos foi servido um belo cozido à portuguesa. Será de notar que a esplanada desse restaurante e este mesmo se encontra à sombra de uma árvore gigante que estende os seus ramos, em circo, sobre uma armação artificial de cantoneira.

Árvore gigante no jardim do Príncipe Real.

  Entretanto, foi-se valorizando, igualmente, participando em diversos Seminários nacionais e internacionais e participei num Curso de Aperfeiçoamento na Língua e Literatura Francesas, em Cap d’ail, France (14 - 25 VII - 1997), como bolseiro do Gabinete de Assuntos Europeus e Relações Internacionais – Agência Sócrates.

10.2- Belezas de Lisboa


Na Capital portuguesa, serviu de guia a muitos amigos e conhecidos que passaram por sua casa, aproveitando a oportunidade para fotografar locais que mais o entusiasmaram, tais como: estátuas dos nossos escritores clássicos, ruas pitorescas, praças, e largos mais simbólicos dos quais se apresentam alguns exemplares.
 
Uma rua da Baixa
 Praça da Figueira
D. Pedro IV

Praça Martim Moniz
Outro aspecto da mesma Praça

Estátua de Marquês de Pombal

Uma outra Rua da Baixa de Lisboa

10.4- Inscrição no Doutoramento

No dia 21 de Janeiro de 2005 candidatou-se ao Doutoramento em Educação (UPIDH) na Universidade Portucalense, Infante D. Henrique, sendo-lhe atribuído o número de candidato 4423135/DOU. Como confirmação, recebeu, dia 26 de Janeiro do mesmo ano, a seguinte resposta:
“Ex.mo Senhor
(.......)
Nos termos do nº 1 do art.º 20 do decreto-lei número 216/92 de 13 de Outubro, comunico a V. Ex.a que por deliberação do Presidente do Conselho Científico e de acordo com a deliberação da Comissão do Conselho Científico do respectivo Departamento foi aceite a sua candidatura ao Doutoramento em Educação, no dia 24 de Janeiro de 2005.
Porto, 26 de Janeiro de 2005
P’lo Presidente do Conselho Científico
Prof. Doutor Francisco da Costa Durão”.
Para Orientador da tese que versaria sobre a figura do Jesuíta Português Manuel de Sá, biblista do século XVI, escolheu o Professor Doutor Joaquim Carreira das Neves, cuja aceitação e nomeação foi homologada pela mesma Universidade Portucalense, resolução que lhe foi dada a conhecer, a 12 de Fevereiro de 2007, pela Coordenadora dos Doutoramentos em Educação, Professora Doutora Alcina Manuela de Oliveira Martins, Professora Associada com Agregação da UPT.
Também a Universidade Católica Portuguesa, pela voz do seu então Reitor Manuel Braga da Cruz, deu a devida autorização para que o Doutor Carreira das Neves pudesse orientar a suainvestigação, para o que, dirigiu, em 23.02.2007, uma carta à Sra. Professora Doutora Alcina Manuela de Oliveira Martins.
Universidade Portucalense Infante D. Henrique[40]
Terminados que foram os trabalhos de investigação e de redacção da tese e aplanadas todas as dificuldades burocráticas, apresentou a sua tese policopiada e digitalizada que teve o título de: Manuel de Sá – Um diásporo quinhentista português ao serviço da educação e da interculturalidade.
Tendo-lhe sido fixado o dia 29 do mês de Julho de 2009 para a apresentação de provas dirigiu-se à Sala de Provas da Universidade Portucalense, onde perante um Júri, composto por sete Professores, expôs o assunto e respondeu a todas as questões que lhe foram colocadas.

Finalmente, ouviu da parte do Presidente do Júri, a confirmação de que tinha sido Aprovado com Distinção e Louvor, o que pode ser comprovado pelos registos da Universidade e pelo Diploma que lhe foi passado e que ficou guardado nos arquivos pessoais.


 


 Referências
 
[1] exerceu esse cargo nos anos de 16-10-1975 a 19-2-1978.




[5] Cf. Lamb, Andrew. ‘Southwest Colorado Man’ and the year of the one-tooth wonders Creation Ministries International. 2007.

[6] wikipedia.org/wiki/File:Sinathropus_pekinensis.jpg



[9] http://revistageo.uol.com.br/cultura-expedicoes/0/cientistas-estimam-homem-de-pequim-teria-ao-menos-200-mil-128739-1.asp. O artigo Age of Zhoukoudian Homo erectus determined with 26Al/10Be burial dating, de Guanjun Shen, pode ser lido em www.nature.com.


[11] Segundo nova investigação, realizada antes da publicação deste blog (14.10.2012)


[13] Ibidem.

[14] http://fotos.sapo.pt/martinhomarco/fotos/?uid=dWbNGczr4q0O3r4uYkkZ#grande

[15] http://phalerae-jvarnoso.blogspot.pt/2009/07/dom-domingos-lam-ka-tseung-bispo.html

[16] Cf.  http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Lai_Hung-seng


[18] http://www.catholic-hierarchy.org/bishop/blaihs.html

[19] http://www.lacm.org.pt/conheca-o-cm/outros-antigos-alunos-de-relevo/garcia-leandro









2) ARNÁIZ, Eusébio Pe – Macau, Mãe das Missões no Extremo Oriente. Separata do “Boletim Eclesiástico”, 1957,  Tipografia Salesiana, Macau, 182 p., + 2.

[29] http://www.google.com/imgres?hl=pt-BR&client=firefox-a&rls=org.mozilla:pt-PT:official&channel=np&biw=974&bih=681&tbm=isch&tbnid=hGblEYT2kO10bM:&imgrefurl=http://www.clsbe.lisboa.ucp.pt/site/custom/template/fceetplchancyv2.asp%3FsspageID%3D546%26lang%3D1&docid=3VCqn8-ANPeNuM&imgurl=http://www.clsbe.lisboa.ucp.pt/resources/images/AFCEE/Edificio4.jpg&w=600&h=399&ei=mf2TUKrhCIywhAeop4FA&zoom=1&iact=hc&vpx=658&vpy=154&dur=5038&hovh=183&hovw=275&tx=137&ty=112&sig=104467402285254441982&page=1&tbnh=132&tbnw=194&start=0&ndsp=16&ved=1t:429,r:3,s:0,i:75




[33] Dictionnaire de la Bible[33], contenant tous les noms de personnes, de lieux, de plantes, d'animaux mentionnés dans les Saintes Écritures, les questions théologiques, archéologiques, scientifiques, critiques, relatives à l'Ancien et au Nouveau Testament, Paris : Letouzey et Ané, 1895–1912 (avec de nombreux collaborateurs) Sur Gallica 2



[36] Dados actuais: Cure : place Abbé Charles Balley;Tél. : 04 78 33 11 76; Fax : 04 78 33 30 91
Cure: Père Christian Ponson.

[37] 10 place Charles de Gaulle. 






 

Josephus, Flavius (1957 Ed.), The Life and Works of Flavius Josephus, William Whitson, Translator (Philadelphia: John C. Winston Co.).
Pritchard, James B. (1973), The Ancient Near East – An Anthology of Texts and Pictures (Princeton, NJ: Princeton University Press), Vol. I.
Rawlinson, George (1873), Historical Illustrations of the Old Testament (Boston: Henry A. Young & Co.).
Rawlinson, George (1950 Ed.), “Ezra,” The Pulpit Commentary (Grand Rapids: Eerdmans), Vol. VII.
Xenophon (1893 Ed.), Cyropaedia, J.S. Watson and Henry Dale, Translators (London: George Bell & Sons).


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