Thursday, December 27, 2012

MOÇAMBIQUE 2003 (VI)



ÍNDICE


 

CAPÍTULO UM: PREPARAÇÃO DA EXPEDIÇÃO DA MOSSÁFRICA

Moçambique com as suas 18 Províncias e Países Fronteiriços
Fonte: Fundo Nacional do Turismo (FUTUR) 

·         Gerador,
·         Bomba de água com a respectivo balão,
·         Peças afins

Compra de 1 Gerador com Bomba e afins

 No dia 18 de Março, o Adelino e eu fomos à Rua da Boavista, Lisboa, para vermos geradores e bombas de água para levarmos para Saua-Saua, a fim de termos luz e água nas duas primeiras casas recuperadas. Percorremos quase todas as lojas da especialidade e outras, apreciando o material e comparando preços, vantagens de uns e desvantagens de outros. Por fim regressámos à primeira loja – RIPOMPE, LDA, Rua da Boavista, TEL. (21) 3463620 / FAX (21) 3463856, n.º de Contribuinte 500820392 –, que foi a que nos pareceu oferecer melhores condições. Combinámos com os responsáveis a fim de escolher um dia para nos fazerem uma demonstração, tanto com o gerador, como com a bomba, ficando assente que seriam eles a comunicar-nos, por telefone, o dia dessa demonstração.
Passados dois dias, isto é, no dia 20, voltámos ao local para a dita demonstração. Ambos os engenhos trabalhavam. A partir do momento em que pareciam estar em boas condições e após algumas instruções relativas à instalação e funcionamento de ambos, adquirimos:

Despesas e custódia do material

O custo de ambas as máquinas foi de 762,77 Euros, equivalente a 152.921,70 Escudos portugueses.
As despesas foram saldadas por cheque n.º 3424581607, da Caixa Geral de Depósitos, sob a Conta n.º 000 116190230 de José Coelho Matias, que assim adianta esta quantia à Mossáfrica para esse efeito.
Todo o material foi guardado em casa do associado José Coelho Matias e será, de novo, posto à prova num poço, possivelmente na propriedade dos pais do Adelino Antunes, no Pinhal Novo. Só depois desta prova, será devidamente embalado para seguir para Maputo, nas férias da Páscoa, ou noutra altura que se mostre mais propícia.

Assembleia-geral

Neste dia procedeu-se a mais uma Assembleia-geral da Mossáfrica (ONGD) que teve lugar em casa de José Coelho Matias com a seguinte agenda:
  1. Ponto Um: Informações,
  2. Ponto dois: Admissão de Novos sócios,
  3. Ponto três: Outros assuntos
Na falta de todos os membros da Mesa da Assembleia, foi eleita, por unanimidade, para presidente da mesma a Dra. Maria Tabita Ferreira dos Santos Rebelo de Almeida e para Secretário Emídio Marques. Faltaram à reunião: Eng. João Palmeiro, presidente da Assembleia cessante, do qual recebemos uma carta apresentando a sua demissão da Associação, o Prof. Manuel Matias, Secretário, que alegou, dias depois, ter trocado o dia; e o Eng. Alfredo Raposo, Vogal da Mesa, que, na última reunião declarara verbalmente ser sua intenção escrever uma carta de despedida, mas que, até à data desta reunião, não chegou à sede e Maria do Carmo Saraiva Amaral da Encarnação, presidente do Conselho Fiscal, que se fez representar por Adelino Torres Antunes.

Novos Corpos Sociais

Já no uso do direito ao voto e a ser eleitos, os novos membros presentes tomaram parte na votação para os Novos corpos sociais para o biénio 2003-2005. Feita esta ficou assim constituída a:

Mesa da Assembleia-geral:

Presidente: Fernando Curado Matos;
Secretário: Manuel Matias;
Vogal: António Coelho Matias;

Direcção:

Presidente: Adelino Torres Antunes,
Vice-presidente: José Coelho Matias,
Tesoureiro/Secretário: Emídio José dos Reis Marques e

Conselho Fiscal:

Maria do Carmo Saraiva Amaral da Encarnação,
Marieta da Palma Miguel.
Depois desta eleição, no ponto “outros Assuntos” esclareceu-se a situação do dinheiro que tem vindo a ser adiantado à Mossáfrica por alguns dos seus membros. Assim, ficou aprovado que todo o dinheiro que seja adiantado por qualquer membro terá de ser registado em conta separada, sendo claramente mencionados o montante e o nome de quem o adiantou para que, em data propícia, possa ser reembolsado. O mesmo deverá ser posto em prática quanto ao dinheiro já enviado por Maria Tabita e Adelino Antunes em nome deles os dois, assim como em nome de José Coelho Matias, Emídio e Clementina Marques e Maria do Carmo), através dos correios e bancos, e enviado para Sr. Amarchande, com a finalidade de pagar aos trabalhadores e comprar materiais para a reconstrução de algumas casas de Saua-Saua.
Esta resolução consta na Acta nº um de dois mil e três de 21 de Março, que, na página14 diz o seguinte:
O sócio Fernando Curado Matos manifestou que deveria ficar expresso em termos de contabilidade da Associação todos e quaisquer dinheiros dos sócios que, recorrendo a fundos próprios, efectuaram adiantadamente para assuntos relacionados com a Associação devendo os mesmos ficar documentados devidamente para que no futuro e no caso de haver fundos por parte da Associação, poderem os mesmos ser ressarcidos, devendo para tal tais movimentos ficar devidamente registados em contabilidade da Associação numa rubrica denominada de empréstimos dos sócios, assim como todo o dinheiro das quotas por saldar devesse figurar numa rubrica intitulada de quotas não cobradas”.

·         Reunião com Membros da AEDES,
·         Prazos à AEDES, para finalizar o Estudo de Viabilidade

Reunião com a AEDES/ISCSP e ausência da Dra. Sónia


 Hoje tivemos mais uma Reunião com a AEDES, representada pelo Dr. Salazar de Campos e pelo Engenheiro Calado Lopes, no intuito de avançarmos com o projecto de Viabilidade económica. A Dr.ª Sónia, por volta das 15:45h, por telefone, pede para a desculparmos por não poder estar presente, devido à doença do seu pai, desculpa que se tem repetido e tem sido desculpada sempre pelo próprio patrão, com a explicação de que ela está a fazer-nos um favor!
Começámos a reunião por volta das 16 horas. O Eng. Calado Lopes apresentou e explicou os esboços que fez de:

·        Hangar e Anexos para guardar material, constando de Armazém de adubos;
·        Armazém de combustíveis, lubrificantes e acessórios;
·        Armazém para fito fármacos: sementes e equipamentos de aplicação.

Este projecto foi aceite como sendo construído de raiz, idealizado alicerçado sobre a adaptação de instalações pré-existentes.

Prazos estabelecidos para o estudo de Viabilidade

Desde esta data, até ao dia 21 de Julho (data da entrega do Estudo de Viabilidade Económica, e Financeira muita tinta correu) muitas reuniões se fizeram com a AEDES, mas sem resultados visíveis e práticos. O projecto foi introduzido no IPAD, mas sem o devido feed back, pois, conforme foi enviado, pareceu-nos a nós, não poder ter grande aceitação. De facto faltava-lhe esse “Estudo” que nunca foi feito pela Dra. Sónia, a economista contratada pela AEDES/ISCSP, com grandes prejuízos para a nossa Associação, pois tudo se foi arrastando e os números, antes tidos por razoáveis, foram perdendo a sua actualidade.
Em determinada altura, e já no tempo da nova gerência, a Direcção comunicou a vários sócios, entre os quais Fernando Matos, António Matias e Pedro Loforte, a decisão de estabelecer Prazos à AEDES para terminar o Projecto. Recebidos os ecos desses sócios deveremos reunir com o Dr. Salazar de Campos e Eng. Calado Lopes aos quais exporemos a nossa preocupação, e lhe comunicaremos, oralmente e por escrito, um prazo para a finalização do Estudo pretendido.
A 30/04/03, e em colaboração com a AEDES, foi enviada a documentação relativa à 1ª fase do Concurso para a apresentação de projectos de ONGD com uma carta que dizia:

Assunto: Projecto Saua-Saua.

