Monday, March 25, 2013

SONHO DE AVENTURA (II) DE MACAU A JERUSALÉM



1- Regresso a Macau

Após a conclusão da segunda Licenciatura regressou a Macau, em 1971. Tinham passado cinco anos e a cidade de Macau havia mudado bastante. Pairava, ainda no ar, o fumo negro da Revolução Cultural Chinesa, provocada por Mão-Tsé-Tung em 1966 no intuito de fortalecer a sua posição política contra os seus opositores (os pró-burguesia, Kruchevistas).

Essa Revolução cultural, porém, cedo viria a tornar-se numa luta pelo poder, encetada pela facção maoísta que era apoiada pelo Exército Popular de Libertação, chefiado por Lin Piao à qual se opunha uma outra facção que era liderada por Liu Shao-chi e por Deng Xiao-Ping, que pretendiam uma abertura à subida da burguesia na China

O movimento favorável a Mão, inspirado e instigado pelo seu livro “Pensamentos de Mão-Tsé-Tung”, mais conhecido por “Livro Vermelho” organizou-se e desenvolveu-se de tal forma que se multiplicaram as organizações revolucionárias por todo o lado, dentro e fora da China, tendo em vista fazer alastrar essa Revolução a todos os recantos do solo chinês, incluindo as possessões sob o domínio estrangeiro, como Hong-Kong e Macau.

Como, na então colónia britânica (Hong-Kong), ela se tornava mais complicada, voltaram-se os “Guardas Vermelhos” encarniçadamente contra Macau, atacando, aí, escolas cristãs e o próprio Paço Episcopal, onde fizeram refém, durante algum tempo, o Bispo D. Paulo José Tavares. As coisas tornaram-se de tal maneira difíceis para esse Território, que o Bispo e o Clero acharam por bem fechar a secção de Filosofia e Teologia do Seminário de São José, enviando os seus poucos alunos para Hong Kong e Portugal.

Esta situação de ”cerco” a Macau, onde tudo o que fazia lembrar o colonialismo era destruído, como estátuas, retratos de governadores da sala do Leal Senado, etc, durou até 1968, ano em que Mão conseguiu consolidar o seu poder como líder incontestado e limpar todos os seus opositores mais conhecidos.

Mas, em 1970, Mao teve que haver-se com Lin Piao, chefe do Exército Popular. De novo surgiu a contestação contra ele, desta vez, porém, liderada por Lin Piao, que acabou por ser retirado do comando do Exército. Este, ainda, tentou refugiar-se na URSS, embora em vão, pois veio a morrer, segundo parece no avião, quando procurava a fuga, em 1971.

A reviravolta não ficaria por aqui. Em Janeiro de 1976, morreu o Primeiro-Ministro, Chou En-Lai que sempre se mostrara conciliador das tendências maoístas do PCC e, no mês de Setembro desse mesmo ano, faleceu, também, o próprio Mão Tsé-Tung com a idade de 83 anos, abrindo-se novos horizontes à política chinesa[1].

Não era para admirar o alastramento da Revolução Cultural Chinesa se desse de maneira fulgurante, pois os Pensamentos de Mão atearam-se nos guardas vermelhos e população como se fossem um rastilho aceso em estopa ensopada em gasolina. Para termos uma vaga ideia, basta ler e meditar sobre algumas das máximas que fazem parte desse “Livro Vermelho” de Mao[2]:
“A política é uma guerra sem derramamento de sangue, e a guerra uma política com derramamento de sangue”.
“Somos a favor da abolição da guerra, não queremos a guerra. Mas a guerra só pode ser abolida com a guerra. Para que não existam mais fuzis, é preciso empunhar o fuzil”.
“A bomba atómica é um tigre de papel que os reaccionários americanos usam para assustar as pessoas”.
“Todo o conhecimento genuíno tem origem na experiência directa”.
“Os camponeses ricos têm uma forte propensão para o capitalismo”.
 “O urgente geralmente atenta contra o necessário”.
“Comunismo não é amor, comunismo é um martelo com o qual se golpeia o inimigo”.
“O poder nasce da ponta do cano de um fuzil”[3]
"A bosta de boi é mais útil que os dogmas; serve para fazer estrume."[4]
"Um partido político que dirige um grande movimento revolucionário não pode conquistar a vitória sem dominar a teoria revolucionária, sem possuir um conhecimento da História e sem compreender profun damente o movimento"
"Devemos apoiar tudo o que o inimigo combate, e combater tudo o que o inimigo appoia"
"Guardar-se da arrogância. Isso constitui uma questão de princípio para os dirigentes, mas é também uma importante condição para manter a unidade. Nem mesmo aqueles que não cometeram erros graves e conseguiram grandes êxitos no trabalho devem ser arrogantes".
"A auto-satisfação é inimiga do estudo. Se queremos realmente aprender alguma coisa, devemos começar por nos libertar disso. Em relação a nós próprios devemos ser 'insaciáveis' na 'aprendizagem' e em relação aos outros, 'insaciáveis no ensino'"[5].

2- Professor em Hong-Kong

Nestas circunstâncias, logo que o nosso "Sonhador Beirão" chegou a Macau, foi enviado para Hong-Kong a fim de leccionar Sagrada Escritura no Seminário Regional de Aberdeen que, então, estava agregado à Universidade Urbaniana de Roma, cabendo-lhe o direito de conceder graus académicos e no qual residiam e estudavam alguns alunos, pertencentes à Diocese de Macau. Aí residiam também já dois professores desta mesma diocese, Dr. Arquimínio Rodrigues da Costa e Dr. Luís Cheng.  À sua chegada a esse Seminário, em 1971, destinaram-lhe a leccionação de Exegese do Antigo e do Novo Testamento e ainda a cadeira de História do Povo Bíblico.
No ano seguinte foi engrossar o número de professores o P. Vogt que lhe aliviou a sobrecarga lectiva, tomando a seu cargo a leccionação do Antigo Testamento. Este divisão de sectores duraria até  finais de Maio de 1973, termo do ano lectivo e altura em que o "Sonhador" deixou Hong KOng e Macau para se deslocar até Jerusalém para um estágio e uma eventual permanência de alguns ans anos, em ordem a estudos avançados .
Seminário de Aberdeen, em Hong-Kong, em convívio com as famílias dos alunos
Na companhia do Dr. Arquimínio Rodrigues da Costa, natural de São Mateus, Pico, Açores, que leccionava Filosofia e, talvez, Direito Canónico ou Latim, passaram belos tempos de trabalho e diversão. Fizeram alguns passeios interessantes e, inclusive, um belo dia o Dr. Arquimínio desafiou-o para escalarem o Pico de Hong-Kong, coisa que encontraram, não só tentadora, mas, também, interessante. Lá foram eles e por láse divertiram, sobretudom depois de terem alcançado o ponto mais alto desse Pico. 
A recordação que fiquei na memória da pessoa do Dr. Arquimínio, enquanto colega e professor foi a melhor que podia existir. Na verdade, era uma pessoa alegre, mas pensativa; amigo do seu amigo e disposto a ajudar sempre  quem quer que necessitgasse da sua ajuda. Era ele que, muitas vezes, subia do refeitório para ir chamar o "Sonhador" que, metido nos seus estudos, se esquecia de ir comer.
Depois de Maio de 1973, tempo já se ausentara para Jerusalém, o Dr. Arquimínio passou por grandes calafrios, pois no dia 14 de Junho desse mesmo ano de 1973, foi eleito pelo Cabidopara o cargo de Vigário-Capitular da Diocese de Macau e, em 20 de Janeiro de 1976, foi nomeado Bispo dessa mesma Diocese pelo Papa Paulo VI, sendo consagrado na Sé Catedral de Macau no dia 25 dre Março desse mesmo ano.

