De Visita à Freguesia de Lameiras (Pinhel)
Nos dias 3 e 4 de Setembro de 2009 fiz, acompanhado pela minha irmã Lídia Matias, uma visita relâmpago à Freguesia de Lameiras, concelho de Pinhel, da qual fazem parte Vendada e Barregão, visita que se desenvolveu em várias etapas.
Foto de 2003
Actualmente apresenta-se de uma forma muito mais complexa e melhor ordenada, pois, além do pedestal formado por quatro degraus, assenta num estrado mais alargado com mais dois degraus e rebordo de pouquena altura, estrado este que se encontra ladeado por floreiras que descem em socalcos para acompanharem o declive do terreno. Tudo feito em pedra, a condizer com a Terra em que se encontra inserido.
Calvário depois de 2006
Foto de 3 de Setembro 2009
Nova perspectiva
O Largo foi todo calcetado e o Calvário foi enquadrado por duas alas de oliveiras, por uma floreira granítica, ao centro, e por um fontanário, também granítico, que assinala a entrada para todo o recinto sagrado.
Uma terceira perspectiva
Fotos de 3 de Setembro 2009
Enquanto medíamos as pedras da base das três cruzes e eu fazia algumas fotografias, acercou-se de nós um Senhor, ainda jovem, que eu não conhecia lá muito bem, mas cujas feições me faziam lembrar as dos seus pais. Dirigiu-se a nós, perguntando se precisávamos dos seus préstimos, ao que eu lhe respondi, imediatamente, de modo afirmativo. Fizemos as devidas apresentações pelas quais vim a saber que se chamava Caros Franco (filho da Sra. Rosalina) e que era, desde 2005, o Presidente da Junta da Freguesia de Lameiras.
Tal encontro, veio mesmo a propósito. Ninguém melhor do que ele me poderia fornecer dados que eu buscava sobre a nossa Freguesia. Em primeiro lugar deu-me a conhecer que os melhoramentos operados no Calvário e Santo tinham sido introduzidos no princípio do seu madato (2005/2006) como Presidente da Junta.
Presentemente verifiquei que havia uma grande azáfama no intuito de se concluirem outras obras, pertencentes à Freguesia. Mas estes melhoramentos que estavam em curso na Sede da Freguesia tinham o seu prolongamento natural nas outras aldeias anexas, como vim a verificar, pouco depois, por exemplo na Vendada, onde os trabalhos andavam à volta da Igreja e das ruas.
Quando lhe perguntei se conhecia alguns sítios onde havia sepulturas rupestres, foi peremptório em falar-me das que existiam nas cercanias da Capela de Nossa Senhora da Broa, na Vendada, e fez questão em nos acompnahar até lá para podermos vê-las e fotografá-las.
Segunda etapa: Vendada
Não só se prontificou, como também nos levou na sua própria viatura. Partimos, então, rapidamente, e verifiquei, logo ao chegámos, que também na Vendada, as obras de melhoramentos estavam em curso, abrangendo sobretudo os muros da Igreja e a rua principal.
Houve um caso curioso que presenciei, embora me não fosse de todo desconecido nem estranho, foi o cemitério à volta da Igreja. Era costume muito antigo, de facto, servir, quer o adro, quer a própria igreja, para enterramento dos mortos. Ali, na Vendada, seguiu-se esse costume até há bem pouco tempo, como se pode verificar pela fotografia que apresento, já de seguida, embora hoje, já exista um cemitério novo, à saída da Aldeia, do lado esquerdo de quem segue em direcção a Lameiras (Sede).
Igreja de Vendada
Foto de 3 de Setembro 2009
O Adro a servir de Cemitério
Fotos de 3 de Setembro 2009
Chegados à Senhora da Broa, quatro particularidades chamaram a minha atenção: os melhoramentos em curso relativos à Capela; limpeza, à sua volta; várias sepulturas rupestres escavadas num lajedo de dimensões consideráveis e, finalmente, o Pinoco que se encontra em frente da Capela.