Para efeitos de apreciação e possível co-financiamento pelo IPAD, junto enviamos o Projecto de Saua-Saua promovido pela Associação Mossáfrica-Formação e Desenvolvimento, registada no ICP com o número 8060, de 4 de Dezembro de 2001.
Refere-se, a propósito, que o Estudo de viabilidade económica e financeira do projecto se encontra em fase de conclusão, o qual será oportunamente entregue nessa instituição.
A Mossáfrica encontra-se à disposição do IPAD para qualquer esclarecimento que venham a considerar conveniente.
Com os melhores cumprimentos.
O Presidente Adelino Antunes.”
Como se vê o Projecto entrou coxo e não poderia caminhar airosamente.

·         Documento, exigindo o Estudo de Viabilidade
·         Tomada de Conhecimento do Dr. Salazar de Campos
·         Comunicação da decisão à Dra. Sónia
                                                                                                              

Documento, exigindo o Estudo de Viabilidade

Depois da direcção da Mossáfrica ter realizado uma reunião, no dia 4 de Junho, foi decidido entregar à AEDES um documento para lhe comunicar a nossa decisão relativamente ao termo do Estudo de viabilidade. Eis o texto do documento:
“Exmos. Senhores
Na reunião da Mossáfrica, em 4 de Junho de 2003 e depois de ter sido analisado o estado de desenvolvimento do Projectos Saua-Saua,
Considerou-se que:
1.      O Projecto Saua-Saua se encontra há mais de três anos em fase de gestação, da qual apenas resultaram elementos dispersos,
2.      Alguns desses elementos foram elaborados pela Mossáfrica,
3.      O Estudo de Viabilidade Económica do Projecto continua a não se encontrar ultimado, sendo os dados mais recentes, meros mapas de exploração avícola,
4.      Dos elementos apresentados como peças destinados à elaboração do Estudo de Viabilidade Económica, não constam quaisquer estudos referentes à exploração hoteleira (um dos pilares da estruturação do Projecto – vertente turística – e seu sustentáculo),
5.      Em Julho próximo processar-se-á a terceira deslocação auto-financiada de responsáveis da Mossáfrica a Moçambique (pelo que se receia que não haja elementos concretos para serem apresentados junto de entidades responsáveis locais),
6.      Os sucessivos adiamentos do projecto têm prejudicado seriamente a persecução dos objectivos definidos neste.

A direcção da Mossáfrica decidiu que:
a)                  O Projecto deverá estar ultimado e entregue até ao dia 15 de Junho de 2003 (versão para análise e estudo),
b)                  Da referida data, e até ao dia 15 de Julho, deverá processar-se a análise conjunta do Projecto e, nesta data, deverá estar concluída e entregue a versão definitiva do mesmo
A não se verificarem estas condições, a Mossáfrica reserva-se o direito de procurar outra organização para a conclusão do projecto, denunciando o contrato que celebrou com a AEDES,
O Presidente, Adelino Torres Antunes”.

Tomada de Conhecimento do Dr. Salazar de Campos

Este documento foi apresentado e lido, na reunião que tivemos com os elementos da AEDES, no dia cinco de Junho de 2003, tendo o Dr. Salazar de Campos escrito pelo seu próprio punho as seguintes palavras: “Tomei conhecimento. LX, 05.06.2003. José Salazar de Campos

Comunicação à Dra. Sónia

O Dr. Salazar Campos disse que logo iria comunicar a nossa decisão à Dra. Sónia, a qual se encontrava em São Tomé e Príncipe. Antes de partir para este país ela garantiu-nos terminar o trabalho num curto espaço de tempo, visto, disse, estar quase tudo pronto.
Passados alguns dias, esta impelida pelas circunstâncias e instada pelo Dr. Salazar Campos, enviou um acervo de documentação desconexa e sem alguma utilidade prática.

11 DE JUNHO DE 2003: COMUNICAÇÃO AOS SÓCIOS DO ULTIMATO, DADO À AEDES
Assinado e enviado pela presidente Maria Tabita Almeida, seguiu para os sócios António Matias, Emídio Marques, Confortrans, Fernando Matos, Pedro Loforte, a seguinte mensagem:
“Caros amigos, Como sabem a Mossáfrica tem um contrato celebrado com a AEDES no sentido de eles elaborarem o projecto de Saua-Saua e o seu estudo de viabilidade económica. A economicista encarregada desse estudo deslocou-se para S. Tomé e Príncipe, sem ter terminado esse estudo até à data que lhe foi estabelecida por nós. Assim, a partir do dia 15/06/2003 a Mossáfrica reserva-se o direito de terminar esse contrato.
Entretanto fomos contactados pela empresa AEDES, a que a Dra. pertence, no sentido de propor outro economista para acabar o dito trabalho.
Perante esta situação pensamos reatar as negociações, embora com algumas alterações, a saber:
1.      Entrega do projecto até 06/07/2003;
2.      Acompanhamento e esclarecimento do projecto à Mossáfrica de 07/07/2003 a 20/o7/2003;
3.      A alteração no projecto actual da situação dos frangos, substituindo-os por culturas biológicas – ananás/abacaxi, maracujá e goiabas, etc;
4.      Renegociação do contrato actual”.
Eng. António Matias responde desta forma:
“Considerando que a conclusão do projecto já se arrasta há bastante tempo, deveremos acompanhar/controlar a execução do mesmo, pois não venha a acontecer de novo que chegue a data limite e o trabalho continue por concluir.
Assim dever-se-á propor/exigir a apresentação de uma calendarização semanal do trabalho, sendo de imediato cancelado, caso se verifique qualquer deslize no cronograma previsto.
Na renegociação deveremos garantir penalizações em caso de incumprimento.
Quanto à alteração relativa aos frangos, penso que será uma boa solução. Cumprimentos. António Matias”

03 DE JULHO DE 2003 (6ª FEIRA) (CONTROLO SANITÁRIO E PREPARAÇÃO DA VIAGEM A MOÇAMBIQUE)

·         Consulta médica no CISCOS (Centro de Investigação em Saúde Comunitária),
·         Cuidados a ter,
·         Tomada dos Medicamentos recomendados
Trata-se de um Departamento de Saúde Pública, instalado na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, sita na Praça Mártires da Pátria.

Consulta médica

Aqui nos dirigimos (Tabita Almeida, Adelino Torres, António e José Matias) para uma Consulta médica. Recebidos (António e José) pelo médico João Luís Baptista, especialista em medicina tropical, cujo contacto é o seguinte 218 803 009, assistimos a uma longa e útil prelecção sobre os cuidados a ter em terras africanas, nomeadamente em Moçambique.

Cuidados e Precaução


  1. A alimentação deve ser sempre bem cozida; saladas sempre bem lavadas com uma gota de lixívia; fruta descascada por nós próprios e nunca quente nem em demasia;
  2. As bebidas devem ser engarrafadas, e tomadas sem gelo, porque este não se sabe de que água terá sido feito;
  3. Devido ao ambiente que nos rodeia devemo-nos proteger contra os mosquitos e moscas, utilizando insecticidas próprios, como: Dum-Dum para os quartos e salas, algum tempo antes de neles entrarmos, repelentes – AUTAN, PREBUTIX, TABARD ou outro que contenha DEET com os quais devemos besuntar as partes do corpo, expostas ao ar;
  4. Quanto aos medicamentos uns tornam-se obrigatórios, como aqueles que são de combate ao paludismo.
    1. Toma-se um comprimido de MEPHAQUIN todas as semanas, começando na semana anterior à partida e terminando quatro semanas depois do regresso.
    2. Este comprimido deverá ser tomado sempre no mesmo dia, isto é, de sete em sete dias, e de preferência à noite, porque pode causar algumas náuseas ou tonturas;
    3. outros serão aconselhados como a vacinas contra a Febre-amarela e antitetânica.

Toma dos comprimidos

  1. Para quem parte no dia 22 de Julho e regressa a 23 de Agosto deverá tomar o comprimido nos dias:
·        15, 22 e 29 de Julho;
·        05, 12, 19, 26 de Agosto;
·        03, 10 e 17 de Setembro;
  1. 2. Para quem parte no dia 22 de Julho e regressa no dia 08 de Agosto (o Tó) deverá tomá-lo nos dias:
·         15, 22, 29 de Julho;
·         05, 12, 19, 26 de Agosto e 02 de Setembro.
  1. Partindo no dia 23 de Julho e regressando no dia 8 de Setembro, deverá tomar:
·         Antes da partida: no dia 16 de Julho;
·        Durante a estadia: nos dias 23,30 de Julho; 6, 13,20,27 de Agosto e 4, de Set.,
·        Após o regresso, nos dias 11,18, 25, de Setembro e 2 de Outubro.
  1.  Quem partir no mesmo dia e regressar no dia 15 de Agosto, começará no mesmo dia e continuará a tomá-los até ao dia 11 de Setembro inclusive.