3- Partida e estágio em Jerusalém

Após três anos de ensino nessa instituição de Hong Kong, partiu para Jerusalém. Cio de 73, permanecendo na Cidade Santa até Outubro ddesse  mesmo ano.
Panorâmica de Jerusalém moderna[6]

3.1- Residência

Ficou hospedado no Casa dos Padres de Sion, ou seja, no Mosteiro de Ratisbonne que, depois de ter sido fundado pelo Pe Marie-Alphonse Ratisbonne, se tornou um instituto consagrado aos estudos para os cristãos interessados em Estudos Judaicos, vindo a tomar uma dimensão internacional e ecuménica, em 1970, e ficando, então, a ser conhecido pelo nome de Centre Chrétien d'Études Juives (CCEJ).

Complexo do Mosteiro
(O meu quarto era o primeiro que é visível na ala direita do 1º andar do edifício)
Para a sua construção, o padre Marie-Alphonse Ratisbonne, um judeu francês convertido ao Cristianismo , escolheu o árido  bairro de Rehavia, em Jerusalém e, para construtor do edifício, escolheu o compatriota e arquitecto M. Daumat. A construção que teve os seus inícios em 1874 fora da cidade, encontra-se, hoje, no centro da Jerusalém Ocidental.
Placa à entrada do Mosteiro[7]
Foi também co-fundador da Congregação de Nossa Senhora de Sion, uma congregação dedicada à conversão dos judeus ao Catolicismo.

3.2- Funções

Contactou com os Padres Dominicanos, da École Biblique (onde conheceu os Professores Doutores José Ramos, António Tavares e Marcolino Gonçalves) e os Padres Franciscanos do Insituto Bíiblico Franciscano (onde conheceu os Professores Doutores Joaquim Carreira das Neves e o Doutor De La Paz, com quem tentou idealizar um estudo de tese.
Foi, pouco tempo depois, convidado pelas Irmãs de Notre Dame de Sion para servir de guia a alguns grupos de peregrinos que desejavam visitar o seu convento “Ecce Homo”, sítio arqueológico no qual se veneram alguns restos do tempo de Jesus. Essas irmãs além de se dedicarem ao acolhimento de meninas órfãs, dirigindo também um centro médico, acompanhando, igualmente grupos de peregrinos aos Lugares Santos de Israel.
Depois de algum tempo em Jerusalém, essas Irmãs convidaram-no para trabalhar com elas no seu convento, de modo a explicar aos visitantes ingleses, franceses, italianos, espanhóis e portugueses, o que de restos bíblicos se encontravam no seu convento, como parte da Torre Antónia. Eis o Plano que era seguido na visita:
Plano da Visita
Para preparar essas visitas guiadas, foi-lhe de grande utilidade a biblioteca do Mosteiro de Ratisbonne e um pequeno livro chamado Antonia Lithostrotos: a Guide for the Visitor, publicado pela Franciscan Printing Press, Jerusalem 2504-V-1973 e que não era mais do que um resumo a partir de algumas obras: de P.L.H.Vincent “L’Antonia et le Prétoire”, publicado na  Revue Biblique, 1933, pp. 85-113; Autour du Prétoire, Revue biblique, 1937, pp. 563-570 e de Sr. Marie Aline de Sion; La Forteresse Antónia à Jérusalem et la Question du Prétoire. Thèse de Doctorat, 1955.

3.2.1- Sumária resenha histórica da cidade

As explicações tinham por objecto uma síntese histórica da cidade de Jerusalém, nos seus diferentes períodos, servindo-nos de obras referentes ao assunto[9]. Assim, o "Sonhador Beirão" idealizou uma  explicação, seguindo os seus respectivos períodos, tais como:
1.           Período dos Juízes (1175-1040 a.C.);
2.           Período do Profeta Samuel (1040-1030 a.C.);
3.           Período de Saul , o primeiro rei de Israel (1030-1010 a.C.;


4.      Período do rei David (Rei de Judá de 1010 a 1003 a.C., e de Judá e Israel num reino unificado, desde 1003 a 970 a.C, segundo o arqueólogo americano H. Gaubert e Edwin Thiel,
5.          Período de Salomão (de 970- 931) com a construção do 1º Templo;

Idealização do Templo de Salomão[10]



   6.    Período após a Divisão do Reino de Salomão: Por um lado, o Reino do Sul (constituído pelas tribos de    Judá e de Benjamim, sendo governados por Roboão (ou Reoboão), filho e sucessor de Salomão (cf. I Reis 11:43) que já tinha 41 anos de idade; por outro, o Reino do Norte (também chamado Israel) que passou a ser dirigido por Jeroboão, ex-general dos exércitos de Salomão; essa divisão podia ser exemplificada pelo mapa que segue:

Divisão do Reino[11]
 

   O Reino do Norte, ou de Israel caiu sob o poder dos Assírios no período que vai de 885-721; O Reino do Sul ou de Judá caiu devido à invasão dos Caldeus (Babiloneses), sendo destruída Jerusalém no período que vai entre 597-536 a.C. Seguiu-se o célebre Exílio de Babilónia, cujo período se estendeu desde 597-536 a.C.
7.     Jerusalém no tempo após a destruição assiro-babilónica:
Em 586 a.C., os babiloneses, sob o rei Nabucodonosor II capturaram Jerusalém, destruíram o Templo e levaram muitos judeus cativos para Babilónia e outros sítios do seu império;

8.     Jerusalém no tempo dos Cananeus, Jebuseus e Israelitas (586 a.C. - 538 a.C.);
9.     Jerusalém após 538 ou o Período do 2ºTemplo (construído por Neemias);
10.   O exílio babilónico viria a terminar com a derrota dos Babilónios pelos Persas, em 538;


  11.  Jerusalém, após o Édito de Ciro (o Grande) da Pérsia,
 Ciro, ao conquistar Babilónia, fez emanar um édito pelo qual dava liberdade aos judeus para regressarem a Jerusalém e reconstruírem o Templo de Iavé que seria o 2º templo;
12.  Jerusalém e o 3º Templo construído por Herodes;
13.  Em 64 a.C., o general romano Pompeu conquistou Jerusalém e fez do reino judeu um estado-vassalo de Roma;
14.  Em 57-55 a.C., o  procônsul da Síria, Aulo Gabínio, dividiu o antigo reino em três Províncias: Galileia, Samaria e Judeia, com cinco Sinédrios, isto é, Corte ou Assembleia de Juízes;
15.  Em 40-39 a.C. Herodes, o Grande foi nomeado e apontado pelo Senado Romano rei da Judeia , procedendo, então, a grandes construções em Jerusalém entre as quais, as Torres Antónia, Fasael, Hípicos e Miriam, à abertura de várias cisternas e à construção do 3º e último Templo, dedicado a Iavé, sucedendo-lhe Herodes Arquelau, como etnarca da Judeia;
16. No ano 06 d.C., o seu sucessor, Herodes Arquelau, foi deposto pelo imperador Augusto, sendo os seus territórios anexados à Província da Judeia, passando, portanto, a ser administrados directamente pelos romanos, terminando pratica e teoricamente, a independência do reino de Judá.
17.   No ano 70 d.C., após uma nova revolta dos judeus, os romanos destruíram a maior parte da cidade e o templo foi incendiado, ficando, apenas restos de um muro, hoje conhecido por “Muro das Lamentações”.
18.  Jerusalém transformada em Aelia Capitolina, também chamada "Colónia Aelia Capitolina". Foi uma cidade construída, em 131 d.C., pelo Imperador Adriano; uma cidade em estilo de cidade romana. Aqui havia ainda a considerar: a Torre Antónia; o  Lithostrotos; o Arco Ecce Homo; a Cisterna de Herodes e o Caminho do Pretório até ao Calvário (Gólgota), ou Via-sacra. Significação de “Calvário”, ou seja, em aramaico Golgota que era uma pequena colina no exterior, mas perto da cidade de Jerusalém; em Grego dizia-se Gûlgaltâ em transliteração do aramaico ou Κρανιου Τοπος (Kraniou Topos); em latim, por seu lado, chamava-se Calvaria que queria dizer local dos crânios do qual falam os quatro evangelistas 


Mateus 27:33: E eles chegaram a um lugar chamado Gólgota, que significa o Lugar da Caveira.
Marcos15:22: E eles levaram-no ao lugar chamado Gólgota, que é traduzido por Lugar da Caveira.
Lucas 23:33: Então eles chegaram ao lugar chamado de Caveira. 
João 19:17: E carregando ele mesmo a sua cruz, saiu para o assim chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota.

