Magusto em Montachique
Promovido pela "Casa do Professor
de Loures", dirigida actualmente pelo professor Dr. João Maia, realizou-se, no dia 10 de Novembro de 2012, em Montachique, um
Magusto/convívio qui incluiu um almoço, onde nada faltou.
Mal chegámos, avistámos ao longe,
um aglomerado de pessoas, à volta de um grande suíno a torrar sobre um enorme
braseiro, junto do qual se via um assador de castanhas e várias mesas com
aperitivos de várias espécies, sem faltar a água-pé, o vinho e outras bebidas
refrescantes.
Tempo
dos aperitivos, à nossa chegada
A entrarmos na "roda", fiz como quem já lá se encontrava: peguei num copo, enchi-o de vinho tinto e comecei a petiscar. A Tabita teve mais paciência e retardou a sua participação nos aperitivos, peferindo ir, primeiro, dar uma volta de reconhecimento.
O primeiro copo
Após estas entradas que, a bem
falar, já muitos se poderiam dar por satisfeitos, fomos todos para dentro do grande
pavilhão das merendas, onde estavam duas longas mesas, bem dispostas bem
apetrechadas com pratos, talheres, garrafas de vinho tinto e branco, assim como
de outras bebidas leves como sumos, laranjadas, Coca-Cola, etc.
O Porco no churrasco
Bem iniciados, continuaram
todos a comer e a beber, levantando-se, por vezes, uns e outros para ir servir-se, de
novo, tal era a abundância das iguarias, em que a deglutição rivalizava com a alegria que todos irradiavam.
Para muitos foi uma bela ocasião
de rever amigos e conhecidos, enquanto para outros foi mais uma revisão dos
tempos idos nas escolas respectivas. Escusado seria dizer que na maioria, éramos professores
reformados, ou melhor dizendo, aposentados, o que, ao fim e ao cabo vem a
significar o mesmo). Talvez melhor disséssemos “jubilados” como dizem os nossos
irmãos espanhóis, se considerarmos “júbilo” a origem dessa palavra.
Na verdade,
hoje em dia, para muitos ainda no activo, nós os que já demos por terminada a nossa
missão, somos uns verdadeiros “felizardos” ou “jubilosos”, visto que, “sem continuarmos
a trabalhar”, diz-se, por aí, continuamos a receber um “salário”, nalguns casos
superior ao que recebíamos quando nos encontrávamos afundados nos nossos e nos deveres
dos outros.
Helena Cabrita, Lurdes Figueiredo e sua neta, Mónica
Ferreira
Adelino Antunes e Tabita Almeida
Para mim, pessoalmente, esse
encontro serviu-me como luvas em dias de frio invernal, quando, nem o sopro cálido da minha boca chega a aquecer as mãos regeladas. Ali encontrei colegas
que já não via, há dois ou três anos, como, por exemplo: Ernesto Caldeira e sua
esposa, Maria José Caldeira, a sua filha Isabel Caldeira, a Helena Cabrita, a
Lurdes Figueiredo, a Filipa Sofia e sua filhota, Mónica Ferreira, a Tabita
Almeida e o Adelino Antunes, para não falar de outros cujos nomes a minha memória já
não retém.
Mais interessante ainda foi verificar que
alguns se faziam acompanhar por um(a) ou outro(a) neto(a), nomes estes que têm a
sua origem no ablativo nepto de neptus (baixo latim) que, na
língua portuguesa sofreu uma síncope[1] ao
perder o “p”. Por sua vez, neptus procede do latim clássico nepos,
nepotis cujo nominativo plural dá por nepotes e cujo significado tanto
pode ser o de rebentos dos filhos ou filhas, como o de grelos da segunda rodada
de um planta, como por exemplo de uma couve. Por extensão, esse mesmo vocábulo
pode significar também “sobrinhos” ou parentes próximos.
Este pequeno reparo
ajuda-nos, de uma maneira ou de outra, a olhar para os nossos netos como se
eles fossem a segunda e a teceria rodada da nossa própria vida.
Pena é que dessa palavra tão
nobre tenha procedido uma outra que de nobreza nada tem, mas que tem muito a
ver com a riqueza e a avareza. Essa palavra derivada chama-se “Nepotismo” que
consiste em atribuir poderes e cargos bem remunerados àqueles que menos os
merecem e nunca os alcançariam se não fossem parentes, sobrinhos, netos,
familiares ou amigos de quem usufrui, ainda que sem mérito e sem vergonha, o
poder político ou religioso. E se, antes, este flagelo se aplicaou, com maior
propriedade, ao um Papa da antiguidade, hoje, infelizmente, encontra-se amarrado a todo o tipo de
Poder.
Voltemos, porém, ao bom sentido
da palavra neptus. Além dos já apontados possui ainda outros dois que
são o de “dissipador” e/ou o de “prodígio”. O primeiro destes dois sentidos
não deve dar-nos a ideia, de que os netos são esbanjadores, mas, sim,
distribuidores dos tesouros que receberam da parte de quem lhes transmitiu a
vida e de quem os ajudou a crescer; já o segundo nos convida a olhar para estes
seres, assim dotados, como para uns autênticos prodígios da Mãe Natureza!
Como
é, pois, possível compreender o fenómeno da transmissão da vida? Como é
possível atentar contra esse mesmo fenómeno e contra o fruto de tão grande
mistério? Já pensaram bem em todo este
prodígio? Já algum dia se deram conta de que não só os pais, mas também os
filhos e os netos constituem um autêntico tesouro que vieram à face da terra para
se encontrarem e conviverem com tantos outros mistérios e prodígios que formam
o nosso universo? Já se esqueceram, porventura, das alegrias que vos causam uns
e outros, mesmo que, às vezes, haja, também à mistura, alguns dissabores?
No Café
Maria Tabita Almeida, Lurdes Figueiredo, Helena
Cabrita;
Sofia Figueiredo Ferreira Mónica Ferreira e José Matias
E quem não tem ou não teve filhos
ou quem os teve mas não quiseram ou não puderam conceder-vos a segunda rodada? Alegrem-se
uns e outros; alegremo-nos em todos aqueles cujos filhos ou netos, tão
cuidadosamente, ajudámos a crescer e aos quais transmitimos a força do nosso
próprio saber viver! Gravemos no nosso espírito esta ideia: Um docente ou
formador é, por natureza, um co-criador que contribui para a feição que os seus
discípulos vão adquirindo ao longo dos anos da respectiva formação que nada
mais significa do que adquirir uma determinada forma de ser e de viver.
No Café
Sofia Figueiredo Ferreira, sua filha Mónica e Adelino
Antunes;
Helena Cabrita, Lurdes Figueiredo e Maria Tabita
Almeida
Para alegrar o convívio, o João
Maia pediu ao colega Claudino para que,
pusesse à prova a sua arte de acordeonista e pusesse a dançar todo aquela malta que ainda não esqueceu as voltas que os pés tantas vezes repetiram ao som da música!
Bem hajam, senhores organizadores!
Felicidades para todos vós e para todos os participantes!
Esteve tudo impecavelmente à altura do momento!
Ficamos, por isso, à espera
do próximo ano!
[1] Por síncope entende-se a um
metaplasmo (ou supressão) de um fonema no interior de uma palavra, como neste
caso de “neptus” que perde o fonema “t”.
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