Dever-se-á, portanto, providenciar pela compra de 13 comprimidos

Como agir em casos especiais de diarreia, malária e outras infecções


Diarreia ligeira: utilizar IMODIUM: 2 comprimidos e outro após cada dejecção num máximo até 8 comprimidos por dia;
Diarreia grave: utilizar NIXIN 500, tomando 2 comprimidos de 123/12 horas, durante 5 dias e se não passar, até acabar a caixa;
Diarreias agudas e crónicas: utilizar DIMICINA, tomando (adultos) 1 a 3 comprimidos de 6/6 horas ou de 8/8 horas dependendo das situações; (crianças 1 comprimido de 6/6 horas. Se necessário dissolver os comprimidos e administrar juntamente com a comida.
Malária: contra esta febre deve-se utilizar HALFAN, tomando 2 comprimidos de 6 em 6 horas, em três tomas;
Infecções causadas por germes sensíveis às tetraciclinas (respiratórias, genito-urinárias, oftalmológicas): utilizar ACTICIDOX 100, tomando 1 comprimido por dia nos primeiros 10/15 dias e depois alternados (ver modo de tomar nas instruções); CLAVAMOX 500, tomando 1 a 2 comprimido de 8/8 horas ou CLAVAMOX DT, tomando 1 comprimido de 12/12 horas;
Dores fortes: utilizar JABASULIDE, tomando 1 comprimido de 12 em 12 horas, mas com o estômago cheio (SOS);
Controlo da febre: ingerir BEN-U-RON, tomando 2 comprimidos de 8 em 8 horas (SOS);
Os prazos eram para ser cumpridos, caso contrário o projecto seria retirado a esta associação. Obrigados pelas circunstâncias, recorreram aos préstimos do economista, Dr. Jaime Duarte que se comprometeu a rever o acervo da documentação coligida e a apresentar o primeiro esboço do Estudo de Viabilidade até à data da nossa partida para Moçambique
Da parte da AEDES assistiu apenas a esta reunião o Eng. Calado Lopes, e da nossa parte estiveram presentes Adelino Antunes, Maria Tabita Almeida; Manuel Matias, Emídio Marque e eu própria. A falta do Dr. Salazar de Campos não foi justificada, pelo menos, quanto eu me recordo. Talvez fosse por doença.
O Dr. Jaime Duarte apresentou-nos o que já atinha feito e nós fizemos os devidos aditamentos.
Terminados todos os nossos aditamentos, pareceu-nos que o Estudo estaria em condições de ser apresentado, necessitando, evidentemente, de devidos acertos, no futuro, à medida que fosse estudado pelas entidades financiadoras, como nos foi dito pelo próprio economista. Foi-lhe dado o aval para o terminar, sendo-nos garantido que, no dia 21 de Julho, Segunda-feira, poderíamos ir recebê-lo das mãos do Eng. Calado Lopes, fotocopiado em vários fascículos.
Assim aconteceu. Nesse dia, por volta das doze horas, lá foram o Adelino e a Tabita receber os exemplares prometidos, sendo ainda rectificados pela nossa equipa alguns pequenos deslizes, antes de serem levados para Maputo e Nampula, por mim e por meu irmão, Eng. António Coelho Matias que deveríamos partir dia 23 de Julho de 2003.
Assim o dia 21 de Julho de 2003 foi considerado o “Dia memorável de 21 de Julho”. O que acontecerá, ainda, ao Projecto até ser implementado no terreno? Estamos para ver!

CAPÍTULO DOIS: A MOSSÁFRICA EM MOÇAMBIQUE

·         Partida
·         Entrega do Estudo de Viabilidade ao Eng. Loforte,
·         Visita de cortesia ao Sr. Raul Amarchande

Partida

Após os preparativos e acompanhados pelos associados supra mencionados, dirigimo-nos ao Aeroporto da Portela para demandarmos o Mossuril, via Maputo, Pemba e Nampula. Embora o voo TAP 1281 estivesse marcado inicialmente para as 18:30 horas e mudado para as 19:30h, o avião só descolou por volta das 20:30 horas. No entanto, apesar de todos os contratempos, tanto a descolagem como a viagem e aterragem no aeroporto internacional de Maputo, às 07:00h da manhã locais, decorreram dentro da normalidade.
Uma vez ali chegados, procedemos às formalidades legais, sendo enganados por um magarefe que, por artimanhas, nos encaminhou para fora da fila normal que daria para a alfândega, dizendo-nos que tinha sido o chefe que o indicara, mas ao qual deveríamos dar uma boa gorjeta. Procurando nos bolsos uma nota, pego numa de 20 euros e faço nova tentativa para encontrar uma de dez. Mas, eis que o sujeito me ripa da mão a de vinte e se põe na alheta! Pouco tempo depois reaparece, dizendo que já tinha dado a dita nota ao chefe e que agora vinha buscar outra para si próprio! Aborrecido com o sucedido, dirijo-me a ele e reenvio-o pelo mesmo caminho dizendo-lhe que, se fosse agora, nem aquela tinha levado, pois na bagagem não tinha nada de ilegal. Com tudo isto, e com o tempo que demorámos a reaver a bagagem, chegaram às 08:30 horas!

Entrega do Estudo de Viabilidade ao Engenheiro Pedro Loforte

Verificando que o Engenheiro Pedro Loforte (a quem tínhamos de entregar algumas Cópias do Estudo de Viabilidade Económica do Projecto Saua-Saua), não aparecia, telefonei-lhe. Ficou admirado e incomodado por ver que já nos encontrávamos em Maputo, quando, segundo os seus cálculos baseados nas informações recebidas de Lisboa, estaríamos ainda em Portugal. Pediu desculpa e garantiu-me que, dentro de vinte minutos estaria junto de nós, o que aconteceu, de facto. Entregámos-lhe quatro exemplares do Estudo de Viabilidade Económica e ficou connosco até fazermos o check in, arrancando para Nampula, às dez horas e meia.
Os céus, cruzados pelo avião da LAM, pareciam campos imensos cobertos de neve, tal era a brancura das nuvens que pareciam mesmo irmãs das zonas alvas das serras e planuras dos países nórdicos europeus. Esta imagem que nos encantou até Pemba, foi-se enriquecendo com o descortinar de campos serpenteados pelos rios e de recortes ou rendas formadas pelas pequenas machambas e altos morros de formas exóticas e curiosas, nas proximidades da Província e Cidade de Nampula.
Ao chegarmos e ao desembarcarmos nesta última cidade, por volta das sete horas locais, demos com a figura emblemática do Sr. Figueiredo (telefone particular: 00258-2695142), mas, desta vez, com algo de invulgar – a sua pêra branca – que me deixou, deveras admirado! Um Senhor dos seus setenta e oito anos que, depois de vários netos juntou ao rol da sua descendência, mais um filho na idade provecta de setenta e três! E ainda se queixa da falta de forças! Quem acreditará nas suas lamúrias?! Mas ali temos um homem sempre ao dispor e sempre sorridente.

Visita de Cortesia ao Sr. Raul Amarchande

O Sr. Figueiredo trazia consigo o seu ajudante de campo e mais um rapaz que carregaram com a bagagem para a viatura do Sr. Armando, empregado da Firma JFS. Daqui levaram-nos para essa Firma. Aqui chegados fomos fazer uma Visita de cortesia ao Sr. Raúl Amarchande, um dos Administradores dessa Firma que nos recebeu amavelmente.
Falei-lhe no Título de Propriedade de Saua-Saua de modo a ser actualizado e constar nele um único proprietário actual que é a Dra. Maria Tabita Ferreira dos Santos Rebelo de Almeida, visto que no actual constavam os nomes de ambos os herdeiros da falecida Da. Maria Tabita Domingues Ferreira dos Santos. Esta passagem par um único nome ( o de Maria Tabita Almeida) devia-se ao facto de um dos herdeiros (Raul Almeida) ter renunciado da sua parte a favor da sua irmã, apesar desta lhe ter perguntado, várias vezes, se ele estava interessado em participar, tanto na herança, como nas despesas a serem feitas desde o início até ao fim das diligências desenvolvidas para que essa plantação fosse reavida.
Foi-nos dada a chave do apartamento número 10 do grande edifício, onde encontrámos a empregada a arrumar tudo. Ali nos instalámos.