3.2.2- Cidade de Jerusalém e o seu 1º Tempo ou de Salomão

A cidade dos primeiros tempos, ou seja, Jerusalém do período Cananeu, Jebuseu e Israelita encontrava-se situada do lado debaixo do Monte Ophel que, por sua vez, ficava por baixo da Área do Templo e do Palácio de Salomão. Esta cidade primitiva parece que era cercada por um muro que foi destruído quando Herodes mandou construir o Novo Templo e os novos Palácios que os mandou circundar por um novo muro.
Período Cananeu, Jebuseu e Israelita (586 a.C. até 538 a.C.)[12]

3.2.3- Cidade de Jerusalém no tempo de Jesus



3.2.3.1- Situação antes de Jesus


 Após a destruição de Jerusalém no tempo dos Assírios e Babiloneses, o primeiro templo foi destruído e os seus filhos foram deportados. Em 539 a.C., após a vitória dos persas sobre BAbilónia, Ciro, o Grande, decretou a favor dos Judeus expatriados para que estes pudessem regressar à Judeia e aí reconstruir o Templo dedicado a Iavé.
No primeiro livro de Esdras (cap. 1: 2-3), fala-se precisamente desse édito, utilizando-se estas palavras: “Eis o que diz Ciro, rei dos Persas: O Senhor Deus do Céu deu-me todos os reinos da terra e ele mesmo me mandou que lhe edificasse um templo em Jerusalém, que está na Judeia. Quem é dentre vós pertencente ao seu povo? O seu Deus seja com ele. Vá para Jerusalém, que está na Judeia e edifique a casa do Senhor Deus de Israel” (Cf. 6:2-5).
A reconstrução levada a cabo incluiu as muralhas da cidade, desde a Porta das Ovelhas, a norte, passando pela Torre de Ananel, no canto noroeste, a Porta dos Peixes, a oeste, a Torre das Fornalhas, no canto sudoeste do Monte do Templo, o Portão do Estrume, no sul, até à Porta Leste e o Portão além da Ponte Dourada, a leste[13].

O Templo (em hebraico בית המקדש, beit hamiqdash), foi reconstruído, também, nessa altura e no mesmo local onde antes Salomão tinha construído o primeiro templo (em madeira de cedro do Líbano[14]) que foi saqueado várias vezes, acabando por ser totalmente incendiado e destruído pelos soldados de Nabucodonosor II, em 587 a.C. N entanto a reconstrução deste foi por fases:
  1. Logo após o retorno da primeira leva de judeus, por volta do ano 635/634 (a.C.), liderada por Zorobabel, o templo começou a ser reconstruído;
  2. Pouco depois, em 530 a reconstrução do templo parou até ao segundo ano de Dário I;
  3. Em 520/519, Dário decretou que a reconstrução do templo deveria ser retomada sem interferência (cf. 1Esdras 6,6-12);
  4. No ano 516/515, o templo estava reconstruído (cf. 1Esdras 6:13-15).
Tanto a nova cidade como o Templo foram reconstruídos no Monte Sion que hoje corresponde aos quarteirões Armeno e Judeu e que seria também circundada por um novo muro[15]. ESte templo reconstruído ficou a ser conhecido com o 2º Templo.

Neste novo período de Jerusalém ficaram célebres as seguintes personalidades:
  • Zerubabel ou Zorobabel (do gr. Ζοροβάβελ, e em hebr. זְרֻבָּבֶל)[16] ;
  • Nehemias (em grego νεεμια e em  hebr. נְחֶמְיָה - nehemyah - Jahve protege ou conforta);
  • Esdras ou Ezra (em grego Ἔσδρας) e em hebr. Ezra עֶזְרָא, abreviação de עַזְרִיאֵל "Aquele que ajuda, auxiliador).   


3.2.3.2- Situação no tempo de Jesus

Coube a Herodes, o Grande, cerca do ano 30 a.C., embelezar a cidade de Jerusalém para a chegada de Jesus, embora não fosse essa a sua intenção, construindo duas cidadelas que se tornaram os lugares-chave da cidade.
A primeira cidadela ficou a chamar-se Antónia sobre uma plataforma de rocha cercada por um fosso, servindo para proteger a cidade contra os ataques do norte, assim como para permitir aos soldados romanos controlar a área do templo. Veja Flavius ​​Josephus: "A guerra dos judeus". E estava localizada entre o riacho de Bezetha e o vale de Tyropoeon e a sua esplanada foi circundado por um muro defensivo.
Torre Antónia
A segunda cidadela era constituída por um complexo de três torres chamadas Torre Fasael (hoje conhecida por  Torre de David) com a função de proteger a parte ocidental da cidade alta e o Palácio de Herodes, a Sul; Torre Hípica e a Torre de Miriam.

As três torres do Palácio de Herodes: Hípica, Fasael e Míriam[17]

Ficou a dever-se a ele, também, a construção do magnífico Templo com a sua grande esplanada ornada com dois grandes Pórticos, assim como um Teatro e vários reservatórios para armazenamento de água, alguns dos quais ainda hoje persistem, como, por exemplo: a Piscina da Serpente; a Piscina das Torres; a Piscina de Betesda que tinha sido escavada no século VIII a. C., e ficando a ser conhecida por por estar situada no caminho do vale de Beth Zeta, também chamada Piscina Alta 'בריכה העליונה'  ou Probática por estar perto da Porta das ovelhas); a Piscina Struthion, que ficou na tradição como a “Cisterna de Herodes”, encontrando-se situada precisamente no que hoje constitui o Convento das Irmãs de Sion (de “Ecce Homo”)[18].
O nome 'Betesda' é a transliteração da expressão aramaica בית חסדא  (beth hesda ) que significa “casa da graça”, enquanto a palavra “Probática” deriva do grego probaticon (προβατικός, pertencente a ‘cordeiros, ovelhas ou rebanhos”). Era assim conhecida também, por estar perto do Templo e nela serem lavadas os animais que devia ser sacrificados no altar sacrificial. Era ainda conhecida por “Piscina dos Pórticos Bethesda ( do grego, κολυμβήθρα kolumbethra por ter cinco pórticos. (cf. Jo  5: 1-9    e ainda  James H. Charlesworth, Jesus and archaeology, Wm. B. Eerdmans Publishing, 2006. pp 560-566.
A piscina Struthion, por seu lado, que servia para armazenar as águas vindas do Fórum, de Adriano, tinha sido anteriormente escavada no tempo dos Asmoneus, como o confirma Flávio Josefo (The Jewish War V. 467) que nos dá, inclusive, o significado de Struthios como sendo ‘pardal”. Fazia, originariamente, parte de um aqueduto construído ao ar livre, que, mais tarde, passou a fazer parte do sistema de túneis subterrâneos que foram feitos para a extracção de pedra para a construção do Templo e que, finalmente, ficou por baixo do Convento “Ecce Homo” das Irmãs de Sion.
Templo de Jerusalém construído por Herodes, vendo-se ao lado esquerdo a Torre Antónia e, em baixo do lado direito, o palácio de Herodes e as três torres defensivas[19]
Palácio de Herodes, vendo-se ao fundo, o Hipódromo, entre a esquina do Templo e o Teatro[20]
Porém, tanto a cidade, como o Templo vieram a ser destruídos, novamente, no ano 70 d.C. pelas legiões romanas que eram, então, comandadas pelo general Tito (cf., The Jewish War V, 4-5).
Segundo relata Flávius Josephus, quando os romanos destruíram a cidade e o templo conservaram não só a segunda cidadela constituída, como já dissemos, pelas três Torres (Fasael, Hípicos e Miriam), mas também a secção do muro que medeia a Porta de Jafa de hoje e o ângulo sudoeste da muralha de Herodes, no intuito de servirem de alojamento à Décima Legião romana, chamada Forensis, constituída por 800 Veteranos a qual foi deixada em Jerusalém por Tito, com a tarefa de proteger a cidade de Jerusalém contra os ataques dos revoltosos judeus que espreitavam, a toda a hora, a melhor ocasião de se insurgirem contra os romanos.
No ano 129 (d.C.), o Imperador Adriano visitou a cidade e, encontrando-a muito degrada, prontificou-se a reconstrui-la, o mais depressa possível. Mal as obras de reconstrução tinham começado, insurgiu-se um grupo de judeus, no ano 132, comandado por Bar Kochba, e declararam guerra contra os romanos, prolongando-se esta revolta até ao ano 135,  o que impediu o desenvolvimento dos trabalhos de reconstrução.
Terminada esta sublevação, os trabalhos recomeçaram, no ano 136, surgindo, então, uma nova cidade, mas em moldes romanos, à qual foi posto o nome de Aelia Capitolina, em honra do nome de Adriano cujo nome era Publius Aelius Hadrianus.
A pior coisa que podia acontecer aos judeus, imediatamente, a seguir a esta nova reconstrução, foi a erecção do Templo de Júpiter sobre a rocha furada do Santuário de Iavé e a estátua de Adriano ao seu lado. Além de uma provocação, este facto foi considerado uma profanação sacrílega, o que os judeus nunca perdoaram aos romanos.
No Lugar da Torre Antónia surgiu um Arco Triunfal e, ao seu lado, o Mercado geral, ficando um pouco ao lado as piscinas do templo. Ao lado esquerdo da Cardo (Rua principal) ficava o Campo da Décima Legião perto do qual foi edificado o Praetorium[21] (Pretório). Por cima deste complexo resplandecia o Fórum Romanum, seguido do Templo de Afrodite.
Aelia Capitolina (135-330 d.C.)[22]
Mais abaixo, do lado direito da Cardo, situava-se o Teatro em semicírculo, como era habitual, como poderemos apreciar, nesta possível reconstituição seguinte.
Teatro romano em semicírculo[23]

