Friday, December 7, 2012

Magusto em Montachique



Promovido pela "Casa do Professor de Loures", dirigida actualmente pelo professor Dr. João Maia, realizou-se, no dia 10 de Novembro de 2012, em Montachique, um Magusto/convívio qui incluiu um almoço, onde nada faltou.

Mal chegámos, avistámos ao longe, um aglomerado de pessoas, à volta de um grande suíno a torrar sobre um enorme braseiro, junto do qual se via um assador de castanhas e várias mesas com aperitivos de várias espécies, sem faltar a água-pé, o vinho e outras bebidas refrescantes.
Tempo dos aperitivos, à nossa chegada

A entrarmos na "roda", fiz como quem já lá se encontrava: peguei num copo, enchi-o de vinho tinto e comecei a petiscar. A Tabita teve mais paciência e retardou a sua participação nos aperitivos, peferindo ir, primeiro, dar uma volta de reconhecimento.

 O primeiro copo
 

Após estas entradas que, a bem falar, já muitos se poderiam dar por satisfeitos, fomos todos para dentro do grande pavilhão das merendas, onde estavam duas longas mesas, bem dispostas bem apetrechadas com pratos, talheres, garrafas de vinho tinto e branco, assim como de outras bebidas leves como sumos, laranjadas, Coca-Cola, etc.
O Porco no churrasco


Bem iniciados, continuaram todos a comer e a beber, levantando-se, por vezes, uns e outros para ir servir-se, de novo, tal era a abundância das iguarias, em que a deglutição rivalizava com a  alegria que todos irradiavam.


Para muitos foi uma bela ocasião de rever amigos e conhecidos, enquanto para outros foi mais uma revisão dos tempos idos nas escolas respectivas. Escusado seria dizer que na maioria, éramos professores reformados, ou melhor dizendo, aposentados, o que, ao fim e ao cabo vem a significar o mesmo). Talvez melhor disséssemos “jubilados” como dizem os nossos irmãos espanhóis, se considerarmos “júbilo” a origem dessa palavra. 

Na verdade, hoje em dia, para muitos ainda no activo, nós os que já demos por terminada a nossa missão, somos uns verdadeiros “felizardos” ou “jubilosos”, visto que, “sem continuarmos a trabalhar”, diz-se, por aí, continuamos a receber um “salário”, nalguns casos superior ao que recebíamos quando nos encontrávamos afundados nos nossos e nos deveres dos outros.

Helena Cabrita, Lurdes Figueiredo e sua neta, Mónica Ferreira
Adelino Antunes e Tabita Almeida

Para mim, pessoalmente, esse encontro serviu-me como luvas em dias de frio invernal, quando, nem o sopro cálido da minha boca chega a aquecer as mãos regeladas. Ali encontrei colegas que já não via, há dois ou três anos, como, por exemplo: Ernesto Caldeira e sua esposa, Maria José Caldeira, a sua filha Isabel Caldeira, a Helena Cabrita, a Lurdes Figueiredo, a Filipa Sofia e sua filhota, Mónica Ferreira, a Tabita Almeida e o Adelino Antunes, para não falar de outros cujos nomes a minha memória já não retém.

 Mais interessante ainda foi verificar que alguns se faziam acompanhar por um(a) ou outro(a) neto(a), nomes estes que têm a sua origem no ablativo nepto de neptus (baixo latim) que, na língua portuguesa sofreu uma síncope[1] ao perder o “p”. Por sua vez, neptus procede do latim clássico nepos, nepotis cujo nominativo plural dá por nepotes e cujo significado tanto pode ser o de rebentos dos filhos ou filhas, como o de grelos da segunda rodada de um planta, como por exemplo de uma couve. Por extensão, esse mesmo vocábulo pode significar também “sobrinhos” ou parentes próximos. 

Este pequeno reparo ajuda-nos, de uma maneira ou de outra, a olhar para os nossos netos como se eles fossem a segunda e a teceria rodada da nossa própria vida.

Pena é que dessa palavra tão nobre tenha procedido uma outra que de nobreza nada tem, mas que tem muito a ver com a riqueza e a avareza. Essa palavra derivada chama-se “Nepotismo” que consiste em atribuir poderes e cargos bem remunerados àqueles que menos os merecem e nunca os alcançariam se não fossem parentes, sobrinhos, netos, familiares ou amigos de quem usufrui, ainda que sem mérito e sem vergonha, o poder político ou religioso. E se, antes, este flagelo se aplicaou, com maior propriedade, ao um Papa da antiguidade, hoje, infelizmente, encontra-se amarrado a todo o tipo de Poder.

Voltemos, porém, ao bom sentido da palavra neptus. Além dos já apontados possui ainda outros dois que são o de “dissipador” e/ou o de “prodígio”. O primeiro destes dois sentidos não deve dar-nos a ideia, de que os netos são esbanjadores, mas, sim, distribuidores dos tesouros que receberam da parte de quem lhes transmitiu a vida e de quem os ajudou a crescer; já o segundo nos convida a olhar para estes seres, assim dotados, como para uns autênticos prodígios da Mãe Natureza! 

Como é, pois, possível compreender o fenómeno da transmissão da vida? Como é possível atentar contra esse mesmo fenómeno e contra o fruto de tão grande mistério? Já pensaram bem em todo este prodígio? Já algum dia se deram conta de que não só os pais, mas também os filhos e os netos constituem um autêntico tesouro que vieram à face da terra para se encontrarem e conviverem com tantos outros mistérios e prodígios que formam o nosso universo? Já se esqueceram, porventura, das alegrias que vos causam uns e outros, mesmo que, às vezes, haja, também à mistura, alguns dissabores?

No Café
Maria Tabita Almeida, Lurdes Figueiredo, Helena Cabrita;
Sofia Figueiredo Ferreira Mónica Ferreira e José Matias

E quem não tem ou não teve filhos ou quem os teve mas não quiseram ou não puderam conceder-vos a segunda rodada? Alegrem-se uns e outros; alegremo-nos em todos aqueles cujos filhos ou netos, tão cuidadosamente, ajudámos a crescer e aos quais transmitimos a força do nosso próprio saber viver! Gravemos no nosso espírito esta ideia: Um docente ou formador é, por natureza, um co-criador que contribui para a feição que os seus discípulos vão adquirindo ao longo dos anos da respectiva formação que nada mais significa do que adquirir uma determinada forma de ser e de viver.

No Café
Sofia Figueiredo Ferreira, sua filha Mónica e Adelino Antunes;
Helena Cabrita, Lurdes Figueiredo e Maria Tabita Almeida

Para alegrar o convívio, o João Maia pediu ao colega  Claudino para que, pusesse à prova a sua arte de acordeonista e pusesse a dançar todo aquela malta que ainda não esqueceu as voltas que os pés tantas vezes repetiram ao som da música!

Bem hajam, senhores organizadores! Felicidades para todos vós e para todos os participantes!
Esteve tudo impecavelmente à altura do momento! 

Ficamos, por isso, à espera do próximo ano!


[1] Por síncope entende-se a um metaplasmo (ou supressão) de um fonema no interior de uma palavra, como neste caso de “neptus” que perde o fonema “t”.

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