Como precisávamos de converter euros em meticais, procurámos, com a ajuda do Sr. Figueiredo, um cambista que fizesse melhor câmbio. Depois de três portas a que batemos encontrámos quem nos desse 26.500, 00 Mts por um euro. Trocámos, então, 350 €, sendo 150 (4.028.000,Mts) do António e 200 (5.300.000,00Mts) meus que deverão chegar até ao fim do mês tanto para comer como para transportes, gorjetas, e algum material que seja necessário comprar para a Plantação. Mas, também, aqui e neste campo, fomos enganados! Mas os Bancos estavam fechados!
Após um banho fresco, saímos para procurar um restaurante onde pudéssemos almoçar e jantar. Duas refeições compactadas, pois o almoço tinha ficado na panela à espera de engordar quem mais necessidade tivesse dele! Como a noite já tinha caído e eram apenas 18 horas, demos várias voltas para, finalmente, com a ajuda de alguns populares e polícias, irmos dar ao Restaurante do Sporting Clube. Por dois bifes, com ovo a cavalo, duas cervejas e duas rodelas de pão pagámos 310.000 meticais, o que equivale a 11,70€.

Partida de Lisboa de novo grupo

Neste mesmo dia, à tarde, partiam de Lisboa para Nampula, via Joanesburgo e Maputo Maria Tabita, Adelino Torres e Jorge Rodrigues. O objectivo destes foi o de adquirirem, nessa cidade sul-africana, uma viatura com a qual seguiriam caminho para o Mossuril, via Maputo (onde contactariam o Eng. Pedro Loforte e o Dr. Rafique Jusob), Beira, Nampula. O tempo que iriam demorar era incerto, pois que nem sabiam, ao certo, que carro, em que condições e em que dia o iriam comprar. Desconheciam igualmente o tempo que iriam demorar a perfazer a distância que vai dessa cidade da negociata até ao lugar do destino final. Teremos oportunidade de o esclarecermos aquando da sua chegada às Chocas-Mar.
·         Compras,
·         Visita de cortesia ao Eng. Raposo,
·         Conselhos sobre o local (País) onde comprar o material para a rede eléctrica,
·         Saída para as Chocas-Mar.
Depois de cerca de 10 horas de repouso, levantámo-nos, cerca das 06:30 horas, para tomarmos o pequeno-almoço, no café que se encontra defronte à Câmara Municipal, na Avenida Eduardo Mondlane. Por um café, um sumo de pêssego de 200 ml e duas torradas simples, pagámos 130.000 meticais.

Compras

Cerca das 08:00 horas regressámos ao edifício JFS, onde já nos esperavam o Sr. Figueiredo e o seu ajudante, Sr. Armando, que vinham acompanhados do condutor e de um moço de recados que nos deveriam acompanhar nas voltas que teríamos de dar para fazer as compras para a nossa sobrevivência em Saua-Saua e nas Chocas-Mar. Percorremos lojas, supermercados, mercado municipal, mercados da rua, mercados mesmo à beira da estrada. O montante investido, incluindo as duas refeições e as gorjetas perfez os cinco milhões, setecentos e 31 mil (5.731.000,00) Meticais, aos quais se devem juntar 40 euros dos quais já falámos, aquando das peripécias da Alfandega. Um total, portanto, de 256,26 euros

Visita ao Eng. Raposo e a sua opinião sobre material eléctrico

Às 10:00 horas, fomos visitar o Sr. Engenheiro Raposo, estando presente também o Sr. Amarchande. (telefone da residência: 212554, celular: 082-454672 e do Escritório: 213345). Ali estivemos em conversa amena durante uma meia hora, vindo à baila o assunto do material eléctrico para a extensão que deveria levar electricidade para a Plantação de Saua-Saua. Acerca desta questão, ele foi de opinião que:
1.     Todo o material deveria ser adquirido na África do Sul por ser melhor e mais barato,
2.     Poderia ser adquirido com a intervenção da Firma, para o que a Dra. Tabita deveria falar com a sua prima, Dra. Fátima
3.     O transformador não deveria ficar logo à entrada da propriedade, como estava programado, mas sim ao centro do complexo da plantação para melhor ser feita a distribuição e pagar menos de taxas, visto que só se deveria pedir inicialmente a potência necessária para o complexo,
4.     A serventia da povoação deveria ser feita mais tarde começando a pagar as taxas do acréscimo de potência a partir de então,
5.     Aqui, só deveriam ser comprados os postes que, aliás vêm da Zâmbia.

Relacionado com o nosso projecto, ofereceu-nos dois exemplares do número 5 da Revista “Xplore- Experience the Mitsubishi Way” - Official Magazine for Mitsubishi Offroad Xplorers Club-, em cujas páginas 34-40 se encontram exemplos do que nós poderemos organizar em Saua-Saua: “off-road driving”, “Activities for adrenalin junkies”, na montanha, à beira e no alto mar.

Saída para as Chocas-Mar e distâncias

Após a visita regressámos ao Edifício JFS para carregarmos as malas e o resto das compras, procedendo, então, à saída para as Chocas-Mar, às 10.25 horas, onde chegámos por volta das 13.00 horas, depois de fazermos 205 km, sendo:

142 kmAté ao Monapo,
26 km Daqui a Naguema e
34 km Desta às Chocas-Mar.
No caminho para esta última localidade encontrámo-nos com o Sr. Adamo, motorista já nosso conhecido, com o qual combinámos a nossa ida à Plantação de Saua-Saua, às 06.00 horas do dia seguinte.
Ao chegarmos às Chocas demos com os portões fechados. Apitámos, várias vezes. Finalmente aparece o Abdalah, que olha para o carro com olhos bem arregalados para ver quem não acreditava ver. Daí a momentos aparece o Raimundo que, também ele, não quer acreditar no que vê perante si, perguntando:
- “ Os patrões já chegaram? Então não era dia 28? Só os esperávamos dia 28. Como aconteceu isto?
- O Senhor chega como o ladrão, sem ser esperado, respondi-lhe eu!”
Depois das acostumadas apresentações, pedi ao Raimundo para comprar e confeccionar uma refeição rápida para nós e para os empregados, especialmente para o condutor que deveria regressar a Nampula. Dei-lhe dinheiro para as compras e, em pouco tempo, houve almoço para toda a gente. Carapau grelhado com batata cozida e azeite português.
De seguida demos uma volta pelos locais que em tempos idos serviam de postos acertados para telefonar[1], mas não conseguimos ligação para o Adelino. Para a cidade da Guarda foi possível o contacto, mas para a África do Sul as coisas tornaram-se impossíveis.
À tardinha, pusemos a contabilidade em dia, em Excel, no qual o meu irmão António é exímio, após o que, ele organizou o programa para introduzir os dados que no dia seguinte tencionávamos recolher na Plantação e eu escrevi o meu diário até ao presente.
·         Primeiros contacto e Situação insólita dos Guardas da Plantação
·         Ronda de reconhecimento
·         Descrição geral do complexo,
·         Levantamento da fábrica e armazéns do algodão
·         Desenho dos armazéns do algodão