3.2.4- Período Bizantino (330-640 d. C)

Neste período de três séculos, o exterior da Aelia Capitolina não mudou muito. Mudou, sim, o seu interior, porquanto irromperam, por todo o lado, construções de cariz cristão, como: igrejas e mosteiros católicos e ortodoxos, dedicados aos santos preferidos de cada credo religioso.
O mais importante, no entanto, foi a construção da Igreja do Santo Sepulcro, mandada edificar pelo Imperador Constantino (306-337), pertencendo, também a ele, a cúpula dourada. Ao lado, encontram-se os aposentos dos sacerdotes e dos guardas dos Santo Sepulcro. Esses edifícios  foram levantados no local onde Jesus tinha sido sepultado, segundo uma antiga tradição, embora os protestantes indicassem, mais tarde, um outro local diferente.
Basílica do Santo Sepulcro
JCM 1973

3.2.5- Período dos Muçulmanos (640-1099 d.C.)

Com as conquistas muçulmanas, a Terra Santa caiu sob o seu domínio no ano 640, perdurando esse domínio até ao ano 1099. Mudaram as denominações, assim como os bairros residenciais. Foram estes bem assinalados, sendo especificados os que eram reservados de preferência aos Judeus e aos Cristãos. Notemos, por exemplo, o local onde, primeiro, foi construída a Mesquita de Omar, no ano 935, assim como a mudança do nome do Pretório em Oratório de David.
Mapa do primeiro período muçulmano (640-1099)
(Carta's, p. 27)
A maior mudança, no entanto, verificou-se na esplanada do Templo. Notem-se, também, os sucessivos nomes (em inglês) que foram dados à cúpula da Mesquita, construída na esplanada do Templo de Jerusalém:
“Dome of the Rock”, no ano 661-691,

“Dome of the Prophet”, no ano 903,
“Dome of Ascension”, no ano 903-1300
“Dome of the Chain”, no ano 913.

Além dessas modificações, foram construídas uma pequena mesquita do lado de cima da “Gate of Mercy” (Porta da Misericórdia) e a Mesquita chamada Al- Aqsa, em 710[24],
, em 710,

3.2.6- Período dos Cruzados (1099-1187)

As maiores mudanças, introduzidas durante este período, situam-se no ordenamento do território citadino, sendo criados três grandes quarteirões ou bairros cristães, a saber:
  1. O Bairro do Patriarca que tem, à sua esquerda, o bairro Sírio;
  2. O bairro dos Arménios, logo no flanco debaixo;
  3. O Bairro dos Hospitalares que se situava, precisamente, entre os dois anteriores.
Mapa do Período dos Cruzados (1099-1187)
Carta's, p. 31)
Outras mudanças que podem ser observadas sobressaem, tanto nas cercanias (a construção de igrejas e do Palácio atribuído a Pilatos), como no interior da esplanada do Templo, sendo, aqui, substituída a Mesquita pelo Templum Domini, como não podia deixar de ser. Observam-se também, ao lado, o Mosteiro do Templo, a Igreja de São Gil e a Igreja de Jacob, enquanto, no sul da esplanada, continuaram o Templum Salomonis, o palácio dos Templários e os Estábulos do Templo.

3.2.7- Período de Mameluke (1187-1517)[25]

3.2.8- Período Turco (1517-1917)[26]

3.2.9- Continuação da Visita

Deixando para trás estes dois últimos períodos, por não terem tanto interesse para os visitantes do Convento das Irmãs de Sion, continuava-se com a explicação que dizia mais respeito a este último reduto e, para já, seguia-se o estudo de três preciosidades cristãs que eram e continuam a ser o célebre Arco de Ecce homo, o possível local do Pretório e a Cisterna de Herodes.

3.2.10- Arco do Ecce Home:

Efectivamente,o meio arco que dá para a Via Dolorosa, conhecido por “Arco Ecce Homo”,não é mais do que o resto de uma tripla porta construída pelo imperador Adriano, no tempo da reconstrução de Jerusalém, a partir do ano 135. Esse meio arco pertencia à entrada da nova cidade que surgiu com o nome de “Colónia Aelia Capitolina”.
O nome de “Ecce Homo” provém apenas da Idade Média, para recordar as palavras de Pilatos ao mostrar Jesus ao povo, com a coroa de espinhos na cabeça, episódio bíblico esse que se encontra no Evangelho de São João (cp. 19:4-5).
Arco dito “Ecce Homo” dos anos 70

O Arco Ecce Homo na Via Dolorosa (Foto: Ron Peled)

 

3.2.11- O Pretório e o Lithostrotos

Dentro do Convento do mesmo nome encontra-se um grande espaço, diríamos, sala, cujo pavimento é constituído por largas lajes ou pedras estriadas, a que foi dado o nome grego de Lithostrotos (do gr. λιθόστρωτον que significa 'pavimento de pedra' ou 'lajedo') e que, segundo estudos feitos, parece datar do tempo da Aelia Capitolina, mas que, sempre, foi tido pela tradição, como sendo o local do Pretório de Pilatos e o local onde Jesus foi maltratado pelos soldados romanos.

Um aspecto das pedras estriadas[27]

As  estrias serviriam para evitar que os cavalos escorregassem e o polimento que se notam, crêem alguns, que teriam sido feitas pelas ferraduras dos cavalos, o que não é de admirar em ambos os casos. Além disso existe sobre uma das suas lajes o “Jogo do Rei”, o que podem muito bem levar-nos a acreditar que esse mesmo pavimento lítico tenha servido de palco onde os soldados romanos tenham maltratado Jesus, vestindo-o com um manto escarlate, metendo-lhe uma cana na mão, colocando-lhe uma coroa de espinhos na cabeça e prostrando-se perante ele, dizendo “ave rex” (Salve, oh Rei!
Pessoalmente, o que  me parece  de maior interesse é o “Jogo do Rei” que se encontra gravado numa das lajes desse pavimento. Trata-se de uma figura constituída por um círculo composto por oito raios ou linhas, uma das quais se prolonga para o exterior do círculo a qual poderá constituir a “linha da vida”.