Capela da Senhora da Broa
Foto de 3 de Setembro 2009
Olhando bem para a fotografia, aqui apresentada, vemos um caramoiço, ou montículo, feito em pedra miúda, no topo do qual se encontra um pequeno pinoco ou pedra adelgaçada, curta e erecta. Este está sempre levantado, em direcção ao céu. Quando as chuvas teimam em não descer à terra para regar os campos, os habitantes de Vendada e redondezas dirigem-se à Senhora da Broa para pedir ajuda e deitam o pinoco para baixo, como que a dizer: "se não nos auxiliares, mandando a chuva, o pinoco continuará tombado" o que equivale a dizer que a beleza e estrutura normal da Capela ficaria danificada até a chva voltar.
São histórias que se contam, passam de geração em geração e se acreditam como verdadeiras. A confirmar essa crença, correm boatos de que se conhecem exemplos claros que comprovam alguns factos milagrosos dessa natureza, ali operados!
Nas costas da Capela da Senhora da Broa encontra-se um grande lajedo sobre o qual foram escavadas algumas sepulturas rupestres, cerca de seis, todas viradas a Norte. É possível que existam mais algumas, mas, até à data, ainda não foram descobertas. Eu, ainda dei uma olhadela, em redor, mas nada descobri. Será preciso mais tempo, mais paciência e material apropriado para desbravar o giestal.
Dupla sepultura rupestre na Senhora da Broa
Foto de 3 de Setembro 2009
As sepulturas que aqui se encontram são de planta ovulada, rectangular ou trapezoidal, o que demonstra certa antigidade, devendo, portanto, pertencer aos tempos mais remotos da Idade Média.
A sul da Povoação ergue-se um belo Cruzeiro que foi levantado em 1940, como se lê na inscrição que se encontra no seu sopé e que foi levantado para comemorar a Restauração da Independência, ocorrida em 1640.
Cruzeiro de Vendada
Foto de 3 de Setembro 2009
Marco divisório dos limites das fregusias de Lameiras e Lamegal respectivamente
Foto de 4 de Setembro de 2009
Neste Marco, as cinco quinas, parecem ter sofrido pequenas mutilações, o que poderá ter acontecido por acaso, devido ao desgaste do tempo, ou a trabalhos agrícolas, visto o Marco se encontrar num terreno arável.
Terceira etapa: Tavano
Deixando o Barregão para a parte da tarde, depois de termos visitado a Rogenda, tomámos o rumo para o Tavano, a fim de visitarmos, aí, uma suposta Sepultura Rupestre. Antes, porém, fomos à Casa Mortuária no intuito de passarmos uns momentos a acompanhar o velório do Sr. Mário Santa, marido da Sra. Adelaide Pereira.
Ao passarmos pelo Forno da Aldeia pedi para fazermos uma curta paragem, a fim de fotografar o belo Cruzeiro que ali se encontra e que tem, na base, uma inscrição composta por números.
Forno comunitário remodelado nos anos 70 com um Cruzeiro muito antigo
Foto de 4 de Setembro de 2009
Inscrição na base do cruzeiro
Foto de 4 de Setembro de 2009
A data que se lê na base deste cruzeiro parece ser a de 689. Talvez sejamos induzidos a pensar que existe o número 1 antes do número 8, mas, se analisarmos bem, aquilo que nos parece um 1, não é nada mais do que a continuação do risco inferior que continua do lado direito para cima de modo a fazer o rectângulo que contém a inscrição, tendo o seu oposto no lado esquerdo superior.
A ser admitida a data de 689, estaríamos nos finais do período Visigótico (624-711) e a nove anos antes de Rodrigo ser eleito como último monarca dos Visigodos. Estaríamos também no período após o Concílio de Toledo (XI), iniciado a 7 de Novembro de 675 e terminado no ano 681. Pouco depois, porém, em 711, teria lugar a invasão da Península Ibérica pelas tropas muçulmanas, após a derrota dos Visigodos na batalha de Guadalupe.
Teria o Cruzeiro de Lameiras sido erguido em memória do Concílio Toletano no qual se tratou do Símbolo da Fé Católica, especialmente do Mistério da Santíssima Trindade, da Incarnação , da Redenção e da sorte do homem após a sua morte (cf. nn 525-541 do Enchiridion Symbolorum et Declarationum de rebus fidei et morum, de Denzinger-Schönmetzer, Roma, Herder, 1965, pp. 175-180).