Primeiros contactos e situação insólitas dos Guardas da Plantação

A alvorada foi às 05.30 horas para estarmos prontos às 06.000 horas como estava combinado com o condutor do “Chapa 100”. Mas, em vez dessa hora, apareceu apenas uma hora depois. Ao chegarmos à plantação notámos algo de insólito, sem descortinarmos bem as causas que estariam por detrás de tal atitude. Se, por um lado, havia progressos na jardinagem, pereceu-nos, por outro, faltar a presença dos guardas que costumavam aparecer, logo que viam chegar um carro. Até a própria presença do João foi notada com uma certa surpresa e retraimento! Mas nada me passou pela cabeça que se parecesse com o que, de facto, tinha acontecido.
Fonte de Água Boa
Todos eles tinham sido “despedidos” ou “indemnizados”, no dizer do João, pela Firma JFS, a partir de Abril deste mesmo ano. Este mesmo foi “indemnizado”, sendo-lhe dito para abandonar a plantação, uma vez que a nova patroa os dispensava!
O que aconteceu foi o seguinte: em determinado momento a administração da Muchelia, de quem dependiam os guardas da Plantação de Saua-Saua, quis livrar-se dos empregados e trabalhadores eventuais que tinha nesta plantação e despediu-os pura e simplesmente sem ter em conta os interesses da verdadeira proprietária, Dr.ª Tabita Almeida.
Se o João tivesse abandonado a plantação como lhe fora sugerido e como tinham feito todos os outros, a plantação teria ficado a saque (como aliás ficou, em parte, como nós tivemos ocasião de verificar ao chegar, pois vimos quatro polícias a obrigar um pobre desgraçado a carregar, de volta, um barrote para o recolocar no lugar donde o tinha tirado)! O João, porém, não arredou pé e manteve-se no seu posto, sentindo, como é evidente, dificuldade em manter a ordem.
Nascente principal
Fotos de Eng. António Matias
Quando nós chegámos e vimos a cena da polícia perguntámos o que se passava e foi então que soubemos do que se tinha passado. O João começa por se queixar da saída dos outros guardas, do seu próprio despedimento e da situação actual da plantação. O mal estava em todos eles pensarem que a Dra. Tabita estava ao corrente das coisas, o que nem por sombras a esta tal lhe passara pela cabeça. E o pior ainda é que o pobre do rapaz não tinha recebido vencimento ou subsídio algum a partir de Abril. Perante tal situação assegurei-lhe que a Dra. nada sabia e que, ao chegar, resolveria o que podia ser resolvido. Sentiu-se aliviado, pois, para ele, a patroa é a Dra. Tabita e mais ninguém.



Reservatório
Foto António Matias

Ronda de reconhecimento

Depois de esclarecido este imbróglio, o Eng. António Matias quis dar uma volta pelas nascentes da água que muito apreciou, notando eu, no entanto, a diminuição do caudal destas quando comparado com o do ano passado. Mas, mesmo assim diminuídos, ainda havia muita água.
Arco de entrada para o aldeamento
Foto de Eng. António Matias
Relativamente aos melhoramentos notámos que da parte do pedreiro e carpinteiro a casa grande estava praticamente pronta, por fora faltando-lhe alguns acabamentos que só o espírito exigente e responsável de um engenheiro, não deixariam passar em branco. A segunda casa está muito avançada e se não está mais, isso ficou a dever-se ao imbróglio de que falámos e à falta de material. A mina e as escadinhas que a ela conduzem estavam reparadas. O arco da entrada esta pronto, faltando-lhe apenas a pintura. A parte circundante da casa grande está todo ajardinado e existe já um plantio de maracujás, papeiras, coqueiros e flores considerável.

Descrição geral do complexo e levantamento de alguns Edifícios

De seguida começamos o levantamento dos edifícios existentes, sendo levado a cabo a medição pormenorizada da Fábrica e dos armazéns do Algodão e a correcção da pequena ETAR da Casa Grande, para o que teremos de comprar mais cimento, ferro, um tubo e uma ou duas curvas em PVC.

Viu-se a necessidade de comprar cimento, cal hidráulica e ferro para continuarem as obras de reconstrução das moradias, pois já há muito tempo que os pedreiros trabalham como jardineiros porque não têm material da sua profissão. Combinámos com o Sr. Adamo para ir connosco a Nacala, na segunda-feira próxima, para resolvermos esse problema.

Desenho do Armazém do algodão

Regressámos às Chocas, por volta das 16.00 horas, indo experimentar as águas do mar com um mergulho rápido, após o que continuámos o trabalho desenvolvido na parte da manhã: introduzir no computador os dados recolhidos. O António Matias a desenhar, com as medidas tiradas, os edifícios correspondentes aos armazéns do algodão (1 edifício, dividido em 3); e eu a descrever o que se tinha passado.
Armazém do Algodão (Lateral direito)
Foto de Eng. António Matias
O frete de Chocas-Mar à Plantação de Saua-Saua e desta ao ponto de partida custou 50.000,00Mts, ficando combinado que o frete a Nacala, na segunda-feira, custaria 1.200.000,00Mts, o equivalente a 45,28 euros, ou seja 9.056$00 que serão acrescidos dos custos de 20 sacos de cimento, três curvas de 100 de PVC, 6 metros de tubo igual e de 18 vergas de ferro de 6mm de espessura.
Lateral esquerdo
Foto de Eng. António Matias
Alçado posterior
Foto de Eng. António Matias
Alçado principal
Foto de Eng. António Matias
«Depois do jantar fomos ao local próprio para telefonar, enviar e receber mensagens através do telemóvel de meu irmão. Conseguimos contactar com a minha cunhada, Cândida e com o Adelino Torres Antunes. Tanto a família como os colegas que deveriam juntar-se a nós, na próxima semana, encontravam-se bem de saúde.

26 DE JULHO DE 2003 (SÁBADO) – NAS CHOCAS-MAR

·         Passeio pela praia e
·         Desenho da Fábrica do algodão

Passeio pela praia

Hoje pudemos refazer-nos da viagem e do dia de ontem. Dormimos até às 07:00 horas da manhã. O dia parecia oferecer um sol radiante, mas, à hora em que estou a escrever, começa o sol a esconde-se atrás de uma cortina de nuvens bastante densas!

Desenho da Fábrica do algodão

Logo após o pequeno-almoço demos um passeio pela praia, onde fizemos algumas fotografias, recomeçando, de regresso, os trabalhos ontem começados: desenho do da fábrica do algodão e organização da escrita e contabilidade. No que respeita a esta, dei 250.000,00Mts ao Raimundo para comprar caril, amêijoas e frangos. Encetou-se, hoje, o saco de 50kg de farinha de trigo que tínhamos trazido de Nampula.
Neste dia, de mar agitado e céu encoberto, escasseiam os barcos de pesca e os pescadores não trouxeram peixe a casa, como é seu costume! O tempo não lhes é propício e nós teremos de nos contentar com amêijoas para o almoço e frango para o jantar! E nada mau, meus senhores europeus! Vocês têm outra sorte, pois podem escolher, à vontade, nas bancas dos supermercados, os alimentos que aí chegam, com o “senão” de não saberem, frequentemente, como é que eles aí chegam e donde eles procedem!

27 DE JULHO (DOMINGO) – EM SAUA-SAUA

·         Levantamento de vários edifícios e do Reservatório,
·         Futuro do grande reservatório e da casa grande
·         Desenho da casa das Máquinas

Levantamento de vários edifícios e Reservatório

Ontem à noite, julgámos ser melhor voltar a Saua-Saua para continuarmos as medições de outros edifícios e para irmos comprar carvão. Como não podíamos contactar com o Sr. Adamo, mandámos contactar o Sr. Abdul, proprietário de 300 hectares de uma plantação de coqueiros e mangueiras, que se estende por oito quilómetros, ao longo da estradada ou picada que vai de Chocas-Mar ao Mossuril.
O nosso emissário não conseguiu combinar com ele o preço porque tinha visitas em casa, mas sim a hora. Ficou marcada para as seis da manhã. Poderíamos ter previsto que, a essa hora, fosse demasiado cedo para quem teve amigos e festa em casa, à noite! Mas quem não conhece os usos e costumes da terra não deve arriscar muito. Com efeito, ao outro dia, passaram as seis, as sete e mesmo as oito horas em ponto e ele sem aparecer. Quando outro emissário foi chamá-lo, ele desculpou-se, dizendo ter adormecido, ou “ter-se passado”, como disse o emissário, devido à festa precedente.
Finalmente arrancámos para a Plantação de Saua-Saua, onde tudo estava calmo. Não havia trabalhadores. Apenas o João e mais um outro operário que, por ali, apareceu. Era Domingo e por isso não era para admirar tal tranquilidade.
Ajudados pelo Raimundo recomeçámos o trabalho de medição, levando a efeito as Medidas e fotografias) de: Casa das Máquinas do Algodão, Oficina auto, Posto de Socorros, Recepção, Carpintaria, Instalações Sanitárias (I.S.), Fábrica do Arroz, assim como do Reservatório principal da água e a pequena alameda que se lhe segue, que supomos ser o filtro artificial da água que sai do reservatório, sendo captada, ao fundo, numa pequeno reservatório. Pensámos, mais tarde que poderíamos construir um outro reservatório de maiores dimensões, ao lado do fontanário da grande bica de modo a puder conservar armazenada uma maior quantidade de água de reserva, donde seria bombada para a distribuição geral.
Posto Médico
Foto de Eng. António Matias