 “Jogo do Rei”[28]


No exterior do círculo encontram-se ainda quatro ou cinco figuras, como  pode ser melhor constatado através  da segunda fotografia, (a cores): um tríplice quadrado munido de “casas”, dois escorpiões e, mais afastado, um outro círculo que se encontra separado da letra Betha (B) por um traço vertical.
Segundo explicam alguns entendidos, tratar-se-ia de um jogo próprio dos soldados romanos que consistia em lançar, num tabuleiro, os dados feitos a partir das articulações de ovelhas. No caso presente, o lajedo seria o substituto do tabuleiro.
Usualmente, os soldados escolhiam um dos seus companheiros para figurar de “REI” que seria, ornado com um manto, uma coroa e um ceptro. Ajoelhavam, depois, perante ele e prestavam-lhe homenagem ou adoração como se fazia aos reis.
Durante o dia, os soldados deitavam à sorte todos os seus bens, tais como: roupas, esposa, casa que tinham na sua própria terra de origem, por exemplo, em Roma. Finalmente o jogo culminava com o lançamento dos dados para sortearem, não apenas a sua própria vida ou morte, mas também aquele que deveria ser o seu executor.
O que acontecia, normalmente, era escolherem um desgraçado qualquer “sem lar nem beira”, dito, hoje, “sem abrigo” para ser morto.
Havia, porém, a possibilidade (porém, muito remota, crê o "Sonhador"), de ultrapassar a morte. Seria o caso em que o número dos dados lançados atingisse o cruzamento da “linha da vida”, através da qual poderia sair para o exterior do círculo mortal.
A tradição cristã tem vindo a venerar esse pavimento como tendo sido o local onde Jesus foi chacoteado e escarnecido pelos soldados romanos e tem sido preservado com todo o cuidado pelas Irmãs de Sion que, sobre ele, fundaram o seu Convento.
Aspecto actual do Lithostrotos[29]

3.2.12- Cisterna Herodiana

Esta cisterna, que fazia parte da Torre Hípicos, media 20 côvados, ou seja, 9 metros (1 côvado = 0,45m) de profundidade e servia para aproveitar e armazenar as águas da chuva. A sua localização no Mapa da cidade de Jerusalém encontra-se com o número 4, sendo os restantes números indicadores dos restantes edifícios.
Esta cisterna, também chamada “Struthion” ( Foto: Ron Pe)

Localização da Piscina Strution ou Cisterna de Herodes[30]
Localização dos edificios e da Piscina Strution
1.- Templo; 2.- Piscina de Israel;  3.- Fortaleza Antonia;  4.- Piscina de Strution; 5.- Casa do Conselho; 6.- Xisto; 7.- Porta de Damasco; 8.- ¿Gólgota? 9.- Cantera[31]10.- Porta de Gennath[32]; 11.- Palácio dos Asmoneus; 12.- Casa principesca; 13.- Torre Miriam; 14.- Torre Fasael; 15.- Torre Hipicos; 16.- Palácio de Herodes; 17.- Porta dos Essénios; 18.- Vale do Cedrón; 20.- Piscina de Siloé; 21.- Tumba da filha do Faraó; 22.- Piscina de Bethesda.

4- Visitas pessoais

O "Sonhador Beirão" Integrou alguns grupos de peregrinos (que, normalmente, eram acompnhados  pelas Guias fornecidas pelas Irmãs de Sion) às seguintes localidades: Belém, Nazaré, Cafarnaúm, Mar Morto, Masada, Monte Tabor, Jericó, Acco (ou Acre, ou Akko), etc.



Recorda-se bem, por exemplo, de ter incorporado, gratuitamente, um grupo de peregrinos franceses que foram acompanhados pelo Padre Didier com o qual partilhou o mesmo quarto, divertindo-se à grande, pelo que ainda hoje guarda uma boa recordação dele e de todos os participantes nessas visitas.

Père Didier Mouque com o seu livro Allez vers le Saigneur: Manuel spirituel de terre sainte, em Jericó.


A propósito deste livro, publicado em Abril de 1973, sob a “surveillance de la Procure du Clergé”, 3, rue de Mézières, 75006, Paris, tem a acrescentar que, ao servir-se dele para recordar essas visitas, encontrou entre as suas folhas, três preciosidades que, aí, conservou, e que constituem três recordações da flora de três localidades de Israel, ou seja: Jericó, Monte Tabor e Mambré.

4.1- Jericó



Um desses exemplares foram recolhidos precisamente no Oásis de Jericó (em hebraico: יְרִיחוֹ, transliterado por Yəriḥo) que, na altura, sobressaía da aridez circundante. A fotografia que apresenta o Padre Didier com um dos visitantes franceses, participante da comitiva, é um exemplo claro desse verdejante recanto, rodeado pelas montanhas da Judeia, tendo sido sempre considerado como um exemplo da Terra Prometida onde corria o leite e o mel. Foi esta terra que Deus mostrou a Moisés quando este se encontrava à beira da morte (cf. livro do Deuteronómio 34:1 e livro dos Juízes 6:17-19).
Segundo dados arqueológicos modernos, esta cidade, situada a noroeste do Mar Morto[33], é, talvez, a mais antiga até hoje conhecida, pois, ali, foram descobertos pelo menos três assentamentos que, ao que tudo indica, remontam aos tempos pré-históricos, sendo-lhes atribuídos cerca de 11.000 anos.

1ª Recordação: Folha e flores de Jericó
Jericó ficou também célebre no Novo Testamento pelo Milagre que Jesus praticou sobre o Cego de Jericó, concedendo-lhe a visão (cf. Marcos 10:46-52) cujo texto bíblico aqui fica para quem goste de ler:
“Depois, foram para Jericó. E, saindo ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto do caminho, mendigando. Ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar, e a dizer: Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim. E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada vez mais: Filho de David! Tem misericórdia de mim. Jesus, parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, que ele te chama. Ele, deitando fora a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus. Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? O cego disse-lhe: Mestre, que eu veja. Jesus, então. Disse-lhe: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.
Panorâmica de Jericó[34]

4.2- Monte Tabor

Outro local que ficou célebre na Bíblia hebraica (Antigo Testamento) e Cristã (A.T. e Novo Testamento no Novo Testamento), foi o Monte Tabor[35].
Com efeito, na Bíblia Hebraica ficou célebre por ter sido considerado uma importante fronteira tribal e o local para onde Débora, profetisa e juíza, direccionou o exército de Jabin, rei de Canaã que era, então, comandado pelo general Sisara, no intuito de libertar do seu jugo escravizador o povo de Israel. Ao dirigir-se para esse local o exército de Sisara foi interceptado junto a torrente de Cisono pelos homens de Israel que desceram do Monte Tabor e ali lhe infligiram uma tremenda derrota, segundo se descreve no livro dos Juízes (Cap. 4:1- 16). Devido a esta vitória israelita, a própria tradição rabínica considerou esse mesmo monte como sendo o “centro de Mundo”.

Monte Tabor[36]
No Novo Testamento este monte ficou conhecido por ter sido escolhido por Jesus para se transfigurar, mostrando a alguns dos seus discípulos (Pedro, Tiago e João) toda a sua glória e majestade. Nesta transfiguração Jesus fazia-se acompanhar por Moisés e Elias e com eles falava, abertamente sobre o reino de Deus, conforme é narrado no Evangelho de São Marcos (capítulo 9:1-12).