Tomámos, de seguida, a direcção da pedreira do Tavano a qual se encontra do lado esquerdo, a cerca de 300 metros da Quinta do mesmo nome, se rumarmos em direcção a Pinhel e passarmos pela Povoação, chamada Malta. À entrada vê-se logo o distintivo dessa pedreira, assim como a cor da pedra que ali se explora e o culto que se tem pelas cruzes. Repare-se bem neste exemplar, apresentado pela fotografia que vem a seguir. Em cima do bloco de pedra, foi colocada a parte superior de uma cruz, virada ao contrário, sem sabermos a razão desta particularidade!
Entrada para a Pedreira
Foto de 4 de Setembro de 2009
Andados mais alguns metros, fomos dar com um monumento rupestre que, à primeira vista, dá a sensação de ser um Lagar com o seu pio. Na verdade, no estado em que se encontra, parece mais um lagar do que uma sepultura. Poderia, no entanto, ter sido, anteriormente, uma sepultura que tivesse sido adaptada a lagar com a adição do pio que, por sua vez (e admitida a última hipótese), teria sido escavado na continuação do mesmo bloco granítico. Devido a a uma mancha de carvalhotos e giestas que envolvem o monumento, não consegui fotografá-lo convenientemente.
Fotos de 4 de Setembro de 2009
Nota-se, perfeitmente, que o monumento apresenta uma planta perfeitamente ovular o que quer dizer que ele partence aos primeiros tempos da Idade Medieval, pois, segundo consta, as seplturas mais antigas seriam exclusivamente de planta ovulada rectangular ou trapezoidal: Posteriormente ter-e-á caminhado para o antropoforfismo, com a delineação da cabeça, cotinuando, contudo, a utilização de plantas simples (CD-ROM de Fornos de Algodres, Patrimnio Arqueológico de Fornos de Algodres, Inventáirio - Centro de Intepretação Hstórico e Arqueológico de Fornos de Algodres, 2005).
Quinta etapa: Brregão
Primeiro aspecto de Cruzeiro do Barregão
Segundo aspecto com a data de 1940
Fotos de 4 de Setembro de 2009
Não sei se ainda hoje se acredita, mas, em tempos idos, acreditava-se que os cruzeiros eram colocados nas encruzilhadas ou bifurcações para exorcizar as bruxas e os lobisomens. Dizem que, quando alguém se sentia perseguido pelas feiticeiras se depenava uma galinha e se lançavam as suas penas ao vento junto desses cruzeiros para despistá-las e enganá-las.
De seguida fomos ver a fonte que, embora tenha pouca beleza, merece uma maior atenção quanto aos arranjos da sua entrada e da sua porta.
Fonte do Barregão
Prestou bons serviços antes de haver água canalizada e, além do mais, possui uma inscrição gravada no seu lintel e que mostra a data de 1866, como se pode descortinar através desta foto que pode ser ampliada, para uma melhor visualização.
Inscrição com data de 1866
Fotos de 4 de Setembro de 2009
Existe, também, uma pequena Igreja, onde os fiéis se juntam para o culto a qual já deve ter muitos anos, senão séculos. Não tive a oportunidade de verificar se ali se encontrava alguma inscrição. Fiquei, no entanto, com a ideia de procurar sabê-lo numa uma outra melhor oportunidade.
Igreja do Barregão
Foto de 2004
Terminada esta curta visita ao Barregão, demos por terminado o nosso percurso pelos limites da Freguesia de Lameiras que bem nos fez reviver tempos passados, há mais de meio século. Não se detenham, porém, a querer esmiuçar os anos decorridos para ver se conseguem descobrir a minha idade, pois essa já pouco interessa a quem já viveu bastante e sempre soube aproveitar do que a vida de belo contém. Para já, convido-os a terem paciência até lerem a visita que fizemos ao Lamegal.
1 Comments:
obrigado por esta informaçao! eu sempre tento ver alguma coisa sobre a minha aldeia mas é imposivel!a minha aldeia é a vendada e agradeselhe immenso a informaçao!
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