Futuro do grande reservatório e da casa grande

Sentiu-se a necessidade de cobrir o actual reservatório para evitar contaminações de vária ordem e pareceu mais prudente ao Eng. António Matias não continuar com os trabalhos na Casa Grande, visto ter esta de ser bem recuperada por estar destinada a restaurante para o que será necessário criar outras estruturas, como: casas de banho, mais amplas; urinóis; cozinha, etc. Por esta mesma razão, as próprias fossas (ETAR) deverão ser ampliadas. Assim sendo, seria melhor finalizar e apetrechar a casa do ângulo (conhecida por “Casa-Mãe”, visto ter sido esta a primeira residência da Família Ferreira dos Santos) para servir de apoio a todos os trabalhos futuros e cuja recuperação está bastante adiantada.
Por volta das quinze horas parámos o trabalho e bebemos, cada um, o líquido saboroso de um coco, chamado,”lenho”. Ainda nos rimos ao tirarmos umas fotografias para memória.
O Eng. António Matias a beber água de coco
Foto de José Matias
Como combinado, o Sr. Abdul apareceu por volta das dezasseis horas, mas, como estávamos cansados regressámos directamente às Chocas sem procurarmos o carvão, deixando-o para o regresso de Nacala, onde deveríamos ir no dia seguinte em busca de cimento, cal hidráulica, ferro, tubos e curvas de PVC.
Depois de nos termos refrescado com a água de coco, muito abundante na plantação de Saua-Saua comemos alguma coisa e recomeçámos o nosso trabalho de medições e desenhos no papel para, mais tarde serem devidamente aperfeiçoados e catalogados, como já era costume nosso.

Desenho da casa das máquinas

Às dezoito horas dirigimo-nos ao local do costume (junto à antena geral, ou perto da figueira ou árvore da borracha) nas Chocas-Mar) para telefonarmos ou recebermos mensagens, sem resultado. Decidimos, então, voltar ao trabalho e tentar, de novo, essa operação após o jantar. Enquanto continuávamos o trabalho, mas agora, em desenho e escrita, recebemos a visita do Sr. Adamo, tendo esta por objectivo dizer-nos que a bomba de água da sua viatura estava avariada e que, portanto, seria muito problemática a ida a Nacala como estava programada. Perante tal situação, que não é para admirar, visto as circunstâncias serem por nós já conhecidas, decidimos esperar notícias da “Patroa” e escolher um outro dia, talvez quarta-feira, se ela não chegasse antes da sexta-feira. É que, o carro que comprou, em Joanesburgo, em parceria com outros colegas (Adelino, Jorge e Matias) talvez desse para fazer o transporte da mercadoria desejada.
Ao jantar, que foi às vinte horas e m quarto, tivemos peixe-pedra com batata assada no forno, após o qual fomos dar um curto passeio higiénico e procurar telefonar, o que se manifestou impossível, a não ser para a Guarda. Após o passeio começámos o desenho da Casa das Máquinas que bem pode ser reservada para formar parte do futuro Museu.

28 DE JULHO DE 2003 (2ª FEIRA) – NAS CHOCAS-MAR

·         Desenho de:
·         Casa das Máquinas, Oficina auto, Posto Médico,
·         Carpintaria e Recepção

Desenho da casa das máquinas, oficina, Posto Médico

Uma vez que não pudíamos ir a Nacala, por falta de transporte, ficámos em casa, começando logo, pela manhã a desenhar os edifícios supra mencionados. E, como o trabalho era muito minucioso e exigente relativamente à paciência e cálculos, cada edifício levou o seu tempo. Assim, a casa das máquinas e a oficina-auto ficaram terminadas às onze horas e trinta minutos; após um pequeno passeio pela aldeia e tentativas para telefonar (recebendo, então, uma mensagem do Adelino do dia 25 dizendo que andavam a ver “belos carrões”), começámos, às doze horas, o desenho do Posto médico, interrompendo-o para almoço (caril de camarão com arroz, vinho e papaia, por sobremesa) e recomeçando-o às doze horas e meia para vir a ser terminado às quinze horas; um quarto de hora depois começou o desenho do Posto da Recepção que viria a ser terminado, às dezassete horas e meia.

Oficina-auto (vista parcial)
Foto de Eng. António Matias
Vista geral da oficina
Foto de Eng. António Matias
Oficina alçado esquerdo
Foto de Eng. António Matias
Entretanto mandámos o Arlindo, filho do Sr. Raimundo, a avisar o Sr. Adamo para que viesse, no dia seguinte, às Chocas a fim de nos levar, de manhã, à Plantação, de modo a pudermos finalizar os trabalhos do levantamento e proceder a algumas correcções ou verificações dos edifícios já desenhados. De regresso traz-nos a novidade, mais que esperada, de que o seu carro estava ainda a ser arranjado e de que, provavelmente, não poderia estar aqui antes das oito horas. A ver vamos se, pelo menos, a essa hora aqui estará!
Alçado posterior
Foto de Eng. António Matias
Alçado principal
Foto de Eng. António Matias
Interior da Oficina
Foto de Eng. António Matias
De seguida fomos dar uma voltinha até ao local de recepção de mensagens. Ali recebemos duas mensagens de meu sobrinho, Tiago, para o pai a dizer que já tinha terminado a página da Internet que preparara para a Isotropia e que a Joana já estava de férias. A seguir à leitura dessas, o António recebeu um telefonema da nossa irmã Natália a dizer que a Joana estava sempre a falar do pai e a pedir à mãe para telefonar. Meu irmão telefonou-lhes e falou com todos eles.

Desenho da Carpintaria e Balneários

Às dezoito horas e vinte minutos começou a ser desenhada a carpintaria que tem uma estrutura simples. É constituída por um alpendre com pilares de 2,60 metros, um telheiro a quatro águas e um anexo a duas. É bem arejada e evita a acumulação de poeiras. Foi terminada às dezanove horas, sendo, então, começado o desenho das Instalações Sanitárias.
Carpintaria
Foto de Eng. António Matias
Às dezanove horas e quinze minutos tínhamos o jantar na mesa: peixe-pedra, grelhado com batata cozida, pão e vinho. Levantámo-nos da mesa de trabalho e sentámo-nos à mesa de repasto
Seguiu-se o passeio habitual, sem mensagens da parte dos nossos sócios. Tentámos contactá-los mas todos os esforços resultaram infrutíferos. Voltámos a casa e finalizámos o desenho dos balneários da oficina auto, às 21:00 horas.

29 DE JULHO 2003 (3ª FEIRA) – NAS CHOCAS-MAR

·         Telefone em Saua-Saua (possibilidade),
·         Desenho da Fábrica do Arroz,
·         Levantamento da Instalação Sanitária nº 2 (I.S.2)
·         Levantamento das implantações
·        Desenho das implantações

Associados em Maputo e entrega do Estudo

Logo após o pequeno-almoço, fomos telefonar. Contactámos com os nossos associados, ficando a saber que ainda estavam em Maputo e que entregariam o Estudo de Viabilidade Económica aos destinatários previstos, hoje à tarde. Comunicaram-nos também que o carro que tinham comprado na África do Sul teria de ficar em Maputo, no fim das férias, a fim de dar entrada em Joanesburgo. Até ser legalizado, teria de ficar com a matrícula sul-africana.
Conversando entre nós os dois, António e José, veio-nos à ideia que talvez se pudesse legalizar o carro, em nome da Mossáfrica, depois desta ter sido inscrita em Nampula. Veremos o que se poderá fazer, depois de eles chegarem, aqui.

Telefone em Saua-Saua (possibilidade),

Com a intenção de contactar com a Ana Samanta para saber como estava ela e o caso do meu cão, fomos aos telefones públicos. Não conseguimos que ela atendesse, pois tinha o telemóvel desligado ou ocupado.
Conseguimos, no entanto, saber que para nos fazerem uma baixada de telefone para a Plantação de Saua-Saua, teremos de pagar a instalação apenas, que custa 485.550,00Mts, acrescidos dos custos do equipamento, isto é, do telefone e da taxa mensal, ou aluguer que fica em 225.000,00Mts. A colocação dos postes e a instalação, disse-nos o Sr. Valentim, será feita em dois ou três dias (!!!).