2ª Recordação: Folhas e flores do Monte Tabor

4.3- Mambré,

Mambré, por seu lado, é uma pequena localidade, situada perto da cidade de Hebron, na Cisjordânia. A cerca de dois km, a sudoeste de desta pequena localidade venera-se uma frondosa árvore – um carvalho – cuja sombra serviu a Abraão para levantar a sua tenda de pastor e comerciante, segundo reza a tradição. Embora a actual árvore dificilmente possa remontar ao tempo dessa figura bíblica, ela é tida como tal e é conhecida por Carvalho de Mambré, Carvalho de More, Carvalho de Abraão, ou Carvalho de Sibta. A narração bíblica correspondente encontra-se no capítulo 18;1-16 do livro do Génesis, onde se narra, com naturalidade a vivência de um verdadeiro caravanista do deserto:


«Depois apareceu-lhe o SENHOR nos carvalhais de Manre, estando ele assentado à porta da tenda, no calor do dia.Depois apareceu-lhe o SENHOR nos carvalhais de Manre, estando ele assentado à porta da tenda, no calor do dia.
E levantou os seus olhos, e olhou, e eis três homens em pé junto a ele. E vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro e inclinou-se à terra,
E disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo.
Que se traga já um pouco de água, e lavai os vossos pés, e recostai-vos debaixo desta árvore;
E trarei um bocado de pão, para que esforceis o vosso coração; depois passareis adiante, porquanto por isso chegastes até vosso servo. E disseram: Assim faze como disseste.
E Abraão apressou-se em ir ter com Sara à tenda, e disse-lhe: Amassa depressa três medidas de flor de farinha, e faze bolos.
E correu Abraão às vacas, e tomou uma vitela tenra e boa, e deu-a ao moço, que se apressou em prepará-la.
E tomou manteiga e leite, e a vitela que tinha preparado, e pôs tudo diante deles, e ele estava em pé junto a eles debaixo da árvore; e comeram.
E disseram-lhe: Onde está Sara, tua mulher? E ele disse: Ei-la aí na tenda.
E disse: Certamente tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sara tua mulher terá um filho. E Sara escutava à porta da tenda, que estava atrás dele.
E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o costume das mulheres.
Assim, pois, riu-se Sara consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho?
E disse o SENHOR a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Na verdade darei eu à luz ainda, havendo já envelhecido?
Haveria coisa alguma difícil ao SENHOR? Ao tempo determinado tornarei a ti por este tempo da vida, e Sara terá um filho.
E Sara negou, dizendo: Não me ri; porquanto temeu. E ele disse: Não digas isso, porque te riste.
E levantaram-se aqueles homens dali, e olharam para o lado de Sodoma; e Abraão ia com eles, acompanhando-os».
.
3ª Recordação: Plantas de Mambré
Evidentemente, estas três recordações constituíram e constituem para o nosso "Sonhador Beirão, hoje mais que nunca, uma descoberta muito agradável, pois estes exemplares  conservam-se em perfeito estado, apesar de terem já 40 anos, visto a data em que estre trecho é escrito ser a de 28 de Março 2013 e a visita ter ocorrido, sensivelmente, em Junho de 1973. Terão de guardadas como verdadeiras relíquias e preciosidades, pois nem todos terão oportunidade semelhante!

Massada (em uínas), situada num planalto a 400 metros ao nível do Mar Morto.
Aqui construiu Herodes, o Grande, um palácio

4.4- Nazaré



Também a cidade de Nazaré foi um dos locais visitaados. Esta cidade que em em hebraico se diz: נָצְרַת (Natzerat)), situa-se num vale no sudeste da Galileia, a 157 quilómetros ao norte de Jerusalém e foi nesta cidade que o Anjo Gabriel anunciou a Maria a concepção de Jesus  e onde este passou a sua infância, segundo se lê na Bíblia (cf .Mat. 2:1-23; Lc 4:16 e Jo 1:46), sendo, por isso, conhecido como o Galileu de Nazaré.



A propósito do nome de Jesus Este nome 'Jesus' vem do nome hebraico ישוע (Yeshua) cujo significado é Javé salva e é um nome composto de י a letra inicial do nome divino יהוה (YaHVeH) e שוע ou שׁוּעַ   que significa “grito por ajuda”. 

Relacionado com este nome convém recordar igualmente a senha pela qual se reconheciam os cristãos primitivos, quando eram perseguidos. Utilizavam a senha seguinte:

O termo "peixe" em grego ἰχθύς (ichthýs) é o acrónimo de ησοῦς Χριστός Θεοῦ ιός Σωτήρ (Iēsoùs Christòs Theoù Yiòs Sōtèr), Jesus Cristo Filho de Deus Salvador.


Para comemorar a Anunciação `Virgem Maria,  foi construída, em 1969, uma basílica a que foi dado o nome de “Basílica da Anunciação”, tornando-se, por isso, um dos locais mais visitados pelos cristãs, sobretudo a gruta que se encontra no seu interior e que marca, segundo a tradição, o local ela se encontrava.

Outros locais que se podem visitar em Nazaré são, não apenas a Igreja de São José, construída em 1914, ao norte, e, perto dela, o convento dos franciscanos, mas, sobretudo, a Igreja de São Gabriel que foi construída em 1787[37].  

Vista aérea de Nazaré[38] (google)

4.5- Akko (Aco)

Akko (em hebr. עַכּוֹ ) situa-se no Norte de Israel, no extremo norte da Baía de Haifa.

Fortaleza de Aco[39]
Este promontório tornou-se um lugar estratégico, não só dos Cruzados, mas, já na antiguidade, ele tinha sido cobiçado por vários estrategas militares, tais como: Alexandre Magno, rei da Macedónia (356 a. C. - 323 a. C.); Alexandre Balas (rei selêucida que reinou entre 150 a.C. e 145 a. C e que foi o sucessor de Demétrio I Sóter); Alexandre Janeu (o primeiro Rei da Judeia entre 103 a.C. a 76 a.C., filho de João Hircano); Cléopatra, a última Rainha da Dinastia ptolemaica, filha de Ptolomeu XII com sua irmã); e Tigranes II da Arménia (95 a.C. -55 a. C).

4.6- No Monte das Oliveiras

Este Monte, é uma elevação que, no tempo de Jesus, se encontrava coberto de oliveiras e localiza-se na parte leste da cidade velha de Jerusalém, separando-a do Deserto da Judeia. Em hebraico, diz-se Har Ha-Zeitim (הר הזיתים‎), sendo um nome composto de Har (Monte) Ha (O) Zeitim Aazeitona/Oliveiras) e, em árabe, (الطور) Jabal az-Zaytūn, ou Djebel az-Zeitun

Por ali perto, pode visitar-se, também, o Jardim do Gétsémani que é um lugar onde, em 1954, os Franciscanos construíram a Igreja “Dominus Flevit” (o Senhor chorou) em comemoração da oração de Jesus no “horto das oliveiras”)[40], assim como outras modernas construções cristãs, tais como a Igreja de Todas as Nações e a Igreja Russa Ortodoxa, dedicada a Maria Madalena. Além do conjunto das igrejas adjacentes ao Monte Scopus no lado norte que inclui a Basílica do Sagrado Coração de Jesus, a Basílica Eleona e o Convento do Pater Noster, situa-se em frente à cidade antiga de Jerusalém e à esplanada do Templo, o célebre cemitério onde ainda se espera o Juízo Final[41].

O nome 'Gétsémani'  provém do nome hebreu Gat-Shemanim que significa jardim da  ‘Prensa de azeite', evidentemente, por existirem naquela zona, não apenas muitas oliveiras, mas também lagares onde se esmagava a azeitona para a trasnformar em azeite.

 Mapa apropriado


Oliveira relíquia do Getsémani
 

Ora, foi no cimo do Monte das Oliveiras que, num belo dia foi visto um árabe junto de um camelo todo engalanado de modo a atrair e divertir os visitantes, que por ali passassem. Bastava desembolsar umas moedas e eis que, não sei porque magia, o camelo se ajoelhava para deixar subir o atrevido e desejoso de novidades do forasteiro!

Um Camelo no Monte das Oliveiras[42]

Foi assim que se travou conversa com um casal brasileira, cujo marido trabalhava como adido na embaixada brasileira em Israel. Também eles montaram o camelo, mas não foi coisa fácil, pois o mais difícil foi quando o desajeitado animal se quis levantar! Os solavancos foram de tal ordem que os cameleiros foram lançados para trás e para a frente, escorregando para cima do  cachaço da montada, indo beijar-lhes o cocuruto da cabeça! Escusado será dizer que as gargalhadas foram bem sonoras e nem as lágrimas de alegria foram perdoadas!

Foi uma bela manhã! Pena é não ter memorizado os respectivos nomes desse hilariante casal brasileiro. Ficou, no entanto, uma fotografia em que estamos os três. Através dela, pode dar-se o caso que, um dia,  eles venham a ler esta crónica e procurem o seu autor. Seria uma bela surpresa!

Com o Adido brasileiro na Embaixada
Brasileira em Jerusalém e sua esposa

O autor no Monte das Oliveiras

4.7- Em “Ein Karem “(Notre Dame de Sion) Terra de S. João Baptista



Um outro local digno de a uma visita foi a aldeia de Ein Karem (em hebreaico : עַיִן כרֶם, lit. “fonte da vinha") que, tendo sido a terra natal de São João Baptista, segundo a tradição, ali o Padre Marie-Aphonse Ratisbonne mandou construir um convento que, hoje, é partilhado por três comunidades: as Irmãs, os Irmãos ou Padres e a Comunidade Contemplativa de Notre Dame de Sion. Esta partilha do mesmo espaço teve as suas fases através do tempo.

  1. Em primeiro lugar, a casa principal foi construída para albergar crianças que seriam educadas pelas Irmãs de Notre Dame de Sion; foi completada em 1883, podendo, então, albergar 100 crianças; 
  2. Em 1890 foi-lhe adicionada uma capela que serviria à celebração do culto católico[43].

3. Em Maio de 1955, a escola foi transformada em Casa de Hóspedes, sendo aproveitado o dormitório das crianças para fazer 13 quartos para visitantes do sexo feminino que quisessem permanecer com as Irmãs durante algum tempo de visita.
Casa de hóspedes em Ei-Karem

4. Em 1971 o ramo das Contemplativas de Notre Dame de Sion, chamado “La Solitude”, estabeleceu-se, também, no mesmo espaço de Ein-Karem, tendo por fim dedicar-se ao estudo da Bíblia e à oração.

5. Em 1960, ano do primeiro centenário de Notre Dame de Sin, em Ein-Karem, as irmãs recomendaram que Irmãs de outras Congregações poderiam ir a Israel e estudar a sua história, podendo permanecer no convento de Notre Dame de Sion, chegando as primeiras em 1961.

6. Entre 2001 e 2010 foi fazer parte dessa de Notre Dame, uma outra comunidade de cariz jesuíta, chamada « Communauté du Chemin Neuf » cuja vocação ecuménica é influenciada pela espiritualidade de Santo Inácio de Loiola e pela Renovação carismática, estendendo-se quer a casais, famílias e celibatários consagrados quer a cristãos de diferentes denominações cristãs.

7. Entretanto, em 2009, os Irmãos de Notre Dame de Sion foram engrossar o número do grupo de Notre Dame de Sion em Ein-Karem. 
Da minha passagem por esse local, de boa memória, fiquei com esta fotografia que, nem por isso, é muito boa.

4.8- No Deserto do Sinai



Também o Deserto do Sinai fez parte das visitas, para o que foi aproveitada a incorporação num grupo organizado de 15 participantes com guias apropriados, entre os quais havia um mecânico e uma ou duas militares (femininas) que animavam a malta durante os serões ao ar livre.
Deste grupo fizeram parte o Doutor Joaquim Carreira das Neves (hoje professor jubilado da Universidade Católica de Lisboa, o Doutor José Ramos actualmente professor da Universidade Nova de Lisboa e um Estudante italiano cujo nome e paradeiro, infelizmente, é hoje desconhecido. Mas era muito divertido. Com estes dois últimos se fez igualmente uma viagem a Atenas viajámos, mais tarde, para Atenas, de caminho para Roma.  
Num pequeno Oásis do Deserto do Sinai com Beduínos
Nesta foto vê-se mas muito mal o Doutor José Ramos que também fazia parte do grupo.
Visitámos, não só a cordilheira sinaítica, magestosa na sua corpolenta ossatura granítica, de cujo topo se desfruta um belíssimo nascer-do-sol, mas também vários oásis (onde as nascentes que aí se encontravam nos faziam compreender as passagens bíblicas referentes ao almejar das águas vivas).


De grande atracção foi o célebre Mosteiro de Santa Catarina, que é considerado o mais antigo do mundo, sendo construído, com a inclusão de uma igreja dedicada à Virgem Maria, no ano de 342 d. C, depois que a imperatriz Helena, mãe do Imperador Constantino, permitiu a um grupo de monges de o erigir.

No século VI o Imperador bizantino Justiniano mandou construir uma outra igreja a que foi dado o nome de Igreja da Transfiguração, devido a um monge ter afirmado ter sido favorecido com uma visão. Mas, como esta visão foi considerada pura ilusão, ambas as igrejas passaram a ter o nome de Santa Catarina.
Este convento, de forma rectangular, apresenta uma estrutura semelhante à de um castelo e foi ali construído, a cerca de 1570 metros a acima do nível do mar devido a ter sido por ali perto que, segundo a tradição, Moisés viu a Sarça-ardente e onde recebeu de Deus o Decálogo (Livro do Êxodo, capítulo XX, 1-17). As muralhas com os seus contrafortes são de granito e guarnecidas de torres em cada canto, atingindo 12 a 15 metros de altura, 118 m de comprimento e 77 m de largura[44].
Mosteiro de Santa Catarina, construído num local rochoso[45]


A Igreja principal (construída em 342) e a Igreja de Alika, possuem uma série de capelas e uma mesquita islâmica pertencente ao século X ou XI, assim como uma biblioteca que é considerada a maior (depois da do Vaticano), sendo nela que se conservam exemplares raríssimos, tais como uma cópia do célebre Códice Sinaítico [01 = (Álefe)], da primeira metade do século IV.


Este Códice, depois de ter sido descoberto na biblioteca deste mosteiro, em 1859 por Constantino Tischendorf num cesto que continha pedaços de vários manuscritos, foi oferecido ao Czar Russo, Alexandre II. Mas, em 1933 o Museu Britânico adquiriu-o incluindo-o no espólio desse mesmo Museu, conservando-o até hoje, ficando na Biblioteca do Mosteiro de Santa Catarina apenas uma cópia. Contém o Antigo e o Novo Testamentos, além da Carta de Barnabé e parte do Pastor de Termas.
Na cópia que três mãos diferentes fizeram do manuscrito foram introduzidas várias correcções, sendo estas aumentadas até ao século XII. Por isso não é de admirar que a final do Evangelho de São Marcos siga logo após o capítulo XVI, 8 e seja omitido o episódio da mulher adúltera (cf. João, VI, 52-VIII, 11).


Possui, igualmente, duas belíssimas colecções: uma de Iluminuras e outra de Ícones, talvez as maiores, depois das da Biblioteca do Vaticano.

Porta da Confissão no caminho em degraus rústicos do Gebal Musa (Sinai)


Pernoitou-se no Wadi Al Raha, cuja significação é a de “Vale do Repouso”. Durante a noite alguns do grupo,  divertiram-se, fazendo ecoar os seus assobios pelas encostas dos montes, num desafio desatinado. Pudera! Cada um tinha escolhido o local que mais lhe agradava e daí cruzavam-se os ecos que batiam e retrocediam das quebradas da grande montanha.

O colega italiano, enrolando o Saco-cama no Wadi Al Raha  
Prof. Carreiras das Neves no Sinai em 1973

5- Num estagio de estudos  

Além de muito ter calcorreado as ruas de Jerusalém, o "Sonhador" visitou, além das localidades já referidas, Eilat, Haifa e Herodium, Belém, Magdala, Mar Morto, Qumran, Cafarnaúm e as cercanias do Lago de Genezaré.


Em Jerusalém aproveitou, também, o tempo para contactar com os professores e alguns estudantes dos Instituto Franciscano (onde conheceu os Padres De la Paz e Carreira das Neves) e a École Biblique dos Dominicanos (onde conheceu o Padre Francolino Gonçalves), como já foi referido anteriormente.