Desenho da Fábrica do Arroz

 Enquanto eu me debruçava sobre o meu computador para descrever estas linhas, o António, no seu, ocupava-se do desenho da Fábrica do Arroz cuja área é de 710m2. Embora se encontre muito danificado: sem cobertura, nem vidros nas janelas, os aros destas apresentam um estado recuperável. São de madeira rija e, ainda em bom estado. Uma raspagem e uma pintura bem aplicadas, ficam melhores do que se fossem feitas, agora, de madeira nova.
Fábrica do Arroz
Foto de Eng. António Matias
São, neste momento, nove horas e trinta minutos. Lá fora a maré está vazia, o calor começa a apertar e, notícias do Sr. Adamo, nem sombras se descortinam. Dá-me a sensação de que o conserto do seu carro não será ainda para hoje! Também não admira, tendo em conta os meios disponíveis sob o ponto de vista de material e da qualidade de mão-de-obra.
Mas, afinal sempre chegou, embora só às dez horas, o que nos parecia tarde. Não tínhamos o almoço preparado nem podíamos esperar que fosse feito. Decidimos levar dois pãezinhos com manteiga e uma garrafa de água e pusemo-nos a andar, depois de combinarmos com o cozinheiro para ter o almoço feito lá por volta das as quinze horas.

Levantamento da Instalação Sanitária nº 2 (I.S.2)

Depois de chegarmos à Plantação, fizemos algumas aferições, passando, de seguida, ao levantamento da casa que servirá de instalações sanitárias, sendo denominada I.S.2 que, com a I.S.1 teremos Instalações para homens e mulheres separadamente (está localizada entre os balneários, a casa das máquinas e a fábrica do arroz).
Instalações Sanitárias
Foto: António Matias
Terminado este trabalho passámos ao levantamento das implantações, incluindo neste, todos os edifícios do complexo que nos pareceram poder ser aproveitadas, ficando de fora aqueles que, quer pelas suas dimensões, quer pelo seu estado de alta degradação, não deixam dúvidas quanto à sua eliminação, podendo deles ser aproveitado algum material para a reparação de outros, tais como: tijolo, madeiras e placas de lusalite ou telhas de fibrocimento.
Todo este trabalho foi realizado num tempo recorde de quatro horas, debaixo de um sol abrasador – o pior período do dia –, ou seja, entre as dez horas e meia e as catorze e meia –, e, ainda por cima, sem almoço. Este, que deveria estar pronto à nossa chegada, por volta das quinze horas, como fora programado, nem às dezasseis e dez (hora precisa deste parágrafo) foi apresentado. Esperámos e continuámos a trabalhar – o Tó a desenhar e eu a escrever. Valeu, no entanto, a pena, pois às dezasseis e trinta, veio para cima da mesa uma bandeja com três apetitosas lagostas. O quilograma passou que no ano passado custava 45.000 Mts, passou, este ano, para 75.000,00Mts.
- Porquê, Raimundo? Porquê essa diferença? Perguntei eu.
- Porque uns brancos que vieram da Índia e que ancoraram o barco junto à Ilha de Moçambique compravam toda a lagosta ao preço que lhes era pedido, sem regatear. Agora, também para nós é muito caro. Os pescadores não querem vender barato.

Desenho das implantações


Começou-se o desenho da implantação, logo a seguir ao almoço, ou seja, desde as dezassete horas até às dezanove e pouco, momento em que faltou a luz. O “apagão” foi longo. Durou toda a noite, reaparecendo apenas cerca das dez e um quarto do dia seguinte. Evidentemente, não pudemos fazer mais nada até esta hora.

30 DE JULHO DE 2003 (4ª FEIRA) – NAS CHOCAS-MAR

·         Baptismo de localização – nada mais que um hipótese
·         Acertos nos desenhos de algumas instalações.
·         Sem novas dos sócios vindos de Joanesburgo
·         Entrega do EVEF

Aperfeiçoamento do trabalho ontem desenvolvido

Enquanto a luz não chegou fomos dar um passeio, ao longo da marginal da vila, sendo acompanhados pelo Arlindo que nos foi indicando os nomes dos proprietários de muitas das vivendas que por ali existem, tais como: três pertencentes ao Sr. Governador de Nampula (uma para os acompanhantes, outra para os filhos e refeições da família e uma terceira para o casal pernoitar); uma pertencente ao Interposto (que, por sinal está à venda); uma série delas que pertencem ao Banco de Investimento de Moçambique (BIM) e umas duas cujos proprietários são os Caminhos-de-ferro de Moçambique.
Ficámos a conhecer também a amendoeira moçambicana e uma espécie de feijão do mato enorme que, infelizmente não é comestível. É de referir que, por volta das oito horas, caíram umas gotas de chuva, mas nada que se parecesse a chuva verdadeiramente. Foi pena, porque uma boa chuvada, nesta altura, viria mesmo a calhar para as machambas do João e para o jardim que plantou em frente e à volta da Casa Grande. A propósito: da semente de maracujá e de flores que lhe trouxemos de Portugal o ano passado, tem lá um belo plantio. O Homem parece ter jeito e tem mostrado interesse, pela herdade da “Patroa”.
Amendoeira africana
Amêndoa africana
Fotos de Eng. António Matias
Enquanto esperávamos pela luz fomos pensando no que se poderia mandar fazer aos trabalhadores, quando estes não tivessem mais material à disposição. Poderiam:
  • Procurar e amontoar areia em diversos sítios, junto aos edifícios que irão ser reconstruídos, de modo a que vá sendo lavada com as chuvas que vierem a seu tempo; o buraco que for feito servirá para enterrar o entulho dos edifícios destruídos, depois de se lhes aproveitar o material ainda bom;
  • Procurar pedra e parti-la, fazendo brita;
  • Fazer blocos de cimento, logo que se compre a máquina apropriada;
  • Cobrir e pôr em ordem a carpintaria para poder ser utilizada desde logo;
  • Abrir os buracos para a futura ETAR principal, cujo local lhes deverá ser indicado,
  • Colocar os vidros nas janelas das casas meio recuperadas, etc.

Baptismo de localização – Nada mais que uma hipótese

Também, para melhor localização acho que as diversas ruas deveriam ser conhecidas por nomes de personalidades que estiveram e estão na génese da Plantação, tais como: Comendador João Ferreira dos Santos, Raul Rebelo de Almeida, Maria Tabita (1ª,2ª,3ª). Para tal eu propunha o seguinte:
·        Avenida Comendador João Ferreira dos Santos (Entrada até ao Arco),
  • Rua Tabita (Do Arco à Casa Grande);
  • Rampa Raul de Almeida (Da 1ª casa ao tanque grande);
  • Rua Tabita Almeida (A da circunvalação – a ser feita);
  • Rua Tabita Domingues (Ultima, à esquerda antes de chegar ao Arco);
  • Rua Nova (ou Mossáfrica) (A que for aberta para servir o complexo turístico),
  • Miradouro da Europa (O que está por cima da Mina),
  • Miradouro Indo-Asiático (O que está junto da Nascente grande).

Acertos nos desenhos já feitos anteriormente

Assim que veio a luz recomeçamos os trabalhos, consistindo, hoje, de pequenos acertos num ou noutro desenho, especialmente nos da Casa da Recepção, Carpintaria e implantação geral. Seguiu-se o desenho das Instalações Sanitárias (I.S.) que continuarão a dar serventia aos trabalhadores das Oficinas de automóveis e da carpintaria.
As suas condições actuais deixam muito a desejar, tais foram as malfeitorias que os anos, as intempéries e os usuários de diferentes facções políticas lhes infligiram. Consta que a Plantação de Saua-Saua foi ocupada pelos soldados de ambas as cores políticas, utilizando-a, mas sem nunca olharem pela sua manutenção. Pelo contrário, se uns a abandalhavam com a destruição, outros a delapidavam dos seus melhores haveres ou faziam dela um joguete ou alvo de tiros desconcertados, ou apontados por meras brincadeiras de mau gosto, como parece ter acontecido com a fonte de Água Boa, que, além de ter sido danificada, foi transformada em lavadouro público, como abaixo se apresentará.
 Fonte de “Água Boa”
Foto de Eng. António Matias
Casa da recepção
Foto de Eng. António Matias
Após o almoço que começou às 12:50h, fomos dar o nosso passeio higiénico ao “posto telefónico”. Ali recebeu meu irmão algumas mensagens e contactámos com a minha cunhada, Cândida e com a Ana Samanta. Entre as notícias houve duas desagradáveis, mas que estão dentro do ciclo da vida: a morte do pai de um dos sócios de meu irmão e o abate forçado do meu cão Johburg, atacado de Leishmaniose e que não resistiu aos tratamentos devido ao mau estado dos seus rins, apesar de ter sido tratado e internado no hospital “S. Bento”, durante uma semana. Mais um revés que, oxalá, não seja prenúncio do destino do seu dono!
Vista da Baía a partir da Casa Grande
Foto de Eng. António Matias

Sem novas dos outros sócios, vindos pela África do Sul

Dos nossos sócios cuja localização, neste momento, nos é desconhecida, não recebemos mensagem alguma, mas enviámos-lhes uma, para os pormos ao corrente da nossa boa disposição, do andamento dos trabalhos e para lhes solicitar notícias suas acerca da sua saúde e do dia da sua chegada às Chocas-Mar.
De regresso a casa, pedimos ao Raimundo para avisar o Sr. Adamo de que precisaríamos dos seus serviços no dia de amanhã, quinta-feira, de modo a terminarmos o levantamento que está mesmo a chegar ao seu termo. E, às catorze horas e meia, recomeçámos as tarefas de costume. Desta vez, foi o restante do desenho da carpintaria e o desenho da Fabrica do Arroz que terminou às dezasseis horas e um quarto. Nem temos tido tempo para ir dar um mergulho à praia, o que para muitos parecerá incrível, mas é a pura verdade! É trabalhar sem descanso, ora na Plantação, ora nas Chocas a pôr a limpo e desenhar no computador o que tinha sido medido naquele lugar.

Entrega do Estudo de Viabilidade Económica e Financeira no CPI de Maputo


Ao C.P.I de Maputo

Através da presente vimos solicitar a V. Exa. A apreciação e aprovação do Projecto de Estudo de Viabilidade Económica e Financeira relacionada com o Projecto “Saua-Saua. O Presidente, Adelino Torres Antunes”.

31 DE JULHO DE 2003 (5ª FEIRA) – SAUA-SAUA

Poço de serventia,
Repetição das medições para a implantação geral,

Possibilidade de um poço de serventia para a População e Plantação

Mais um dia em que foi necessário acordar cedo. Eram cinco e meia e o despertador chamou-nos ao cumprimento do dever.
Durante a noite, que não foi toda dedicada ao sono, matutei sobre o modo de fornecermos água à população das cercanias que tem de percorrer quilómetros para carregar a água até às suas casas. Logo à entrada da Plantação há zonas que, mesmo nos fins de Julho, possuem água à superfície. Tive, então a ideia de mandar abrir um poço, pelo método de manilhas a serem enterradas à medida que se vai escavando. E escavar nessas zonas não se torna muito difícil devido à constituição arenosa do terreno.
O poço seria aberto dentro da Plantação, seria tapado e nele seriam introduzidos dois tubos: um seria ligado a uma bomba manual (ou eléctrica, mais tarde) para servir a população, enquanto o outro ficaria fechado com uma torneira ou um bujão, de modo a ser utilizado quando fosse necessário para regar parte da Plantação. Ao pequeno-almoço expus esta ideia ao meu irmão que a achou possível e utilitária.
Não gastaríamos energia com a puxada da água como seria nosso desejo, iríamos ao encontro das necessidades das gentes da Terra e diminuiríamos a afluência de “costumeiros” percorrendo a avenida principal e aglomerados, lavando-se e lavando roupa as suas roupas, tachos e panelas, junto às fontes.

Repetição das medições para a implantação geral

Às seis horas, desta vez quase em ponto, o Sr. Adamo estava diante do portão. Pegámos no saco, com os apetrechos necessários, dois papo-secos com manteiga, uma garrafa de água, a máquina fotográfica e o computador portátil. Estes dois últimos objectos deram muito jeito, pois à medida que íamos fazendo o levantamento dos edifícios, fotografávamo-los para, no trabalho do desenho, pudermos fazer comparações e rectificações. Era ver o Eng. António a correr, de um lado para o outro, a carregar no botão da objectiva e, de seguida, correr a descarregá-la no disco do seu computador que eu levava de um ponto nevrálgico para o seguinte!
Verifiquei que novos pés de Maracujá tinham sido plantados e, desta vez, à volta do Miradouro principal (Miradouro da Europa) como tinha sugerido ao João. O Cabo andava a acarretar água para regar as plantas e a relva, enquanto os pedreiros partiam brita para as novas fossas.
Começámos por medir as distâncias que mediavam entre a nascente principal (tanque) e a casa grande e entre esta e a fábrica do algodão; daqui, aferimos as medições já antes feitas dos restantes edifícios que julgámos ser possível recuperá-los; localizámos, melhor, a avenida principal.
Tudo isto, no intuito de fazermos, mais tarde, a planta de implantação.

Levantamento e desenho da Casa Grande,

De seguida fizemos uma pequena pausa, após a qual nos lançámos denodadamente no levantamento da Casa Grande que deu pano para mangas. Medimo-la por dentro e por fora, o terraço, assim como a sua cerca, terminando, por volta das doze horas e meia. E esperámos até à chegada do carro que se deu por volta das treze e um quarto.

Casa Grande (Frente)
Foto de Eng. António Matias
Chegados a casa refrescámo-nos com um duche que soube às mil maravilhas e foi-nos servido um belo arroz de caril de camarão, sendo regado por uma “Super bock” fresquinha. Terminado este, dirigimo-nos ao local de comunicação, mas não tivemos nenhuma mensagem, nem chamada, por mais que esperássemos.
Secção para a implantação turística
Foto de António Matias
De novo em casa, tomou cada um o seu computador para neles introduzir os dados recolhidos. Assim o António fez as devidas correcções no desenho de implantação; desenhou a nascente/tanque e fez os esboços das casas 1,2,3,4,5, do armazém e da casa frigorífica, ambos situados a Nascente da avenida Comendador João Ferreira dos Santos e, ainda, os arruamentos existentes, aos quais foram acrescentados outros, de modo a dar ao conjunto um aspecto harmonioso. Foi, então, tudo gravado em disquete de segurança, não fosse o diabo tecê-las! E passou-se ao ordenamento e catalogação das sessenta e quatro (64) fotografias que o Eng. António fez. Vistas, em casa, pareceram-nos bastante boas e servem, sem dúvida, para o efeito desejado, e... vamos lá, e também para uma boa recordação, no futuro.

Casa nº 1 (= nº 14) (à entrada do lado esquerdo)
Casa 2 (nº13) Alçado principal

Casa nº 3 (= nº 4) Alçado principal (lado direito de quem entra)

Casa nº 4 (nº 3) Alçado principal (lado esquerdo)
 Casa 5 ou casa-mãe (= nº 6) Alçado principal
Fotos de Eng. António Matias

Precauções contra os mosquitos

São, agora, dezassete e quarenta e cinco. É preciso precaver-nos contra os mosquitos. O António foi vestir-se de longo para tapar a maior parte possível do corpo. E, hoje, há mosquitos em barda! Lá fora as ondas do mar batem ruidosamente contra as rochas e muros! Até mais logo. Vamos dar uma volta para ver se há mensagens.

Não havia mensagem alguma! Um pouco preocupados, volvemos nossa faina que foi avançando até às dezanove horas, tempo do jantar, segundo o que foi combinado com o cozinheiro. Com o “Baygon” que lançámos em todas as dependências da residência, não houve mosquito, mosca ou outro insecto que tenha resistido. O ambiente, de momento, é calmo e convidativo ao trabalho. Pena é que já nos encontremos cansados, pois nestas circunstâncias não damos tanto rendimento à Patroa. Mas, fazendo bem as contas, só hoje já lhe demos umas boas onze horas! É que os intervalos que fizemos não foram além de quinze minutos. E, depois de nova tentativa, recomeçámos a desenhar a C.G.



[1] Eram os locais onde conseguíamos captar a rede do telemóvel.

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