Teve pena não poder ter conhecido o grande historiador, arqueólogo e biblista francês Padre Roland de Vaux que foi director desta segunda Escola ou Instituto Bíblico entre os anos 1945-1965. Nessa altura ele já tinha falecido, o que ocorreu em 1971, depois de 68.anos (nasceu em 1903) de intenso labor, muitos dos quais dedicado aos estudo da Bíblia, tendo participado nas escavações de Tell al-Faran (1946-1960), de Qirbet Qumran (1949-1958) e de Jerusalém (1961-1963).


Frequentou, igualmente um curso de hebraico moderno num Ulpan, integrado num grupo de estudantes vindos, tanto da Europa, como da América do Norte e do Sul, sendo todos eles e elas de sangue hebreu.
Um Ulpan (אולפן) ou no plural ulpanim ( אולפנים) eram, pelo menos naquele tempo, Escolas ou Institutos que se dedicavam ao ensino Língua Hebraica moderna, falada e escrita, dirigido especialmente a imigrantes judeus que regressavam a Israel e, ali, se queriam estabelecer.
Grupo de língua hebraica com a sua professora (Jerusalém, 1973)

Assinaturas dos alunos e da sua Professora em Jerusalém

Referências

[1] Em 1978, foi publicado a primeira edição do livro intitulado “Mao Tsetung Poèmes”, traduzido em francês pelo Professor da Universidade de Nankin, Ho Ju, e que constitui uma recolha do poemas de Mão que vão desde 1925 até 1965. Este último poema intitula-se “Dialogue d’oiseaux – surr l’air de Nien mou Kiao”. Este poema que termina com estes três versos: S’ajutera du boeuf à point”. Assez, tout ça n’est que lâcher du vent. Vois donc, le monde est en bouleversement » coloca o conjunto não deste poema, mas de todos os que o antecedem, num clima revolucionário. E o “boeuf à point” é uma clara alusão ao “comunismo do goulash” (ou seja à abundância de carne de vaca por vezes acrescida de carne de porco cortada aos cubos, farinha, cebola, etc, e que originariamente era um prato húngaro) do qual falava Khrouchtchev (cf. pg. 67). Tanto este livro, como o Livro Vermelho são duas colectâneas de poemas e citações respectivamente e foram reunidos como uma forma de culto a mão.

[2] Mao Tsé-Tung nasceu a 26 de Dezembro de 1893 e faleceu a 9 de Setembro de 1976. Ficou na História como teórico marxista, político, revolucionário, poeta, soldado Presidente da China Comunista de .1949 até  à sua morte em 1976.







[9] The Bible in History edited by Foseph Rhymer; Volume 4 David and  the Foundation of Jerusalem



[12] Carta’s Historical atlas of Jerusalem – A Brief Illustrated Survey, 1973. Carta-Beit Hadar, Jerusalem, Israel, by Dan Bahat, p. 7

[13] http://pt.wikipedia.org/wiki/Neemias

[14] Cf. Livro das Crónicos sob o título Templo de Salomão que o começou a construir no seu terceiro ano de reinado, e foi terminado sete anos depois.

[15] Cf. (1 Cr 3.19; Ed 2,3,4,5; Ne 7.7; 12.1,47; Ag 1 e 2; Zc 4.6 a 10).

[16]Zorobabel parece que também é chamado Bazzar-Shesh em Ezr 1:8; 5:14, 16, pois nesta passagem bíblica o mesmo trabalho é atribuído a Bazzar-Shesh, quando em Ezr 03:08 é atribuído a Zorobabel. Talvez isto tenha acontecido, porque o nome Shesh Bazzar seja provavelmente o seu nome caldeu, como Beltessazar era o de Daniel. Diz-se no texto que é filho de Sealtiel ou Salatiel. No entanto ems 1Ch 03:17, 19 diz-se que o seu pai foi Pedaías. ´Tudo isto é possível, pois poderia ter sido adoptado pelo seu tio Salatiel, após a morte do seu verdadeiro pai (compare Mt 1:12; Lu 3:27). O seu nome significa “nascido em Babel”, isto é, em Babilónia.


[18] Idem, p. 14



[21] Praetorium era, nos inícios, a designação dada ao local (tenda ou residência) do comandante das fortificações da Antiga Roma, sendo também chamado castra ou castellum. Mais tarde, passou a designar a residência do Procurador ou Governador de uma Província Romana.

[22] Idem (Carta’s), p. 18


[24] A mesquita Al-Aqsa é a segunda mais antiga dos muçulmanos, vinda logo a seguir à de Ka'ba em Meca e constitui a terceira na importância sagrada for a da Arábia, ou seja depois da mesquita Ka’aba em Meca e da mesquita de Quba, a 5 km a sudoeste, na Arábia Saudita e que foi a primeira mesquita a ser construída por Mamé e seus companheiros depois que abandonaram Meca em 622, ficando, esta fuga, a ser conhecida por primeiro ano da Hegirae.

[25] Carta’s, p. 37

[26] Idem, p 43

[27] Foto: Ron Peled




[31] A Cantera (palavra castelhana que significa pedreira) de Salomão é uma série de túneis subterrâneos de onde se extraiu a pedra necessária para a construção do Templo. Hoje encontra-se situada no Bairro Muçulmano.

[32] Era nesta porta que começava o segundo muro, ficando a fazer parte deste mesmo, mas cercava somente o bairro norte e subia até à Torre Antónia. Era sob esta (porta Gennath) que se encontrava a grande Piscina Strution.

[33] http://www.jesusvoltara.com.br/dicionariobiblico/jerico.htm e também: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jeric%C3%B3


[35] Trata-se de uma Colina da Galileia, situado na secção leste do vale de Jizreel, distando 17 km a oeste do Mar da Galileia e elevando-se a 575 metros do nível desse mesmo mar.


[37]http://viajeaqui.abril.com.br/cidades/israel-nazare


[39] http://www.google.com/imgres?imgurl=http://www.travel-images.com/pht/israel301.jpg&imgrefurl=http://www.travel-images.com/photo-israel301.html&h=529&w=700&sz=164&tbnid=YEU9zrenzDAnHM:&tbnh=91&tbnw=120&zoom=1&usg=__7JArbtSCxcI9IG683zolOpB0rn8=&docid=-YbV3AOTiAWmzM&hl=pt-BR&sa=X&ei=mZiOUJG-KNKLhQeviIDQBg&ved=0CDkQ9QEwBg&dur=571

[40] Foi mencionado no N.T. mencionado em Mateus 21:1, Marcos 11:1 e Lucas 19:28, quando da entrada triunfal de Jesus. De seus altos, o Filho do Homem lamentou a rebeldia de Jerusalém (Lucas 19:29-44) e falou sobre a ruína do Templo (Mt 24:1-3, Marcos 13.1-4 e Lucas 21:5-7, 22, 39-46).






[45] http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Santa_Catarina_Sinai_2003.JPG.

6- Bibliografia

Josephus, Flavius (1957 Ed.), The Life and Works of Flavius Josephus, William Whitson, Translator (Philadelphia: John C. Winston Co.).
Josephus, Flavius; William Whiston, A.M., translator (1895). "The Works of Flavius Josephus – The Wars of the Jews". New York: Auburn and Buffalo. Retrieved December 4, 2010.
Mao Tsetung (1978). Poèmes. Tradução francesa de Ho Ju. Première edition. Imprimé en République Populaire de Chine. Éditions en Langues étrangères. Pekin.
Pritchard, James B. (1973), The Ancient Near East. An Anthology of Texts and Pictures (Princeton, NJ: Princeton University Press), Vol. I.
Pritchard, James B. The Ancient Near East. An Anthology of Texts and Pictures, (Princeton, NJ: Princeton University Press), Vol. II.
Rawlinson, George (1873), Historical Illustrations of the Old Testament (Boston: Henry A. Young & Co.).
Rawlinson, George (1950 Ed.). The Pulpit Commentary (Grand Rapids: Eerdmans), Vol. VII.
Xenophon (1893 Ed.), Cyropaedia, J.S. Watson and Henry Dale, Translators (London: George Bell & Sons).

0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home